04 de outubro de 2014.
Estamos muito próximos do que muitos denominam de "espetáculo da democracia" ou de "ápice do exercício da cidadania". Sim, amanhã é dia de eleição em todo o Brasil.
Mais detalhadamente, nesse 05 de outubro serão eleitos os deputados estaduais/distritais, deputados federais, senadores e (caso não haja segundo turno), elegeremos também os governadores e o presidente da república. Nos últimos meses, esse tem sido o tema das discussões entre as famílias, nos pontos de ônibus e estações de metrô, nas escolas e universidades, assim como dos telejornais, da comunicação impressa (revistas, jornais etc.) e, especialmente, da internet - seja com as "zueiras" dos memes, seja com os compartilhamentos e "tweets" relativos aos candidatos e, obviamente, com as discussões acaloradas e, quase sempre, desprovidas de bom senso e educação.
Em contrapartida, espero ser sensato neste post - ora, de incoerência e pseudotolerância
o mundo já está supersaturado.
Sem perder tempo, o título deste texto, particularmente, está relacionado com uma canção da Legião Urbana chamada "1965 (Duas Tribos)", que diz no final de sua letra:
"O Brasil é o país do futuro...
Em toda e qualquer situação, eu quero tudo pra cima!" [1965 (Duas Tribos)]
Porém, como você deve ter notado, a música afirma que o Brasil é o país do futuro. Por outro lado, eu estou perguntando: "o Brasil é o país do futuro?" Se o Brasil é "o país do futuro", que futuro é esse? Além disso, partindo-se do pressuposto de que o futuro (sob o ponto de vista humano) está diretamente relacionado com o presente (e também com o passado), como é o "Brasil, país do presente"? Acredito que uma visão correta a respeito de nossa realidade nos confere melhores condições e subsídios para nossa posição política e, como resultado, dá mais base para nossos votos de amanhã.
Brasil, país do presente.
Resumidamente, o "Brasil do presente" é um país de contradições.
Dentre tantas contradições, gostaria de relembrar o celebrado "junho de 2013" - o qual inspirou até filme - , mês marcado pelas manifestações de rua que marcaram a população brasileira. Eu, inclusive, como cidadão politicamente consciente, fui pras ruas, fiz cartazes, gritei quase todos os gritos de guerra e senti spray de pimenta nos olhos. Entretanto, embora o canto de "O Gigante acordou!" tenha ecoado por todo o solo nacional (principalmente nas capitais do Nordeste, Sudeste e Sul), a minha sincera expectativa e esperança é que esse "despertar" não acabe em um "berço esplêndido", onde novamente nos "deitaremos eternamente ao som do mar e à luz do céu profundo" - com todo o respeito ao nosso belo hino nacional. Ou seja, se verdadeiramente o "Gigante" está acordado, políticos desonestos e ladrões não devem ser eleitos amanhã - porém, infelizmente, isso não irá acontecer. Muitos de nós que "acordaram" em junho do ano passado, provavelmente, colocarão maus políticos no poder e, assim, mostrarão que continuam dormindo.
Incoerência, pseudotolerância e hipocrisia.
Os leitores de meus textos (especialmente os de 2014) têm notado que estas três palavras acima são recorrentes em meus argumentos e, pra variar, elas também compõem a tríade que sintetiza a alma da sociedade brasileira vigente - ora, os que mais prometem servir o povo só vão até o povo em campanha eleitoral, os que exigem respeito e tolerância para com o "diferente" são bem intolerantes com os "diferentes" que não são iguais a eles e os que criticam tudo e todos (especialmente os políticos corruptos) são os mesmos que "furam a fila" do banco, que "guardam lugar" em eventos pagos onde todos os participantes têm direitos iguais e que reclamam da má infraestrutura urbana ao mesmo tempo que jogam lixo na praia ou em áreas verdes. Usando um exemplo que presenciei essa semana, as mesmas pessoas (no caso, mulheres) que gritam num trote universitário para que o calouro dê uma "encoxada" na outra caloura [ora, no outro é bem divertido e não é atentado ou assédio] são as mesmas que criminalizam essa atitude nos transportes coletivos - sim, os mesmos que bradam que o corpo deles é um "território livre de opressão" acabam fazendo músicas e "brincadeiras" de apologia à violência sexual. É triste, mas é verdade. Os "intelectualmente superiores" se mostram tolos e estúpidos, mais estúpidos até mesmo que aqueles menos instruídos.
