Nesses últimos dias, depois de ter voltado de mais uma viagem para fora do país (como relatei no texto anterior), muitas coisas têm permeado a minha mente mas, até este exato momento, não havia tido uma idéia sobre a qual falar aqui - mas essa idéia chegou. Sem mais delongas, vamos ao que interessa.
O tema desse texto surgiu muito de repente, enquanto estava em casa arrumando a cozinha - isso mesmo, a "inspiração" veio nessas circunstâncias - e está baseada em alguns bordões marcantes da história dos desenhos animados e também do cinema. Espero ter sorte daqui pra frente, já que não sou colunista e nem crítico de arte - de fato, essa não é a minha intenção.
Primeiramente, acho que a maioria dos leitores irá se lembrar da célebre frase do He-Man, que sempre quando iria fazer algum ato heróico, dizia: "eu tenho a força"!
Eu tenho a força.
Pensando nessa frase, deve-se notar que ela traduz bem o sentimento geral de todo ser humano acerca de si mesmo, sentimento que tem sido cultivado e alimentado em nossa geração mais do que em qualquer outra - ora, nós não somos parte da "geração auto-estima", da "geração da auto-realização", da "geração empoderada" ou dos "iluminados" que estão construindo o "admirável mundo novo"? Para se certificar disso, basta irmos às livrarias e o que veremos na maioria das prateleiras serão livros para "despertar o poder que existe dentro de você", bem como adentrarmos nas universidades e, assim, ouviremos somente os discursos acalorados dos "defensores dos oprimidos" que estão lutando pelo "poder popular" [seja ele vinculado a etnia, a gênero, a orientação sexual etc.] e, finalmente, até mesmo em muitas comunidades religiosas [inclusive "cristãs"], o que se vê são "reuniões" onde os "gritos de guerra" são "você pode", "você tem", "você é" ou, conforme aquela propaganda do inseticida Baygon - "o poder é seu".
Então... deixa eu frustar logo as suas expectativas.
Na verdade, a sua auto-estima não interessa tanto o quanto você pensa, a sua realização pessoal não é a razão de ser do universo, não há nada de tão especial ou virtuoso dentro de você, a dialética de "opressores x oprimidos" não passa de uma jogada política criminosa e, obviamente, o poder não é seu [nem é meu!] e nem de "nenhum de nós". Em outras palavras, WE CAN NOT DO IT.
Mas como assim? - você pode estar me questionando ao ler esse texto. "Deixe de ser machista, patriarcal e opressor, seu fascista!" - essa talvez seja a sua reação imediata. Ora, partindo-se do pressuposto de que devemos antes ser lembrados das coisas que já ouvimos em vez de aprendermos outras coisas, é pertinente reiterar que este blog é totalmente descompromissado com a bajulação do ego de quem lê [visto que eu mesmo escrevo sempre em tom de auto-confrontação] e, portanto, o que está em jogo aqui não é se o post irá agradar você ou não, mas se o texto levará os leitores a darem importância ao que realmente importa ou, melhor dizendo, a Quem realmente importa.
Porém, a pergunta não quer calar: "quem tem a força"? A resposta é simples, e já foi dada há alguns séculos, como mostrado abaixo:
Uma vez Deus falou, e duas vezes ouvi isto: que o poder pertence a Deus. [Salmo 62, vs. 11]
O texto bíblico é muito claro - o poder pertence a Deus e ponto final ou, em outros termos, "Deus tem a força" e não o He-Man. No entanto, não é somente isto que a passagem bíblica aponta, pois está escrito que é Deus quem diz que "o poder" pertence a Si mesmo. Dessa maneira, o poder de Deus não se torna uma realidade somente quando eu reconheço o Seu poder, mas sim que Ele tem o poder sobre tudo e sobre todos independentemente de eu dar ouvidos a isso ou não. Isto é, se alguém que está lendo esse post porventura não acredita em Deus, Ele não passa a ser "menos Deus" ou se torna uma falácia somente por causa dessa atitude de incredulidade, nem tampouco se torna "mais Deus" ou passa a ser uma realidade porque eu afirmo crer Nele - Deus é Deus e o Seu poder é estabelecido por Ele mesmo. Entretanto, há um aspecto crucial no mesmo trecho do salmo: o escritor dá testemunho de que "ouviu Deus dizer" que o poder pertence a Deus, indicando que é necessário que Ele comunique ou revele essa verdade às Suas criaturas para que elas O conheçam e reconheçam o Seu poder, o que remonta às palavras de Cristo, que disse "...ninguém conhece (plenamente) o Pai senão o Filho, e aquele a quem o Filho O quiser revelar..." [Mateus 11, vs. 27b] e do evangelista João: "...Deus nunca foi visto por alguém; o Filho unigênito, que está junto ao Pai, este o revelou..." [João 1, vs. 18].
Por outro lado, esse texto também teve por inspiração o inesquecível bordão do Mestre Yoda, o supremo Jedi da saga Star Wars, que sempre costuma dizer: "que a Força esteja com você".
Na famosa série de filmes do George Lucas (Star Wars), quando se fala da "Força", existe o "lado bom da Força" - representado pelo Yoda - bem como o "lado negro da Força", representado pelo Lord Darth Vader, o grande vilão da história. Sob certa licença poética, acredito que a vida real tem uma relação com esse conflito retratado nesses filmes, pois, como é possível perceber pela experiência humana bem como a partir de uma avaliação sincera de quem somos e do que fazemos, que nós estamos do "lado negro da Força" - o que, no final das contas, eu posso associar ao que a Bíblia chama de "pecado", que é a transgressão da Lei de Deus, cuja atitude em sua essência consiste em não glorificar a Deus como Ele merece ser glorificado, substituindo a Deus por qualquer outra coisa, inclusive [ou especialmente] nós mesmos.
