sábado, 30 de maio de 2020

"There where 2 and 2 always makes a 5" ou "A sabedoria dos neófitos"...

Este é um texto no qual não pretendo ser agradável.

De fato, estou ciente de que, quando a fúria e a raiva assumem o controle dos pensamentos e sentimentos de alguém, os resultados normalmente são desastrosos - todavia, ao menos dessa vez, é até bom que sejam desastrosos mesmo, mas somente para aqueles em relação aos quais esse texto vier a calhar. 

Desse modo, vale salientar que existem situações em que a "diplomacia" é apenas o disfarce para uma covardia patética, a moderação nas palavras não é nada mais do que "bom-mocismo estúpido de homens de geléia" e, finalmente, a "prudência e a sofisticação" constituem unicamente um pretexto canalha para a "apoteose da vigarice", a "soberba da mediocridade" e, claro, o cerceamento de nossas consciências manipuláveis e, conseqüentemente, de nossa liberdade.

Embora meu nome não seja Aslam, eu também não sou domesticado. 

Logo, se algum leitor (se é que esse blog ainda possua leitores) ou visitante que estiver navegando por este blog é do tipo que "palavras machucam" e/ou que "esbraveja purpurina" quando protesta contra os "discursos de ódio" e a "truculência" da sociedade, é melhor sair daqui para fazer vídeos no Tik Tok ou assistir vídeos do MBL. Ora, a realidade é dura, o "universo não tem a obrigação de conspirar a favor" de seus caprichos infantis [mesmo que eu não acredite nessas conspirações mencionadas] e você não é especial - apesar de você ainda acreditar nessa idiotice

Lo característico del momento es que el alma vulgar, sabiéndose ...

Sem delongas, é importante explicar, em primeiro lugar, o significado do título que escolhi para essa postagem. 

Creio que qualquer um que conhece mais a fundo o que chamarei aqui de "rock psicodélico britânico dos anos 2000" se lembrará do álbum "Hail to the Thief" (ou "Saúdem o ladrão!", cuja palavra "Hail" é a correspondente inglesa da palavra "Heil" do alemão, usada na época de Hitler) da banda inglesa Radiohead e, assim, saberá que o título é uma combinação de alusões a duas canções do álbum: "2 + 2 = 5" e "There there". Masalém dessas duas canções, há também uma menção à canção "Neófito" da Banda Resgate. Dessa maneira, o objetivo desse post é, ao lançar mão de determinados trechos de cada uma dessas músicas, expressar as minhas mais recentes indignações, e isso sem a certeza de que haverá qualquer parcimônia ao longo dos próximos parágrafos - como disse, pode ser bem oportuno que minhas palavras produzam um "choque de realidade" nos poucos que as lerem ou, parafraseando alguns versos de uma das canções citadas, que elas sejam como "acidentes ambulantes prontos a acontecer"

Portanto, vamos ao que interessa e que, de toda sorte, haja bom proveito no que for escrito. Em outros termos, seja Deus gracioso para comigo e faça bom uso desse "gêiser de emoções e idéias" que precisa explodir do fundo desse meu coração indignado e, enfim, rasgar o chão que o suprime. 

Saiba como ocorre a formação de um gêiser | Mundo Intrigante

Os primeiros versos que queria destacar são da música "2 + 2 = 5", os quais dizem:


"Are you such a dreamer 
To put the world to rights?
I'll stay home forever
Where two and two always makes a five..."

O trecho traduzido quer dizer "...Você é tão sonhador / A ponto de colocar o mundo nos eixos? / Eu ficarei em casa para sempre / Onde dois mais dois sempre somam cinco...". O autor da música se dirige a um interlocutor [ou ouvinte] hipotético e faz uma pergunta que, implicitamente, parece dizer que a possibilidade desse nosso mundo "entrar nos eixos" é coisa de "sonhador" - nesse caso, de modo um tanto jocoso. Embora tal destinatário possa, como na letra da canção "Imagine" do John Lennon, se enxergar como "um sonhador, mas não o único" - e isso de modo positivo -, na letra mencionada, porém, pode-se ver que esse desejo ou busca de "consertar o mundo" ou "colocá-lo de volta nos trilhos" parece ser algo associado a uma espécie de utopia ou ilusão, de modo que tal luta não parece fazer sentido, a não ser na mente desses "sonhadores". 

