Já se passaram quase dois meses mas, finalmente, pude voltar aqui.
De fato, a razão principal pela qual não escrevi nesse intervalo foi a falta de inspiração mais do que, talvez, a ausência de tempo - embora a rotina tem sido atarefada, como de costume. Dessa forma, sem mais atrasos, vamos ao que interessa [ou pelo menos deve ser interessante].
O título desse texto faz referência a uma frase que vi recentemente numa camisa, a qual traduzida significa "o errado é o novo certo". No entanto, decidi fazer uma pequena provocação ao converter aquela afirmação numa pergunta, sobre a qual pretendo expor breves reflexões e fazer algumas denúncias, nas quais espero ser particularmente feliz e oportuno. Que a "Forza della vita" esteja comigo!
Em primeiro lugar, deve-se reconhecer que a frase "...wrong is the new right..." em si já é uma espécie de provocação - ou, pelo menos, parece ser uma expressão dessa intenção -, visto que, partindo-se do pressuposto de que reside na consciência de cada pessoa a noção ou senso de "certo e errado" [incluindo quem concorda com a frase mencionada], pode-se supor que alguém que usa uma camisa com tais dizeres deve ter o objetivo de mostrar que "não se importa com padrões pré-estabelecidos" ou, de outra maneira, que busca viver de um modo "revolucionário", pelo qual se possa "subverter esses padrões" para atingir um novo estágio - um tipo de "admirável mundo novo" [como diria Aldous Huxley], ou, nas palavras de ordem tão típicas de nossa sociedade "monótona" [i.e., onde todos cantam a mesma letra no mesmo tom], um "mundo de todxs e para todxs, onde todxs serão livres para ser o que quiserem ser", como diz o "Boticário", ou remontando ao exemplo do pokémon Eevee, que poderia evoluir para três formas distintas a depender da situação.
Portanto, será que podemos dizer com propriedade que estamos num processo de "progresso social crescente", pelo qual tudo o que houve no passado se tornou obsoleto? Ou, fazendo jus ao tema, podemos afirmar que "...o errado é o novo certo..."?
A esse respeito, vale salientar que o pensamento de que "...o errado é o novo certo..." nada mais é do que um "novo padrão" que é estabelecido para substituir um anterior, de maneira que, na prática, ninguém vive à parte de padrões ou fundamentos de conduta, sejam eles quais forem, como se uma "neutralidade absoluta" [à qual se confere uma aura de "virtude inata"] fosse factualmente possível.
Em outras palavras, a mentalidade segundo a qual "os padrões existentes devem ser desconstruídos para que haja liberdade total para todos num mundo sem padrões quaisquer" - o que pode ser associado ao conceito de "inversão revolucionária", aplicado atualmente de maneira tóxica e em escala global pelos proponentes do Marxismo Cultural [bem como pelos que nem tem idéia do que isso significa; i.e., a grande maioria] - se tornou o "novo senso comum" ou o "novo óbvio racional", de tal sorte que qualquer refutação contrária [não importa se falsa ou coerente] a essa nova "verdade absoluta" [ainda que "tudo seja relativo"] é automaticamente seguida dos carinhosos adjetivos de "fascista, racista, machista, homofóbico, xenófobo, islamofóbico, gordofóbico, epistemicida etc." e tantos quantos a novilíngua reinante vier a criar.
Ou seja, no fim das contas, a busca pela "liberdade total para todos, sem exceção e a todo custo" sempre vai resultar na intolerância dissimulada, no controle da linguagem e do pensamento, na formatação hegemônica da sociedade e no totalitarismo "em nome da democracia e do respeito às diferenças" - contanto que os diferentes sejam "iguais a eles". Nesse ínterim, são pertinentes as palavras do compositor brasileiro Renato Russo, que certa vez disse que "...nos querem todos iguais, assim é bem mais fácil nos controlar...", para "...mentir, mentir, mentir, e matar, matar, matar...". Ora, o legado do comunismo no século XX bem como os efeitos do "politicamente correto" nos tempos atuais são a prova incontestável disso.
Por tudo isso, "algo de errado não está certo". Mas "o quê", exatamente?