Em suma, quando eu não sofro na pele, tudo é relativo - dessa forma, se tudo é relativo, eu poderia usar desse relativismo todo e achar normal qualquer atitude de discriminação social, étnica e religiosa de minha parte - e, se você for relativista, você deveria ficar de boca calada e desistir da ideia de "rodar a baiana" para impedir o meu "suposto direito" de discriminar o que quer que fosse. É isso mesmo - em uma sociedade em que o conceito de padrão e de absoluto é considerado obsoleto, não faz sentido a existência de direitos invioláveis ou de justiça. No entanto, os "relativistas" de nossa "geração chilique" consideram seus caprichos como padrões absolutos e inquestionáveis. Diante disso, minha conclusão é: coerência, a gente vê por aqui.

A última contradição do nosso "Brasil do presente" sobre a qual queria falar tem a ver com a nossa conjuntura religiosa atual - como se vê, as pessoas em nosso país estão ao mesmo tempo cada vez mais religiosas porém descrentes, cada vez mais espiritualizadas concomitantemente à expansão de movimentos antirreligiosos ou antiteístas. Em particular, comenta-se que o número dos "cristãos chamados evangélicos" está numa ascensão, de modo que algumas previsões futuras parecem apontar que o Brasil se tornará, em algumas décadas, uma nação predominantemente "evangélica" ao invés de "católica". Isto posto, levanto a seguinte questão: se a quantidade daqueles que se declaram seguidores do Cristo (o Filho de Deus, que morreu e ressuscitou para salvar pecadores arrependidos e também para estabelecer plenamente o reino de Deus no futuro porvir) aumenta gradativamente no Brasil, por que a violência se espalha como um vírus, a imoralidade, a depravação comportamental e a corrupção cresce exponencialmente, a injustiça social ainda permanece latente e, finalmente, a população se torna mais zombadora de um Deus que deveria ser temido com tremor? Por que o "avivamento" tão falado no início dos anos 2000 e ainda cantado nos CDs do "mercado gospel", profetizado nos "congressos de adoração e intercessão gospel" e registrado na "literatura de autoajuda gospel" não produz vida nenhuma entre os que são parte da "geração extravagante, profética, apostólica e radical" e, muito menos, entre os que continuam mortos por estarem distantes do Autor da Vida?
Muitas vezes, as estatísticas nos enganam.

Assim como pesquisas eleitorais nem sempre definem o resultado efetivo da eleição, o fato de que muitos no Brasil se declarem "evangélicos" não indica que todos eles são discípulos de Jesus - ora, discípulos de Jesus não carregam dólares não-declarados dentro de bíblias em aeroportos internacionais (e nem mesmo nas meias ou outros tipos de peças de roupa), não se vendem ao mercado fonográfico para fazerem carreira no "mundo gospel" com o rótulo de "ministro e levita do Senhor" depois do fracasso no meio dito "secular" nem usam um título eclesiástico (como pastor, bispo ou missionário - os quais, na Bíblia, são vocações essencialmente divinas para o serviço a Deus e ao próximo) para angariar eleitores inocentes e incautos que votam conforme o "cajado da autoridade espiritual" ao se apresentarem como os "defensores da igreja". Não é nada disso.
Contra todo esse mau exemplo, os verdadeiros discípulos do Mestre Nazareno compartilham o que têm com os necessitados (a ponto de dar até a própria vida por eles), fazem arte como pessoas conscientes de que todo o talento que têm foi recebido do próprio Deus e, por isso, naturalmente, usam esse talento para Ele e, finalmente, discípulos de Cristo exercem sua cidadania de maneira consciente e livre, sem manipularem outros em nome de uma "causa evangélica" (uma vez que quem se propõe a ser político representa o povo como um todo, e não um segmento social específico, seja ele qual for) como se a Igreja - a comunidade dos que creem em Cristo - precisasse de algum defensor ou guarda-costas. A Igreja já tem o seu Defensor - na Bíblia está escrito que Jesus Cristo é o Advogado dos que confiam nEle bem como que Ele vive sempre para interceder por aqueles que Ele mesmo salvou. Além disso, Jesus afirma que o Seu reino não é desse mundo - isto é, não é necessário ter a maioria de deputados ou senadores como parte de uma "bancada evangélica" para que a comunidade cristã esteja sã e salva [embora seja lícito e benéfico que cristãos íntegros estejam atuando na política] e para que o reino de Deus seja expandido. Deus não precisa dos poderes executivo e legislativo para fazer nada - se Ele quiser fazer algo por meio de políticos, Ele fará, como no processo do fim da escravidão no Reino Unido no fim do século XVIII, em que o político cristão William Wilberforce foi o líder da luta pelo fim da exploração e do comércio de escravos na Inglaterra. Todas as coisas são de Deus, por Ele e para Ele - logo, podemos (e devemos) usar nossa cidadania e postura política conforme os valores que Ele mesmo já nos deu: justiça, liberdade, respeito, equidade, paz, compaixão, amor.
