sexta-feira, 7 de abril de 2023

La Vera Forza della Vera Vita: uma oração de Páscoa

<<Todos os homens são fracos,
Mas não tenhas a ninguém por mais fraco
Além de ti mesmo>>.

Assim disse outrora um monge sábio,
Cujas palavras devem ser relembradas,
Porquanto a vileza entre nós é exaltada
E, por isso, os soberbos caminham livremente.

Sobre isso falaram os antigos profetas
Em face da impiedade dominante,
Pela qual muitos armavam ciladas
A fim de derramar sangue inocente. 

"Quem é senhor sobre nós?" - eles dizem,
"Será que Deus nos vê?" - assim inquirem.
Em sua prosperidade julgam-se seguros
E, erguendo contra os céus os punhos,
Blasfemam de Ti, que lhes dás o fôlego.
Levanta-Te, Senhor, e estende o Teu braço,
Para que os aflitos sejam confortados
E, assim, os "fortes" sejam humilhados. 


<<Deus falou isso uma vez, duas vezes ouvi: 
'Todo o poder pertence a Mim'.>>

De todas as verdades que repudiamos,
Esta seja, talvez, a mais odiada,
Uma vez que, desde o primeiro pecado,
Tal é a autonomia que temos desejado.
Embora feitos à semelhança do Criador,
Demos ouvidos às "lisonjas da serpente"
E, num ato de rebelião insolente,
Cobiçamos o que não nos era permitido

Procurando mais glória, recebemos vergonha
Ao buscarmos mais força, restou-nos a fraqueza -
Miseráveis, pois, juntamente nos tornamos,
E para longe de Ti nos afastamos,
Perdendo de vista toda verdade e beleza.

Essa tem sido a nossa história:  
Buscar a plenitude sem descanso nem sucesso,
Visto que a procuramos em nós mesmos
Ao invés de olharmos para o alto.

Desde a torre que alcançaria os céus
Cujo intento foi, de repente, interrompido,
Aos notáveis impérios do mundo antigo
Dos quais restam tão-somente ruínas
- Ou, quando muito, grandes edifícios -,
Temos anelado para nós um nome
A fim de nunca sermos esquecidos.
Contudo, és Tu que dizes quem somos
E, assim, nos revelas nossa insuficiência,
Para que só de Ti supliquemos graça
Pela qual nos concedes tudo o que nos falta.


<<...Pois quando sou fraco,
Então é que sou forte...>>

Essa foi a confissão de um homem
Que, ao receber conhecimento sobrenatural,
Foi afligido por um "mensageiro do mal",
Para que, então, não se envaidecesse.

Tendo seu insistente pedido recusado,
Ouviu a voz que o deixou alarmado:
"A minha graça é a tua suficiência,
E meu poder se aperfeiçoa na impotência"
Eis que dizes o mesmo também a nós,
Ainda tão propensos à altivez e à vaidade,
Para que nos gloriemos em nossa debilidade
E, assim, sejamos fortes em Tua força. 


<<...Senhor, exalta-Te na Tua força,
e então cantaremos e louvaremos o Teu poder...>>

Este tem sido o clamor 
De Teus filhos desde dias passados,
O qual começaste a responder
Por meio de muitos atos poderosos
Que a história tem testemunhado.

Nenhum destes, porém, foi mais glorioso
Do que a vinda do Deus encarnado,
Pela qual a justiça e a paz se beijaram
E a bondade e a verdade se encontraram.
Seja o ósculo, seja a união,
Pelos quais se deu tal reconciliação
Deram-se num único e mesmo lugar
- Um madeiro suspenso, divino altar -,
Cujo sacrifício o próprio Deus ofertou
Para que houvesse real propiciação.

É certo que muitos de Teus servos, ó Deus,
Da sua fraqueza tiraram forças,
E, assim, fecharam a boca de leões
E derrotaram inimigos em batalha.
Outros, porém, não foram livrados das perdas,
Da perseguição e até da própria morte 
E, apesar disso, não negaram Tua Palavra. 
Maior heroísmo, contudo, se vê Naquele
Que abateu potestades "sem espada ou canhão",
Vencendo 'mais inimigos' em Sua morte
Do que durante Sua vida de submissão. 

Eis <<a verdadeira Força da verdadeira Vida>>,
Cuja vontade soberana  « fino la morte sfida »,
De modo que, numa manhã de domingo,
Veio a levantar-se para nunca mais morrer
Essa é a "Força santamente obstinada",
Rendida apenas à missão que lhe foi dada:
Vir ao mundo para salvar os pecadores,
Quando estes nada podiam fazer.
Contemplemos a nossa única “via d’uscita!”

Faz-nos ouvir, pois, o sussurro suave
Da Tua voz que nos tira da caverna,
E conduz-nos pelos caminhos que traçaste
Para que os sigamos com perseverança.
Nesse mundo todos somos peregrinos,
Não possuindo pátria certa aqui
Mas, com os olhos voltados para Ti,
Buscamos aquela que há de vir.

Que caminhemos, firmes, até aquele Dia,
Quando finalmente estaremos "em casa",
De modo que veremos "quanta vida ainda temos",
Na qual tudo será eterna bem-aventurança.




Soli Deo Gloria!

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