Nesse contexto, a primeira coisa a se considerar é: se é impossível, em termos práticos, viver como se não existissem absolutos ou padrões que regem o pensamento, a vontade, os anseios e a conduta humanos, quais padrões deveriam ser adotados e levados em conta? Como saber que determinados padrões são legítimos em si mesmos e que outros padrões devem ser rejeitados?
A única resposta aceitável para essas perguntas deve partir, obrigatoriamente, do reconhecimento de que deve existir algum referencial absoluto e auto-justificável, o qual não depende de nada externo a si para subsistir nem de qualquer aprovação externa para ser convalidado - ou seja, esse referencial deve ser perfeito em si mesmo, auto-existente, não influenciado por fatores exteriores, imutável e permanente. Se pensarmos corretamente, chegaremos à conclusão de que a descrição deste "referencial" é bastante próxima de uma idéia básica de Deus, porém não de uma divindade qualquer, mas do Deus único revelado na Bíblia, como está escrito:
Ouve, ó Israel: o Senhor é o nosso Deus, o Senhor é único. [Deuteronômio 6:4]
Eis que Deus é excelso em Seu poder; quem é ensinador como Ele?
Quem Lhe prescreveu o Seu caminho? Ou quem poderá dizer-Lhe: "Tu praticaste a injustiça?" [...]
Eis que Deus é grande, e nós não O compreendemos, e o número de Seus anos não se pode esquadrinhar. [Jó 36, vs. 22-23 e 26]
O Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe, sendo o Senhor dos céus e da terra, não habita em templos feitos por mãos de homens,
E nem é servido por mãos humanas, como se necessitasse de alguma coisa, pois Ele mesmo é quem dá a todos a vida, a respiração e todas as coisas. [Atos 17:24-25]
No princípio, Senhor, Tu firmaste os fundamentos da terra, e os céus são obras das Tuas mãos.
Eles perecerão, mas Tu permanecerás; envelhecerão como vestimentas.
Tu os enrolarás como um manto, como roupas eles serão trocados. Mas Tu permaneces o mesmo, e os Teus dias jamais terão fim. [Hebreus 1:10-12]
Dessa forma, com base na realidade da existência de Deus - ou, melhor dizendo, sabendo-se que Deus é real e o sustentador da realidade -, devemos refletir sobre o que a existência de Deus [neste caso, de um único Deus verdadeiro, conforme a Bíblia] implica no tocante a quais padrões são válidos e quais devem ser combatidos ou descartados. Ora, talvez você possa dizer: "...tudo bem, eu posso até considerar a existência de Deus, mas isso não quer dizer inevitavelmente que existam padrões ou algo como "o certo versus o errado"... Será?
A partir dos textos bíblicos supracitados, podemos perceber que Deus se revela como o Senhor e como Deus único [i.e., qualquer religião, ideologia ou filosofia de vida que não promova a adoração total e exclusiva a Ele é falsa]. Além disso, Ele é revelado como Deus "todo-poderoso", cuja sabedoria é sobremodo excelente e cujo conhecimento é insondável para a mente humana, de modo que não foi necessário que ninguém O ensinasse sobre coisa alguma nem se deve ousar atribuir qualquer injustiça a Ele, visto que "Deus é Luz e nEle não há treva alguma". Finalmente, os outros dois trechos afirmam que Deus não precisa da ajuda do homem para coisa alguma, visto que Ele mesmo é quem dá a todos a vida e as demais coisas - isto é, a criação como um todo "...vive, se move e existe nEle..." - bem como que mesmo as coisas criadas não durarão para sempre, pois somente Deus é eterno e imutável. Em suma, a única possibilidade que qualquer leitor desse texto possui para ignorar o que foi dito é que a Bíblia seja uma grande farsa - nesse caso, ou os cristãos [e, de certo modo, também os judeus] estão enganando e sendo enganados há séculos, ou todos os demais estão se enganando. Certamente, cada um de nós está em um desses dois grupos.
Isto posto, considerando-se que a Bíblia seja verdadeira [conforme está escrito nela mesma, onde se lê que "...a Tua Palavra é a verdade..." - João 17:17], não somente os versículos mencionados devem ser levados a sério, mas a Bíblia como um todo, pois também está escrito que "...toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça..." [2 Timóteo 3, vs. 16], de cujas palavras pode-se concluir que Deus é um Deus de padrões, valores e preceitos, os quais Ele fez questão de que fossem registrados numa linguagem acessível às Suas criaturas racionais para que estas os praticassem - não apenas exteriormente, mas com um coração puro, pois "...o homem vê o que está diante dos olhos, porém o Senhor atenta para o coração..." [1 Samuel 16:7b].
