Novamente decidi escrever algo aqui.
Certas inquietudes e, curiosamente, uma repentina falta de sono [agora são 23:38h] levaram-me a arriscar expor algumas idéias que, inicialmente, não creio ser tão relevantes a ponto de serem escritas a essa altura - todavia, espero estar equivocado.
O título dado a esse texto normalmente remete a contextos de guerra ou situações similares [um treinamento militar, a prática esportiva de tiro etc.], visto que tornou-se comum emitir esse tipo de "palavra de ordem" imediatamente antes de alguma investida ou ataque, cujo objetivo, por exemplo, pode ser o de deixar um determinado exército alerta para atacar os seus oponentes ou para se defender deles. No entanto, eu não pretendo falar estritamente de "batalhas" envolvendo armas ou espadas [embora não tenha nada contra elas em si - oh, quisera eu ter a minha própria espada medieval na parede de minha sala de estar!] ou de "tiro ao alvo", mas refletir um pouco sobre alguns acontecimentos recentes [sejam mais pessoais, sejam do próprio país] a fim de expressar o que porventura julgar ser oportuno. Portanto, estejamos preparados!
Preparar.
Gramaticalmente, preparar é um verbo [creio ser do tipo "transitivo direto-indireto", uma vez que, usualmente, "preparar" requer "...preparar 'algo' para 'alguém'..."] que pode ser usado como sinônimo de "fazer", "elaborar", "construir", "desenvolver", "planejar", dentre outros. Logo, preparar é uma palavra que traz consigo intencionalidade bem como finalidade, de sorte que ninguém prepara nada sem que haja interesse prévio unido a um objetivo definido. Por exemplo, quando se "prepara uma receita culinária", a pessoa normalmente tem a intenção de testar ou de aperfeiçoar suas habilidades na cozinha e deseja que seu prato seja saboroso. Desse modo, quando considero a expressão "preparar" na frase-título dessa postagem, o que me vem à mente é que, assim como num campo de batalha os soldados e combatentes devem estar cientes de suas responsabilidades e tarefas a cumprir [assim como não devem estar lá "sem justa razão"], creio que eu, como cidadão ciente da realidade bem como de minha responsabilidade individual [em contraste com a famigerada "responsabilidade social"], devo estar preparado para encarar as controversas demandas presentes na sociedade, os desafios por vezes extenuantes das relações humanas [particularmente, as mais profundas] e, finalmente, "...contar os meus 'demônios', pois existe um para cada dia..." - mencionando uma canção da banda britânica Coldplay - ou, conforme as palavras de Salomão, me lembrar que "...o coração do homem conhece a sua própria amargura..." [Provérbios 14:10].
Entretanto, nem sempre estaremos preparados para lidar com todas as coisas que nos sobrevêem ao longo da vida, pois o mesmo Salomão também escreveu que "...Deus fez tanto o dia da prosperidade quanto o dia da adversidade, de forma que o homem não saiba o que haja de vir em seu futuro..." [Eclesiastes 7:14]. Atualmente, o Brasil está sentindo o efeito bem perturbador decorrente da paralisação dos caminhoneiros - aqueles que trabalham nas estradas, levando produtos de todos os tipos para os mercados e postos de combustíveis e que, normalmente, não são valorizados pela maioria de nós -, em meio à qual tivemos [e ainda temos] de presenciar a falta de certos alimentos [ou o aumento exagerado dos preços dos mesmos], problemas de mobilidade urbana, dificuldades para abastecer os veículos próprios e até mesmo a interdição de atividades em escolas e universidades. Ironicamente, em contrapartida aos discursos inflamados daqueles que infestam as cátedras das instituições educacionais brasileiras [o termo é, de fato, infestar, pois uma boa parte deles são uma verdadeira praga] e que já disseram que "colocariam fogo no país", o segmento que, de certa forma, "parou o Brasil" não constitui nenhum "movimento pela justiça social" ou de "luta por democracia, igualdade e diversidade", mas uma porção da população que realmente "trabalha" - ora, somente quem trabalha pode "parar um país".
Em suma, sem delinear qualquer juízo de valor mais específico sobre a "greve dos caminhoneiros", o que gostaria de destacar é que, em última instância, somos mais vulneráveis do que normalmente acreditamos, visto que alguns dias de "deficiência" numa certa peça da "engrenagem do país" nos tomaram de sobressalto e ratificaram que somos dependentes daqueles dos quais nem sabemos os nomes nem o lugar onde moram. Isto é, o confronto com nossa vulnerabilidade e com nossa dependência deveria nos conduzir primordialmente à humildade e, em seguida, à diligência, a fim de sermos mais cuidadosos com o que realmente importa da vida e, sobretudo, mais conscientes da realidade expressa nas palavras do salmista, que disse:
Tu reduzes os homens mortais ao pó, e dizes: tornai, filhos dos homens! [...]