Em contrapartida, o compositor da música faz uma afirmação - dentro da licença poética à qual ele se permite - um tanto curiosa e (nesse momento exato em que estamos) bastante irônica, ao dizer que "ficará em casa para sempre", pois ali é o lugar "onde 2 + 2 é sempre igual a cinco". Isto é, de modo alegórico (ou não, talvez), ele diz que ficará para sempre no lugar onde o que normalmente seria absurdo passa a ser o certo [como na soma supracitada]. Ora, numa época em que até a matemática, que é uma das modalidades mais incríveis do conhecimento humano, já tem sido tratada como "construção social", de tal sorte que as convenções de sua linguagem, que outrora eram reflexos das percepções da realidade material, agora são vistas como "imposições" ou somente constructos que precisam ser questionados [ou mesmo abandonados/superados], "dois mais dois sempre ser igual a cinco" acaba sendo uma simples expressão de uma nova mentalidade - a qual não apenas tem colocado em xeque a matemática como sempre a conhecemos, mas tudo quanto existe

Tale Weaver # 55 Making Sense of Nonsense – Agrotive | mindlovemisery

Nesse sentido, a grande ironia se dá no fato de que temos ouvido, pelos quatro cantos do mundo, o novo mantra global do "fique em casa" - ou "quédense en casa"/espanhol, ou "rimanete a casa"/italiano, ou "restez chez vous"/francês, ou "stay home and save lives"/inglês - e, como resultado, estamos sendo induzidos a "ficar em casa para sempre" ao ponto de começarmos a cultivar na mente os nossos absurdos [como no 2 + 2 = 5] e, na pior das hipóteses, sermos levados a um estado de loucura tal que muitos já têm dado cabo da própria vida. Ainda que eu, de fato, reconheça o problema envolvendo a realidade do coronavírus chinês e as questões relativas à sua letalidade - e, obviamente, lamento as vidas que já foram ceifadas nos últimos meses -, é importante ressaltar que a vida real não é tão simples quanto gostaríamos que ela fosse e, especialmente, nós devemos começar a despertar de nossa letargia intelectual (e espiritual, sobretudo) a fim de considerar a maldade humana em suas reais proporções. Quanto a isso, o que creio ser importante destacar é que "a verdade normalmente é inverossímil", de modo que quando somos confrontados com possibilidades que nos parecem "absurdas demais" para serem verdadeiras, quase sempre nós repetimos, como papagaios adestrados, que tais coisas são "teorias da conspiração" ou, por outro lado, que aqueles que questionam a "autoridade da ciência e o consenso científico" são "negacionistas", cujos termos usualmente não passam de falácias estúpidas a fim de "silenciar o oponente" e lançá-lo na "espiral do silêncio", simplesmente porque "opiniões conspiracionistas" podem incomodar ou mesmo porque nunca é bom ter de se dar conta da própria ignorância e burrice. 

