sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Reajuste radical do foco...

Depois de alguns bons dias, retornei.

Nesse meio tempo, muita coisa aconteceu: viagem, passeios históricos, conferência, palestras, muita música, novas amizades e contato com coisas novas, andanças e peripécias pela madrugada etc... Enfim, após dias tão corridos (a ponto de eu ter dormido desde a manhã até o fim da tarde no dia em que voltei de viagem), guardo a sensação de que tudo valeu a pena. Faria tudo novamente. 

Mas o tempo caminha em um único sentido. Logo, nada de ficar para trás; vamos em frente.


Depois desses últimos dias, tenho pensado bastante em uma coisa apenas e não quero me estender muito para chegar ao ponto. Bem, o que não sai da minha cabeça foi escrito pelo apóstolo Paulo, na sua segunda carta à igreja de Corinto, como segue:

"Examinem-se a si mesmos, se vocês permanecem na fé; provem-se a si mesmos. Ou não sabem quanto a vocês mesmos, que Jesus Cristo está em vocês? Se não é que vocês já estão reprovados.
Mas espero que entenderão que nós não somos reprovados". [2 Coríntios 13:5-6]


A orientação das Escrituras é clara. Examine-se a si mesmo. Prove-se a si mesmo. Mas, para variar, não é nada disso que acontece. Todos nós, em algum momento (ou em quase todos os momentos), sempre examinamos os outros. Seja para julgar se eles estão firmes na fé (na menos pior das hipóteses), bem como apenas para tecermos críticas inúteis, repletas de um "humor pseudo-cristão medíocre" e que não trazem muita edificação, principalmente para os próprios críticos. Como eu disse em um post do mês anterior [Julgando com justiça], eu estou cansado e saturado - melhor, estou supersaturado! - de todo esse panis et circensis cristão, em que aqueles que (ironicamente) defendem a supremacia da graça de Deus sobre todas as coisas parecem, na verdade, negar o que tanto defendem. Todos exibem, confiadamente, seus "argumentos coerentes", seus posts na internet, suas publicações nas redes sociais, demonstrando um orgulho sutil da própria graça e conhecimento que Deus lhes dispensou. REVOLTANTE. INACEITÁVEL. MEDÍOCRE. Uma verdadeira desgraça, uma anti-graça. 

       

Além disso, o texto ainda traz uma questão introspectiva: "...ou não sabem, quanto a vocês mesmos, que Jesus Cristo está em vocês?..." (vs. 5). Isto é: vocês já se deram conta de que Cristo está em vocês? Em outras palavras: visto que Cristo está em vocês, porque vocês ainda se comportam como medíocres, olhando sempre para o argueiro do olho de seus irmãos e não vê as traves que estão em seus olhos? (Mateus 7:3-5). Como somos hipócritas, fingidos e cheios de mecanismos de escape da verdade! Mas eu tenho uma dica [a começar em mim]:

Vamos comprar vários frascos de "Christ Simanchol" na farmácia Sola Scriptura mais próxima e aprender somente com o que ela já diz! Esqueçamos um pouco os superpregadores eruditos (por mais que eles sejam bons exemplos e zelosos da verdade das Escrituras)! Esqueçamos os sites de apologética e humor! Esqueçamos os blogs (inclusive este)! Esqueçamos de tudo e só nos preocupemos em conhecer a Cristo, em amar a Sua Palavra, em segui-Lo, em devotar nossa vida inteiramente a Ele.


Mas, me detendo apenas ao texto bíblico, observo um grande problema: o apóstolo Paulo considera a possibilidade de reprovação dos cristãos da igreja de Corinto, conforme o final do verso 5: "...se não é que vocês já estão reprovados...". Tenso. Até mesmo horripilante. Mas, nesse contexto, acredito que a expressão "reprovados" está primordialmente relacionada com a atitude de abandono do "examine-se a si mesmo". Eles haviam perdido isso de vista e o apóstolo, pelo zelo para com aqueles cristãos, os exorta com verdade e amor. Enfim: se somos verdadeiramente salvos não há mais condenação. Porém, a nossa vida deve refletir a mudança radical decorrente de nossa conversão e isso envolve um constante autoexame das convicções de fé e do que precisa ser mudado para sermos cada vez mais conformes à imagem de Cristo, assim como Ele predestinou (Romanos 8:29). 

Nós não somos reprovados (vs. 6), mas quase sempre somos medíocres, acusadores e hipócritas. Graças a Deus por Ele nos ter feito agradáveis a Si mesmo por Sua própria graça e em Cristo (Efésios 1:6). Entendeu? Se agradamos a Deus, é tudo EM CRISTO e PELA GRAÇA. Não tem nada a ver comigo. Não tem nada a ver com você. Não se iluda com suas "grandes ações" em nome de Deus. Não se iluda com seu zelo pela verdade. Se não fosse pela Graça e em Cristo, nada feito. NADA. 


Por tudo isso, quero que esse post seja uma realidade em mim. Provavelmente, eu sou tão hipócrita e medíocre quanto aqueles que eu critiquei aqui. Julgo pela aparência, confio em minha própria espiritualidade e nego a supremacia da graça que tanto pareço defender. Trocando em miúdos, esse post não deveria ser escrito por mim, e sim PARA MIM. Deus e suas santas ironias.

Para encerrar, deixo o registro do provável último discurso de Jesus durante os 40 dias após sua ressurreição, como registrou João em seu evangelho:

"E Pedro, voltando-se, viu que o seguia aquele discípulo a quem Jesus amava, e que na ceia também se recostara em seu peito, e que dissera: Senhor, quem é que te há de trair? Vendo Pedro a este, disse a Jesus: Senhor, e deste que será?
Disse-lhe Jesus: se eu quero que ele fique até que eu venha, que te importa a ti? Segue-me tu". [João 21:20-22]



O que importa é somente e tão somente seguir a Cristo. Por mais que alguns continuem questionando a Deus sobre o que o próprio Deus deve fazer com os outros (como se Ele não soubesse o que deve ser feito, não é?), eu preciso e desejo apenas reajustar o meu foco. Radicalmente. Preciso me focar no Único Alvo realmente seguro.



Pela certeza de caminhar rumo ao Alvo,




Soli Deo Gloria!

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