Tu os levas como em uma corrente; eles são como um sonho; são como a erva que verdeja pela manhã,
De manhã ela floresce e verdeja, e à tarde murcha e se seca. [Salmo 90, vs. 3, 5-6]
De modo bem explícito, Deus é quem coloca o homem no seu devido lugar - o lugar de "pó" - e faz com eles o que Lhe apraz, assim como Ele faz as ervas florescerem pela manhã e se secarem no fim do dia. Em outras palavras, a vida do homem não é mais do que um "vapor que aparece por um breve momento" e que, depois, "se desvanece como uma fumaça". Discordando [dessa vez] do Renato Russo, nós "não temos todo o tempo do mundo" e devemos estar preparados para o momento em que o nosso chegar ao fim.
Apontar.
Apontar também é um verbo [transitivo direto ou indireto, a depender do caso], sendo uma palavra normalmente relacionada a indicar uma direção ou local - a placa "aponta para a direita" -, pontuar uma observação - "ele apontou os meus erros" - ou mesmo tem conotação de ultraje, como na frase "...não aponte o dedo para mim!...". Obviamente, "apontar" também se refere ao ato de direcionar uma arma para o alvo desejado, seja numa competição de tiro, seja numa ação policial ou mesmo numa guerra de maior escala, a cujo significado me deterei nesse texto, pois que, da mesma maneira que é necessário estar preparado para enfrentar a realidade com todas as coisas que nela estão inclusas [em certo sentido, a realidade é como uma "caixa de Pandora", de modo que não é possível fugir dos males e dores quando se está diante dela], é preciso "apontar a direção certa antes de se iniciar o ataque" e, finalmente, é preciso atacar.
De modo simples, todos possuem em suas consciências a noção de "bem e mal" - ainda que haja a inversão aludida pelo profeta Isaías no anúncio de juízo sobre aqueles que "...chamavam o 'mal de bem' e o 'bem de mal'..." [cap. 5, vs. 20] - e, portanto, a "luta do bem contra o mal" sempre fez parte da vida e da história humanas [seja na realidade experienciada, seja nos reflexos da realidade presentes nos contos e estórias fantásticas, seja de outra maneira qualquer], a tal ponto de que mesmo os mais relativistas e/ou revolucionários dentre os seres humanos [que insistem em afirmar que "não existem absolutos, nem a verdade, nem o certo, nem Deus nem nada semelhante e que, por isso, invertem toda a noção de bem e mal] vivem por um suposto "bem" a ser conquistado num futuro porvir, de forma que tudo o que impede a concretização dessa "luta" representa o mal e, logo, deve ser destruído.
Isto posto, será que a assertiva de Jesus Cristo na qual se lê que "...os filhos deste mundo, no trato entre si, são mais astutos do que os filhos da luz..." [ver Lucas 16, vs. 8] não deve inquietar a quem não tem se "preparado para o front" nem "orado a paz" a fim de "apontar para a fé e remar"?
Porém... contra quem estamos lutando?
Melhor dizendo, contra quem devemos lutar?
Além disso, "apontar para a fé" é suficiente? Fé em quê? Em quem?
Agora é a hora de por "fogo no que resta dessa publicação"!
Fogo!
"Fogo!" é a última palavra dita antes do ataque, da investida, do tiro, da bomba lançada ou da bala de canhão que sai da fortaleza de proteção na região costeira e, nesse texto, carregará o sentido de "ultimato", de "veredicto", um autêntico "Kill Bill" - ora, depois de "preparar" e de "apontar", o que resta é "dar fim ao que foi planejado", é "acertar o alvo", é "destruir o inimigo" e "concluir a missão". No que se refere aos aspectos sociais, eu tenho visto inimigos em toda a parte - a maioria deles como "lobos devoradores vestidos como ovelhas" -, diante dos quais qualquer resistência parece quase sempre impotente. Por exemplo, como lutar contra a desinformação triunfante e massificada que promove falsos heróis por todo o mundo, esconde [até onde é possível] os crimes hediondos dos verdadeiros bandidos dos últimos 100 anos e que corrompe o imaginário popular em todas as esferas do pensamento ao fazer da combinação "meias verdades com velhas mentiras" [nas palavras do Anatolyi Golitsyn] ser o "óbvio ululante"? E o que dizer do "Establishment" que se torna cada vez mais totalitário enquanto se denomina "o povo oficial"? Guardadas as devidas proporções, eu me vejo como alguns dos escritores dos Salmos nos momentos em que eles se viram cercados por hordas de inimigos a ponto de se "sentirem presos sem poder sair", contudo a mesma esperança deles é também a minha - eu não me esqueço da Lei de Deus, eu me apego às Suas "palavras antigas" e sou consolado, eu confio em Seu poder e sei que Ele é a minha salvação. Por que, então, ter medo? No Dia do Senhor, eu contemplarei com os meus olhos o castigo dos ímpios [Salmo 91, vs. 8].
No entanto, esses inimigos não estão restritos aos âmbitos político, cultural e civilizacional, de modo que é preciso colocar "fogo" em outras coisas que ainda restam - nesse caso, nada do que "resta" exige mais diligência quanto a ser "queimado e consumido" do que o meu pecado remanescente.