Como se pode ver, não é objetivo desse texto descrever exemplos práticos de verdades factuais que são tratadas como "teorias da conspiração" ou "negacionismo científico" - o espaço é curto e, além disso, eu não ouso tentar mostrar coisas como sendo verdades concretas sem ter a devida seriedade e/ou convicção para tal. Todavia, eu pretendo simplesmente chamar a atenção para o fato de que, como o autor dos versos acima, enquanto temos "ficado em casa indefinidamente", podemos estar concedendo lugar em nossa mente para todo tipo de insanidade, insensatez e estultícia [basta olharmos o feed de notícias ou a timeline de qualquer rede social e veremos a explosão de memes ridículos, comparações esdrúxulas, analogias patéticas, desrespeito inveterado e mesmo o compartilhamento de desinformação decorrentes do total desprezo pelo conhecimento], de maneira que precisamos parar, definitivamente, com a necessidade de parecermos os "inteligentinhos" da internet (seja nos grupos de discussão do WhatsApp ou Telegram, na querida "praça de guerra" do Twitter, nos textões do Facebook ou nas stories do Instagram) e começar a levar a vida a sério. Ou seja, é hora de abandonar a "sabedoria da lacração" e estudar, colocando as próprias idéias à prova, "suspeitando de si mesmo e não da verdade", se dispondo a deixar-se ensinar por quem sabe mais e, finalmente, sair da caverna cujas sombras insistem em nos fazer acreditar: "o que você não conhece não existe"

O MITO DA CAVERNA - TÊTE-À-TÊTE

Em outro trecho da música, temos os seguintes versos:


"...It's the devil's way now
There's no way out 
You can scream it, you can shout
It's too late now
Because you have not been paying attention..."

Os versos podem ser traduzidos da seguinte maneira: "...Agora é o diabo quem manda / Não há mais saída / Você pode gritar, você pode bradar / Agora é tarde demais / Porque você não está prestando atenção...". Você pode estar um tanto assustado com o verso que mencionei e pensando: como assim? Um blog de um cristão citando uma música que diz que "o diabo é que manda"? Calma! Eu tentarei elucidar ou, ao menos, procurar esclarecer o que entendo que o autor da canção tentou dizer (sem, obviamente, ter certeza das suas convicções pessoais, mas dentro da liberdade literária) com relação a essa estrofe e, assim, concatenar essa explicação com o que já foi exposto anteriormente. 

Em poucas palavras, acredito que o autor esteja descrevendo, numa linguagem provavelmente alegórica, uma situação para a qual não existe mais solução, de forma que não adianta lamentar, chorar ou se desesperar pois, como pode-se concluir, um mal personificado está com o controle nas mãos e "é tarde demais" para se fazer qualquer coisa - tudo isso como resultado da distração, de um entorpecimento para aquela realidade ou, nas palavras da música, porque "não se estava prestando atenção". Logo, em certo sentido, eu concordo com o autor pois, diante do que foi abordado nos parágrafos acima, eu ouso afirmar que "o diabo tem mandado" em muita coisa ao nosso redor, de modo que muitas vezes eu tenho concluído que já não há saída alguma para tal realidade. Na verdade, esse texto que ora escrevo é um grito silencioso de alguém que está cansado de levantar a voz (ou de verbalizá-la em seus poucos escritos) e que, a cada dia, se convence de que pode ser "tarde demais" para ser ouvido - ou para ser lido. Minha única esperança - se é que é razoável ter alguma em face de tudo isso - é que, ao menos de minha parte, eu me conserve atento, com os olhos devidamente abertos e, dessa maneira, não seja "tarde demais para mim". 

Fadiga e cansaço constantes podem ser sintomas de hepatite A, B ou ...

Isto posto, o que julgo ser mais pertinente é ratificar que, no "admirável mundo novo" dos "inteligentinhos", dos "guardiães da saúde pública e da vida humana", dos "paladinos da responsabilidade social", daqueles que estão "acima dos extremos" e de dicotomias como "fé x ciência" e que se consagram o mais novo "sacerdócio" possuidor das "verdades" e dos "consensos epistêmicos", quaisquer vozes que sejam dissonantes em relação a seus discursos revestidos de uma falsa autoridade estão sendo automaticamente silenciadas através de mentiras, espetáculos de "burrice presunçosa" e rotulações por vezes espúrias e desprezíveis. Nesse sentido, destacam-se expressões como "conspiracionista", "negacionista" e outras mais "elaboradas e igualmente terminadas em -ista" - as quais passam a constituir, em parâmetros "pokémônicos", a evolução mais recente da novilíngua sobre a qual George Orwell "profetizou" há algumas décadas -, de modo que é suficiente que surja, por exemplo, algum conjunto de informações contrárias ao "establishment científico" (já não basta ter que suportar o "establishment político"!) para que, até em ambientes onde é possível obter conhecimentos valiosos, se observe a ausência de perspicácia para notar as armadilhas de um "novo Iluminismo", de uma "idolatria repaginada da racionalidade" ou de uma "Nuova 'Scienza Nuova'". 