Mas a pergunta continua... O Brasil é o país do futuro?
Tendo em vista essas poucas considerações feitas sobre o "Brasil do presente", o importante não é dizer se o Brasil é ou não o "país do futuro", mas qual futuro estamos dispostos a buscar para o Brasil, como brasileiros que somos.
É fato que todos queremos justiça, o fim da corrupção e o respeito mútuo.
Todavia, quando muitos de nós propomos um governo ou um país quase anárquico, onde não existe "verdade absoluta" e nem "padrões de certo e errado" (isso é muito ofensivo, melhor parar) que nos perturbem ou contrariem, não pode haver justiça, nem respeito e até mesmo o fim da corrupção ou qualquer mal parecido. Se pensarmos só um pouquinho, se não existe verdade absoluta, não faz sentido se falar em corrupção, nem em direitos e nem em justiça - em outras palavras, onde não existe Deus, tudo é permitido, já dizia Dostoieviski. Entretanto, para nossa tristeza (assim como para nossa alegria, ao mesmo tempo), Ele existe - melhor ainda, Ele é. Ele é o padrão de retidão e de verdade e, como nosso Criador, Ele imprimiu em nós esse senso de justiça. Certo dia, contudo, fomos rebeldes contra Ele e, assim gradativamente, o caos que vemos hoje em nosso meio foi se construindo, um caos não somente social, mas especialmente moral e espiritual - nos afastamos de Deus, fizemos cada um o próprio trono e a maldade se alastrou. Como ter um futuro nessas condições?
A esperança nasce no desapontamento.

Deus veio ao mundo e, na pessoa de um carpinteiro, disse: o reino de Deus é chegado; arrependam-se e creiam na Boa Nova.
Deus veio ao mundo e, na pessoa de um carpinteiro, disse: o reino de Deus é chegado; arrependam-se e creiam na Boa Nova.
Ele veio dar a melhor notícia que poderíamos ouvir - O Criador estava reconciliando o mundo consigo mesmo por meio de Seu Filho, que viria para viver uma vida justa e sem pecado e ser crucificado para pagar o preço dos pecados dos homens, salvando todos os que se arrependerem e crerem Nele. Esse Deus que veio ao mundo não só morreu, mas também ressuscitou e, antes de retornar ao Seu Lar original, disse que "não nos compete saber os tempos e estações que o Pai estabeleceu pelo Seu próprio poder" quando alguns discípulos lhe perguntaram sobre quando tudo seria restaurado.
Assim, não sabemos quando tudo isso de errado a nossa volta vai acabar mas, se um Deus verdadeiro assim prometeu, certamente esse dia chegará. E, quando esse dia chegar, não serão apenas brasileiros que serão alvo dessa restauração - africanos, norte-americanos, argentinos, italianos e muitos outros europeus, asiáticos, árabes e israelenses e todos de todo lugar que olharam um dia para a Cruz e renderam-se a Quem os amou primeiro. Nesse futuro, não só o "Brasil" será um país diferente [dentro de certa licença poética], mas o mundo também o será. Um novo céu e uma nova terra; todas as coisas serão novas.
Assim, não sabemos quando tudo isso de errado a nossa volta vai acabar mas, se um Deus verdadeiro assim prometeu, certamente esse dia chegará. E, quando esse dia chegar, não serão apenas brasileiros que serão alvo dessa restauração - africanos, norte-americanos, argentinos, italianos e muitos outros europeus, asiáticos, árabes e israelenses e todos de todo lugar que olharam um dia para a Cruz e renderam-se a Quem os amou primeiro. Nesse futuro, não só o "Brasil" será um país diferente [dentro de certa licença poética], mas o mundo também o será. Um novo céu e uma nova terra; todas as coisas serão novas.
Enquanto esse dia não vem, que Ele nos ajude a fazer melhor o nosso presente, para que o nosso Brasil seja um país de futuro, um futuro de paz e justiça. Ora, "a justiça engradece as nações, mas o pecado é a vergonha dos povos". Em toda e qualquer situação, eu quero tudo pra cima - logo, um bom voto pra todos nós!
Pela alegria de ter um futuro seguro Nele,
Soli Deo Gloria!
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