Os antigos puritanos, particularmente o notável John Owen, diziam que a nossa luta para mortificar o pecado deve ser diária, constante e incansável, pois se o pecado não morrer na batalha, sou eu que sou/serei morto por ele. As Escrituras nos relatam que "...não chegamos ao ponto de derramar nosso sangue na luta contra o pecado..." [Hebreus 12:3], dando a entender que, se for necessário, melhor é perder a própria vida do que pecar - ainda que, enquanto estivermos nesse corpo, não estaremos totalmente livres de sua influência. De fato, esse conceito é tão real que, quando começamos a levar essa guerra a sério, percebemos que somos capazes de cometer pecados que jamais imaginamos que praticaríamos, até mesmo de modo recorrente. Em outras palavras, "o pecado é pior do que o próprio inferno", pois o inferno é uma expressão da justiça de Deus - por mais terrível que ele seja -, mas o pecado não traz bem algum em si mesmo nem aponta para bem algum por si mesmo. Conseqüentemente, embora eu possa ter vontade de "lançar fogo" em muitas direções [se eu as listasse aqui, eu perderia os poucos leitores que ainda tenho], a maior urgência é sempre contar com o auxílio divino para vencer as batalhas diárias contra o meu pior inimigo [eu mesmo, pelo pecado que habita em mim], auxílio que pode ser descrito como um fogo consumidor que purifica um metal precioso, retirando a escória e deixando apenas o que tem valor.
Finalmente, creio que não poderia deixar de citar o episódio no qual Deus confundiu a sabedoria humana bem como transtornou o universo inteiro [por assim dizer], pelo qual Ele consumou a vitória sobre esse inimigo atroz incluindo em Seu plano o crime mais hediondo de toda a história - i.e., Deus enviou o Seu Filho ao mundo, Jesus Cristo, para "destruir as obras do diabo" (ou seja, o pecado e todas as suas conseqüências) através de sua morte na cruz como um maldito do próprio Deus, cuja execução foi planejada ardilosamente por muitos da elite religiosa da Judéia sob as mãos de homens como Pilatos e Herodes, de modo que as Escrituras afirmam que "...se reuniram contra o Teu Santo Servo Jesus, a Quem ungiste, aqui nesta cidade, Herodes e Pôncio Pilatos, juntamente com as nações e com todo o povo de Israel, para fazerem tudo o que a Tua vontade e o Teu conselho haviam predeterminado que acontecessem..." [Atos 4, vs. 27-28]. Nas palavras do pastor norte-americano John Piper, "...nunca deixará de ser um escândalo o fato de Deus ter escolhido salvar o homem pecador por meio do assassinato premeditado de Seu Filho inocente..." - em outros termos, a mensagem do Evangelho é uma loucura (e sempre o será) para aqueles que estão perecendo, mas para os que são salvos, Cristo é poder e sabedoria de Deus, cuja "fraqueza é mais forte do que os homens" e "cuja loucura é mais sábia do que os homens".
Nesse mistério de amor, Deus "pôs fogo" em Seu amado Filho ao lançar a Sua ira santa sobre Ele, o único que não cometeu pecado, para que Ele bebesse o cálice da ira sem que restasse nenhuma gota para nós e, em troca, pudéssemos "erguer o cálice da salvação e invocar o Seu nome". O que dar, então, a Ele, por esse tão supremo benefício que Ele nos fez?
É preciso estar preparado para lutar contra os inimigos certos e da maneira certa - no meu caso, os que julgo ser mais perigosos são as "meias verdades misturadas com grandes mentiras" e o meu próprio pecado, além do próprio diabo, logicamente.
É preciso ir além de se ter "fé", mas ter fé no lugar certo, na pessoa certa - ou seja, "apontar para a fé" deve ser, na verdade, "apontar pela fé" para "Aquele que é o Autor e consumador da Fé", a saber, O Cristo, Jesus de Nazaré, o Salvador do mundo.
Em último lugar, a partir do momento em que se é resgatado da Cidade da Destruição, se começa a peregrinação rumo à Cidade Celestial, de forma que o "cristão" tem uma missão a cumprir - a missão de nunca se desviar do caminho que o levará ao destino e, enquanto caminha, deve convidar em nome dAquele que o enviou, seja qual for o lugar, tantos quantos puder para entrarem na mesma peregrinação. De fato, muitas vezes será necessário "por fogo no que restar da embarcação" e, dessa maneira, "não ser tentado a abandonar a missão". Ora, "quem põe a mão no arado não deve olhar atrás", pois assim como quem olhou para trás de direção de Sodoma e Gomorra pereceu ou virou "estátua de sal", aqueles que fugiram da ira divina "olhando para a frente" enquanto se tinha oportunidade foram postos a salvo [vide Gênesis 19].
Você está preparado para o fim dos seus dias?
Se ainda não se preocupou com isso, até quando vai achar que pode continuar "seguindo a sua vida sem reconhecer que está preso?"
Para onde a sua fé está apontando? Você tem a sua fé posta no lugar certo?
Você tem lutado contra os inimigos certos? Tem "lançado fogo" no que realmente deve ser consumido antes que você se consuma? Se ainda não, "fogo"!
Pela esperança de que minha mira está bem ajustada,
Soli Deo Gloria!
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