Mas em que isso se manifestaria na prática?

Tomando com exemplo a questão da doença causada pelo coronavírus chinês, temos sido bombardeados de maneira mais do que tóxica - seja com carros de som que repetem o "mantra do terror" do "vá pra casa, fique em casa e, se for sair, use máscara", seja em todos os jornais e programas de TV, seja nas redes sociais etc. - a respeito do assunto e, como é de se esperar, tal tortura (que tem sido usada como arma de guerra psicológica) causa cansaço, sensação de pavor e até mesmo pânico e depressão [nos piores casos]. Entretanto, apesar desses fatores mais negativos, muita informação responsável tem sido difundida, tanto no tocante à responsabilidade de se tomar os cuidados necessários nos devidos contextos e, particularmente, quanto àquilo que não tem atraído a atenção devida da maioria de nós: a real origem e a causa da "pandemia", a gama incontável de crimes escusos e perversos que já estão sendo cometidos por todo o mundo em nome do "fique em casa e salve vidas" - como o fechamento infundado de comércios, prisões arbitrárias em praças, praias e parques, confisco dos únicos recursos pelos quais muitos trabalhadores informais sustentam suas famílias, hospitais de campanha vazios e que estão sendo usados apenas como um meio de roubar o erário público, além das demais restrições tirânicas de liberdade (especialmente a liberdade religiosa) - e, o mais importante, a teia dos prováveis reais interesses a ela associados

Todavia, visto que a nossa sociedade é a "sociedade do torpor", a tal ponto que "o óbvio é cada vez mais ofensivo" aos "elegantemente estúpidos", posso testificar, à semelhança do Mito da Caverna, que muitos dos que permanecem pensando que as "sombras na parede" são a única realidade existente, ao serem alertados por aqueles que, pela providência divina, chegaram ao conhecimento da "verdade verdadeira" [conforme dizia Francis Schaeffer] concernente a essas questões, têm desejado destruir os que lhe revelam a ignorância. Logo, é possível que alguém deseje até me matar ao ler esse post, mas, seja como for, se eu estiver do lado da verdade, vale a pena morrer por ela. Eu jamais temerei quem poderá apenas matar o meu corpo, mas não tem poder algum contra a minha alma - nem de manipulá-la, muito menos de destruí-la. 

Matthew 10 28 Photograph by Rick Bartrand

Considerando agora a música "There There", há um pequeno trecho que é muito significativo, o qual diz:


"Just 'cause you feel it, doesn't mean it is there..."
ou
"Só porque você sente isso, não significa que isso está lá..."

Em outros textos passados, acredito que já destaquei a supervalorização dos sentimentos - ou sentimentalismo - predominante em nossa sociedade e, por isso, não irei tratar novamente desse assunto. Logo, sabendo-se da realidade do Homo sentimentalis, essa pequena frase expressa o que há de mais necessário dentro do que já tem sido dito aqui: nossos sentimentos não são a "causa primária das coisas reais" ou, mais acuradamente, não é porque sentimos determinada coisa [por mais intensas e verdadeiras que tais emoções nos pareçam] que tal coisa é real ou se torna parte da realidade. De fato, nossos afetos e inclinações têm frutos na realidade [e normalmente modelam a maneira como encaramos e/ou modificamos certos aspectos de nossa vida concreta], porém a nossa confiança exacerbada no nosso "taco emotivo/intuitivo/analítico" é, muitas vezes, como "algo construído sobre a areia" e, como se sabe, "não é prudente tentar edificar uma casa sobre ela". 