Nesse sentido, pecado não é apenas "fazer coisas erradas ou inconvenientes" ou mesmo "cometer atos imorais, hedonistas ou coisas do tipo" - pecado é não glorificar a Deus ainda que façamos coisas lícitas, louváveis, altruístas e mesmo "aparentemente santas", de modo que, por exemplo, se minha suposta "espiritualidade" e "fuga da aparência do mal" é baseada num exibicionismo ou auto-justificação [como se o favor divino pudesse ser comprado por qualquer coisa que pudéssemos dar a Deus ou se nossa aceitação por parte Dele dependesse de nosso esforço religioso], ela é detestável e pecaminosa. Obviamente, aquilo que é explicitamente condenado pelas Escrituras é pecado e "não se fala mais nisso" [não importa a intenção de quem pratica, uma vez que boas intenções não fazem com que pecados se tornem virtudes]; todavia, para nosso maior desespero, o pecado contamina até aquilo de que poderíamos nos gloriar, como o nosso "altruísmo", nossa preocupação com os pobres, nossa "religiosidade irrepreensível" ou mesmo nossas "melhores intenções" espirituais. Não temos saída por nós mesmos.
Em contrapartida, assim como associei a condição humana ao "lado negro da Força" por causa do pecado, é possível [e coerente] relacionar o "lado bom da Força" [por assim dizer, uma vez que não se trata de dualismo] a Deus, pois Ele não somente tem o poder em Si mesmo, mas Ele é bom e benigno, o que implica a total impossibilidade de Deus usar de Seu poder de maneira injusta ou má - ou seja, qualquer manifestação do poder divino foi, é e será necessariamente santa [incluindo a Sua ira contra o pecado e contra o pecador que permanece no pecado], visto que Ele é santo em todos os seus atributos ou características. Logo, aí é que mora o nosso problema - Deus já determinou um dia em que julgará o mundo com justiça e, sobre esse dia, está escrito que "...o Senhor Jesus será revelado dos céus, com os Seus anjos poderosos, em meio a chamas flamejantes, e Ele punirá os que não conhecem a Deus e os que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo, os quais sofrerão a pena de destruição eterna, sendo banidos da face do Senhor e da majestade do Seu poder..." [2 Tessalonicenses 1, vs. 7-9].
Eu não posso imaginar nada mais terrível do que ser eternamente separado da presença de Deus [o que é a única alternativa de desfrutarmos de todo o bem], mas é isso que está reservado a todo aquele que permanece resistindo a Deus, ignorando a mensagem de Jesus Cristo e também o próprio Cristo. Sinto lhe informar, você "não tem força" alguma contra isso, pois "o poder não é seu".
Contudo, existe uma excelente notícia - a melhor notícia que você poderá ouvir -, pois alguém já suportou essa ira divina, e essa é a sua única esperança, como está escrito:
Mas Deus prova o Seu amor para conosco em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores. Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo Seu sangue, seremos por meio Dele salvos da ira de Deus. [Romanos 5, vs. 8-9]
Jesus Cristo, o Filho de Deus, o Deus que se fez homem, quando foi à cruz, tomou todo o cálice da ira de Deus, até a última gota e, então, Ele disse que "estava consumado", terminado e concluído, pois está escrito que Ele "...glorificou o Pai na terra, tendo completado a obra que havia recebido do Pai para fazer..." [João 17, vs. 4] bem como que Ele "...ressuscitou dos mortos, e nos livrará da ira futura..." [1 Tessalonicenses 1, vs. 10b]. Em outras palavras, Jesus é quem "tem a força" para nos livrar de nossa condição de pecado e condenação diante de Deus, pois a Ele foi dada "...autoridade sobre toda a humanidade, para dar a vida eterna a todos os que foram dados a Ele..." [João 17, vs. 2] e que as Suas ovelhas ouvem a Sua voz, O conhecem e O seguem, recebem Dele a vida eterna e que ninguém as tirará das Suas mãos. Parafraseando o Yoda, "a Força está com Deus" e, dessa forma, devemos tão-somente reconhecer nossa fraqueza e confiar Nele, pois "Cristo, estando nós ainda sem forças, morreu a seu tempo pelos ímpios" - todos nós somos fracos em nós mesmos, mas Ele é forte; nós somos ímpios e maus, mas Ele é justo; nós deveríamos morrer sob a ira de Deus, mas foi Ele que sofreu em nosso lugar.
Diante disso, você tem somente duas opções: ou você estará entre aqueles pelos quais Cristo morreu [os quais estão livres da ira de Deus] ou estará entre os que permanecem rebeldes contra Cristo e, assim, a ira de Deus permanecerá sobre você. Olhe para Cristo, veja a beleza de Seu sacrifício, creia Nele e tenha a vida eterna, pois mais importante do que ser livrado do inferno ou da condenação eterna é ser reconduzido a Quem nos criou, pois Ele, como disse Agostinho, é a "nossa alegria soberana e verdadeira".
Pela alegria de saber que a Força Dele está comigo,
Soli Deo Gloria!
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