Resumidamente, se a Palavra de Deus é a verdade e, como resultado, tudo o que ela revela a respeito dEle é verdadeiro, quaisquer padrões que não sejam conformados ao que essa Palavra prescreve [seja sobre Deus, sobre o homem, sobre a criação, sobre a realidade, sobre a salvação ou sobre a eternidade etc.] devem ser combatidos e descartados. Ora, G. K. Chesterton já dizia que "...o homem foi feito para duvidar de si mesmo, e não para duvidar da verdade", e o professor Olavo de Carvalho também afirma que "...apenas os idiotas procuram ter 'idéias próprias'; os sábios querem ter as idéias verdadeiras...".
Finalmente, se não é suficiente a nenhum homem apenas se acomodar aos "padrões divinos" no aspecto exterior, mas, ao contrário, todo homem deve abraçar a verdade divina "com todo o coração, alma, entendimento e forças", como é possível a nós, seres humanos - sempre propensos ao mal, egoístas por natureza, insatisfeitos e contumazes, cheios de maquinações perversas, especialistas nas artes da mentira, da dissimulação e do abuso, sedentos de sangue inocente e, mesmo quando são "boas pessoas", ainda assim estão voltados para si mesmos [ou, nas palavras de Agostinho, "incurvatus in se"] - possuir aquele coração puro que pode achar graça diante de Deus? Quer a resposta? Para nós não é possível, "...mas não para Deus; para Deus todas as coisas são possíveis" [Mateus 19, vs. 26].
Salomão, um dos homens mais sábios da história, disse inspirado por Deus que "...quem poderá dizer: purifiquei o coração; estou livre de meu pecado?", denotando que ninguém tem qualquer condição ou habilitação para purificar o próprio coração nem tirar os próprios pecados, o que implica a necessidade urgente e completa de um Redentor, de Alguém que tenha esse poder de purificar corações e de redimir pecados. Em contrapartida, para nossa esperança, está também escrito que "...o sangue de Jesus Cristo nos purifica de todo pecado..." [1 João 1, vs. 7b] bem como que "...Ele se manifestou para tirar os nossos pecados, e nEle não há pecado" [1 João 3, vs. 5]. Isto é, não há esperança alguma para o homem pecador, seja de purificação ou de perdão, fora de Jesus Cristo, tanto antes de se crer nEle como Filho de Deus e Salvador dos homens, quanto depois de se crer, pois somente Cristo "...pode salvar perfeitamente os que por meio dEle se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles..." [Hebreus 7:25], pelo que pode-se concluir que, enquanto estivermos nessa condição humana e sujeita ao efeitos do mal e do pecado, jamais poderemos confiar em nós mesmos para sermos aceitos como justos perante Deus, a não ser que nossa fé e confiança esteja exclusiva e totalmente depositada em Jesus Cristo, que "...veio buscar e salvar o que se havia perdido" [Lucas 19, vs. 10].
Dessa maneira, até quando continuaremos a ser ludibriados com idéias inócuas [ou mesmo cretinas] como a de que "...o errado é o novo certo...", quando se sabe dentro da consciência de que existe "verdade e mentira"?
Além disso, sabendo que a verdade não está "dispersa pelo ar" mas sim precisamente localizada, porque não dar a atenção devida a essa "verdade revelada"?
Sabendo que essa verdade revelada está num livro, e que nesse livro se lê que a verdade também é uma pessoa [i.e., Jesus Cristo], olharemos para Ele para sermos salvos de nossa condição ou continuaremos desprezando Aquele que Deus enviou ao mundo para salvar os pecadores?
Finalmente, para aqueles que já abraçaram o Evangelho, até quando nos permitiremos ser seduzidos por pensamentos de que temos alguma parte na aceitação e justificação diante de Deus, enquanto as Escrituras dizem que tudo isso vem da Graça e é recebido pela fé nos méritos de Cristo?
Pela certeza de ser firmado no caminho certo,
Soli Deo Gloria!
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