Em termos práticos, olhando para o que já foi mostrado antes, creio que as últimas gerações [dos últimos 200 ou 250 anos, mas principalmente nos últimos 60 anos] possuem como característica identitária [ou definidora] o que esses versos dizem: estamos cada vez mais convencidos de que tudo o que sentimos ser verdadeiro ou razoável necessariamente precisa ser real e, independentemente de sê-lo ou não, estamos "matando e morrendo" em nome dessas "convicções" - especialmente no campo virtual, o que não deixa de ser ironicamente curioso. Ou seja, a nossa timeline/feed de cada dia constitui-se o nosso "admirável mundo novo", no qual distopias e subversões psicológicas compõem a "nova normalidade" [nome bonito para o "totalitarismo comportamental global" já em curso - eu sei que você provavelmente não acredita em tal possibilidade, contudo isso apenas acentua a plausibilidade do argumento], a qual é o novo "sonho dourado" [ou seria vermelho?] de todos os que não fazem outra coisa além da "política Pink e Cérebro": tentar dominar o mundo [i.e., controlar tudo e todos, exceto a própria maldade].

3 Ways HR Is Defining the New Normal - HR Daily Advisor

É pertinente esclarecer, dessa maneira, que o que foi chamado de "novo normal/nova normalidade" se refere a um conceito relacionado a uma espécie de mudança massificada no comportamento e atitudes da sociedade como um todo frente a sugestões que [supostamente] seriam "para a nossa segurança", "para o bem comum", "em nome da saúde da população", para promover o "estado democrático de direito" ou mesmo "com base na ciência". O século XX foi testemunha do início da aplicação abrangente de várias táticas de experimentos sociais e, sem muita dificuldade, podemos ver o poder avassalador que essas técnicas têm exercido por todo o mundo [p. ex., o universo queer e questões como a do trans-humanismo]. No nosso século XXI, essas estratégias certamente estão sendo reformuladas e melhoradas (por assim dizer) a fim de serem mais eficazes e com muitas conseqüências irreversíveis e, infelizmente, a maioria das pessoas [incluindo os "admiráveis lamentáveis inteligentinhos"] não conseguem perceber o que está diante de seus olhos, à semelhança do episódio da cura do cego de nascença relatado no Evangelho segundo João, onde Jesus Cristo, após o momento em que o homem curado O reconhece como o Messias/Cristo, diz aos fariseus que eles eram "cegos" por presumirem de si mesmos que "somente eles enxergavam" [João 9:39-41]. 

Nesse sentido, talvez não haja nada mais esclarecedor do que as duas próximas citações do escritor/pensador marxista esloveno Slavoj Žižek, retiradas do livro "Pandemia: COVID-19 e a reinvenção do comunismo", publicado esse ano:

"O coronavírus também nos estimulará a reinventar o comunismo com base na confiança do povo e na CIÊNCIA";

e

"O que quero dizer quando falo em comunismo? Para entender, basta ler as declarações públicas da Organização Mundial da Saúde (OMS)".

Dessas duas frases conclui-se que a) o comunismo está mais vivo do que nunca - embora muitos idiotas pensem que a queda da URSS simbolizou o seu fim, o que salienta o mal intrínseco à predileção para a ignorância -, b) ele sempre está em processo de mudança interna conforme for conveniente para o seu fortalecimento e sobrevivência pois, como se atribui a Hegel, "a dialética é a sistematização da contradição" e c) suas expressões mais factuais estão nas organizações internacionais todo-poderosas [que ninguém elegeu, cujos escritórios nunca serão conhecidos pela população em geral, mas que ainda assim estão ditando os rumos políticos das nações mediante a usurpação das soberanias nacionais] que só querem "o nosso bem", "a nossa saúde", "cuidar da nossa segurança sanitária" ou outro benefício bonitinho que emociona e comove as afeições dos incautos, sejam estes acadêmicos ou não, sejam inteligentinhos ou sem erudição. Em suma, este "novo normal" pode ser entendido como a cegueira estúpida e quase total para o que de fato existe juntamente com a convicção insolente de que nossas ilusões pueris e histéricas são mais reais do que a própria realidade - mas, como vimos, "não é porque sentimos que está lá" e, igualmente, "não é porque não sentimos que não está". 

China's Communists Rewrite the Rules for Foreign Businesses - The ...

Diante disso, o meu desejo é ter o que chamarei de "sabedoria dos neófitos"

Como assim "sabedoria dos neófitos"?
Não é um contrassenso relacionar os termos "neófito" e "sabedoria" numa mesma frase de um modo onde há acordo e não oposição?

De fato, quem é "neófito"νεόφυτονpalavra de origem grega formada pelos elementos "neo"/novo e "phyton"/planta, o que indica que o "neófito" é como uma "planta recém-nascida" e que, por isso, não cresceu e não amadureceu - normalmente não está numa condição ideal de sabedoria, pois esta vem com a experiência, o que remonta à frase de Tomás de Aquino, que dizia: "veritas filia temporis" ou "a verdade é filha do tempo". Logo, lançando mão de uma "sistematização de contraditórios", pretendo caminhar para o final. 

Para isso, vou usar algumas porções da canção "Neófito" da Banda Resgate, como mostrado a seguir:


"...Não há mais nada que me prenda
Ao que eu não quero mais fazer
Eles confundem ilusão com liberdade
Se dizem 'sim', se dizem livres, mas não podem dizer 'não'
Fazem de conta que a imitação é de verdade
Tanta teoria pra me embriagar
Ninguém me entende, mas vou continuar...
[...]
"...Não há loucura quando os loucos já confundem os normais
Eles comparam o dinheiro com a vida
Se compram sempre, mas se vendem
Nada sobra pra contar
Fazem de conta que a opção não escraviza
Mas eu não posso parar de falar
O que os meus olhos não cansam de enxergar..."

Plantas Novas Na Terra, Conceito Da Vida Nova Foto de Stock ...

Sem muitos rodeios, creio que o autor da canção fala do mesmo tipo de pessoa que vive como se "2 + 2 fosse igual a 5" quando se refere aos que "confundem ilusão com liberdade", pois eles "se dizem livres mas não podem dizer não" [o que denota uma falsa liberdade, já que parecem obrigados a dizer sempre 'sim' - seja a quem for] e "fazem de conta que a imitação é de verdade". Isto é, à semelhança dos habitantes de Nínive dos tempos do profeta Jonas, essas são pessoas que "não sabem discernir entre a mão direita e a mão esquerda" [Jonas 4, vs. 11] e que, por isso mesmo, trocam o verdadeiro pelo falso e o real pelo ilusório. Entretanto, mesmo que seja essa a situação, parece-me que o engano e a tolice exercem uma persuasão quase que hipnótica na maioria delas, de tal maneira que essa insensatez deve suprimir a realidade para assumir o seu lugar como um tipo de "anti-realidade" [anti não apenas por ser contrária, mas também por ser usurpadora do que não lhe pertence], assim como no caso em que as Escrituras falam a respeito do "Homem do Pecado" ou "Iníquo" [popularmente conhecido como "o Anticristo", vide 2 Tessalonicenses 2], cujo espírito já está em ação desde os tempos dos apóstolos e que, desde então, tanto tem procurado se opor a Cristo quanto roubar Sua primazia e glória - o que fará mais notoriamente em sua manifestação futura e [como tem se configurado] cada vez mais iminente

Além disso, a música fala de "loucos que já confundem os normais" e que "fazem de conta que a opção não escraviza". Esse exemplo pode ser associado ao que foi dito daqueles que "só porque sentem algo, acreditam que tal coisa está ali", pois estes se comportam como loucos, uma vez que o universo de suas impressões, sensações e afetos se torna o único universo possível para eles, uma espécie de "universo ao lado", o qual precisa ser concretizado e reconhecido como a "verdadeira realidade", enquanto aprendemos dos antigos que o intelecto e as afeições humanas devem se adequar à realidade como ela éo que os medievais chamavam de "mens adaequatio ad rem" ou "mente adequada à coisa". Logo, sabendo-se que "cada cabeça é um mundo", o que se segue é o caos generalizado, pois cada um vai lutar pelo triunfo de seu "próprio universo paralelo" e, mesmo que muitos desses universos sejam bem parecidos entre si, nunca serão totalmente iguais - ou seja, esse "multiverso" de opções de "novos tipos de realidade", embora encarado como uma prova de "libertação" ou "emancipação", se mostra como uma evidência da escravidão dessas pessoas a uma mentalidade reducionista, conforme o silogismo de que "o homem é a medida de todas as coisas; eu sou um homem; logo, eu sou a medida de todas as coisas" - mesmo que hoje, para muito além do pensamento kantiano, nada mais deve ter definição alguma. Em suma, nos tornamos escravos de nossas próprias idéias libertadoras

Finalmente, apesar de "tanta teoria pra me embriagar", eu "não posso parar de falar do que os meus olhos não cansam de enxergar" e, mesmo que ninguém me entenda, eu vou continuar.

Você procura a luz ou encontra um motivo para viver na escuridão ...

Qual seria, então, essa "sabedoria dos neófitos"? Quem seriam os "neófitos sábios"?

Não há melhor registro escrito sobre essa sabedoria do que o Salmo 131, como segue:


"Senhor, o meu coração não é orgulhoso
E os meus olhos não são arrogantes.
Não me envolvo com coisas grandiosas
Nem maravilhosas demais para mim.

De fato, acalmei e tranquilizei a minha alma
Sou como uma criança recém-amamentada por sua mãe;
assim é a minha alma para comigo.

Espera, ó Israel, no Senhor, desde agora e para sempre".

Diante de um mundo tal como descrevi nesse texto até aqui - um mundo de caos, desordem, loucura, estultícia, vulgaridade, estupidez, perversidade, auto-engano, burrice prepotente e ódio à verdade e ao conhecimento [o que se resume na inimizade e na rejeição a Deus e à Sua Palavra] -, a única alternativa que me resta é desejar ser como esse salmista: um homem de coração humilde e sem olhos altivos [i.e., consciente de sua própria miserabilidade e que, por isso, não olha para a realidade como se o próprio olhar determinasse o que está fora de si mas, ao contrário, reconhece que tudo começa a partir do que já lhe foi dado] e que também "não se envolve com coisas grandiosas" [ou seja, não fala do que não compreende, não faz textão sobre o que nunca estudou ou não conhece apropriadamente, não considera inverossímil aquilo que lhe parece "psicopatia conspiratória" e não compartilha memes como se fossem "reflexões sérias sobre qualquer coisa"], mas simplesmente se aquieta como faz o bebê logo após terminar de mamar ao dormir tranquilamente nos braços de sua mãe. Isso me basta. 

Em verdade, desejar isso é algo difícil para um colérico que não aguenta mais ver tantos imbecis cheios de empáfia falando asneiras "em nome da ciência" ou de sua "lacração política", porém, como o mesmo salmista afirma, minha esperança está "no Senhor, desde agora e para sempre", tanto para vencer e subjugar a ira e a raiva pecaminosas quanto para qualquer outro pecado até que, enfim, "o que é corruptível se revista de incorruptibilidade e o que é mortal se revista de imortalidade".

Full of Eyes on Twitter: "1 Corinthians 1:21, “For since, in the ...

Essa tal "sabedoria dos neófitos" é, portanto, uma sabedoria mansa e humilde, sendo consciente de que diante Daquele em quem reside toda verdadeira sabedoria não há ninguém que não seja aluno (i.e., desprovido de luz), aprendiz e discípulo, cuja glória está em "ser como o seu Mestre". Sem qualquer dúvida, Aquele de quem toda sabedoria emana é o mesmo de quem se diz que "todos os tesouros da sabedoria e da ciência estão Nele escondidos", o qual tem um nome e se chama Jesus Cristo, o Filho de Deus, eternamente gerado do Pai e manifesto na plenitude dos tempos ao nascer de mulher para ser fazer carne, habitar entre nós e, pela Sua vida sem pecado, Sua morte na cruz, Sua ressurreição vitoriosa ao terceiro dia e Sua ascensão aos céus, resgatar o Seu povo escolhido de seus pecados e, na consumação dos séculos, restaurar todas as coisas para estabelecer a Nova Criação. Ele é o "manso e humilde de coração" de quem todos devemos aprender a fim de que nossa sabedoria seja de fato verdadeira e digna de ser apreciada, pois fora Dele toda inteligência é burrice e toda sabedoria é insensatez, de maneira que qualquer "aparência de sabedoria" perecerá com o uso, pois não passará de ensino e cogitação humana. 

Por tudo isso, uma vez que Cristo está "à direita de Deus Pai todo-poderoso" - como lemos no Credo Apostólico -, como poderemos receber essa sabedoria divina? 

Nesse caso, as palavras de Cristo registradas por João são o nosso real consolo, pois Ele disse que "não nos deixaria órfãos" e que nos "enviaria outro Consolador, para ficar conosco para sempre" [João 14, vs. 16 e 18]. Esse "outro Consolador" é um "outro da mesma natureza que Cristo" [conforme o termo grego "αλλός" ou "allós" usado no texto, significando "outro do mesmo tipo"] e, por isso, é um "Consolador divino", o Espírito Santo, prometido por Cristo e enviado por Ele ao Seu povo num domingo como este, o Dia de Pentecostes, o qual na época dos israelitas do Antigo Testamento era parte do período de celebração das colheitas da terra mas, desde o episódio do Cenáculo relatado em Atos dos Apóstolos, se tornou o marco de início da Igreja Cristã, quando o apóstolo Pedro pregou ousadamente sobre Jesus Cristo e milhares de pessoas foram "colhidas" por Deus para o Seu reino. De fato, é esse mesmo Espírito que nos regenera e nos faz crer em Cristo como Salvador e Senhor ao nos convencer do pecado, é Ele que também "nos guia em toda a verdade ao nos lembrar tudo o que o Senhor nos disse" e, assim, somente por meio Dele é que poderemos ser "neófitos sábios", cientes de nossa inteligência humilhada de tal sorte que não buscaremos qualquer sabedoria fora Daquele que é chamado de "Sabedoria de Deus", a Qual não foi conhecida dos poderosos deste século, mas que foi constituída como "nossa sabedoria" de acordo com a vontade de Deus, a fim de que "quem se gloriar, glorie-se no Senhor" [1 Coríntios 1, vs. 31]. 

Veni Creator Spiritus (With images) | Holy spirit art, Vintage ...

Nesse Dia de Pentecostes, quando relembramos a vinda do Espírito Santo para habitar para sempre com os que pertencem a Cristo, eu oro junto com os cristãos do passado e digo "Veni, Creator Spiritus!" ou "Vem, ó Espírito, Divino Criador, entre nós morar", pois, assim como diz uma das canções aqui citadas, "...Heaven sent You to me..." ou "...o Céu Te enviou para mim...". Que Companhia doce e gloriosa! Habita, então, conosco, pois dessa maneira nós receberemos de Tua eterna e infalível sabedoria, pela qual saberemos como e por onde caminhar e, mesmo que "não tenhamos luz alguma", confiaremos somente em Ti para que, por Ti transformados à imagem do Filho, possamos habitar Contigo e louvar-Te para sempre




Pela alegria e certeza de ser habitação do Eterno,




Soli Deo Gloria!

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