Deixe-me explicar: a primeira afirmação diz que a música deve ser baseada nas Escrituras, e uma música baseada nas Escrituras é uma música baseada em Cristo.
Jesus fala com os mestres da Lei e diz o seguinte: “Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de mim” (Jo 5:39). São as Escrituras que testificam de Jesus; e se nós compomos músicas que pregam verdades das Escrituras, compomos músicas que pregam verdades sobre Jesus.
Ele, falando com os discípulos no caminho de Emaús, em Lucas 24:27, diz: “E, começando por Moisés, e por todos os profetas, [Jesus] explicava-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras”. Em toda a Escritura, em todo o Antigo Testamento… Jesus estava mostrando para aquelas pessoas que lá tudo testificava dEle. Se nós compomos músicas baseadas nas Escrituras, compomos músicas baseadas em Cristo, por que Jesus é tudo na Escritura.
Nós não temos essa noção por que nossas pregações não trazem essa verdade. Entenda: sobre quem a Bíblia fala? Ela fala sobre mim ou ela fala sobre Cristo? Nós ouvimos pregações que dizem: “O Antigo Testamento: Davi e Golias. Você é Davi, vença seus gigantes!”, ou então sobre todas as outras passagens: “Você é Ester, vá lá e enfrente o Rei”. Mas, será que nós somos Ester, nós somos Davi; ou Cristo é?
Jesus é Adão. Não um Adão que pecou, mas um Adão que venceu e sua vitória foi imputada sobre nós. Ele é o Cordeiro que foi morto no Éden, para encobrir a nudez dos pecadores. Ele é a Árvore da Vida que traz vida eterna para aqueles que o recebem e comem dEle. Ele é Abel, que o seu sangue clama, não por condenação, mas por justiça. Ele é Abraão, que saiu da terra para andar por outro país desconhecido, para criar um povo incontável. Ele é Jacó, que recebeu nossa ferida ao lutar por nós. Ele é Moisés guiando seu povo. Ele é a rocha de Moisés vertendo água. Ele é o galho lançado na Água amarga. Ele é Jó, o justo que sofreu. Ele é Davi, vencendo os gigantes que iam nos derrotar. Ele é Ester, indo diante do Rei interceder pelo povo. Ele é Jonas, sendo lançado no mar para salvar a tripulação. Ele é o cordeiro da páscoa, ele é o templo, ele é o profeta, ele é o sacerdote, ele é o rei, ele é o sacrifício, ele é a luz, ele é o pão, ele é o dízimo, ele é o sábado, ele é tudo. Cristo é, não você. Cristo é o conteúdo da Escritura. Se compomos músicas sobre a Escritura, compomos músicas sobre Cristo.
Nossas músicas falam sobre quem? Sobre Jesus, primordialmente, ou sobre você?
Gosto muito de uma história de Charles Spurgeon, sobre um gaulês que ouviu um jovem pregar um sermão “magnífico, grandioso, pretensioso e bombástico”. Spurgeon continua:
“depois de chegar ao fim [do sermão], perguntou ao gaulês o que achava a respeito. O homem respondeu que não dava nenhum valor a ele. “E por que não?” “Porque não havia nele nada de Jesus Cristo.” “Ora”, disse o pregador, “mas meu texto não apontava naquela direção”. “Não importa”, disse o gaulês, “seu sermão deve seguir naquela direção”. “Não vejo o assunto assim”, disse o jovem. “Então”, disse o outro, “você ainda não vê como deve pregar. O modo certo de pregar é o seguinte: De cada aldeia minúscula na Inglaterra — não importa em que região — sempre sai, com toda a certeza, uma estrada para Londres. Embora talvez não haja estrada para outros lugares, certamente haverá uma estrada para Londres. Da mesma forma, de cada texto na Bíblia há uma estrada que leva a Jesus Cristo, e o modo certo de pregar é, simplesmente, dizendo: ‘Como posso, tomando esse texto como ponto de partida, chegar até Jesus Cristo?’ e, então, ir pregando pela estrada afora”. “Mas”, disse o jovem, “suponhamos que descubro um texto que não tem uma estrada que leva a Jesus Cristo?” “Faz quarenta anos que estou pregando”, disse o velho, “e nunca achei um texto bíblico assim; mas se chegar a achar um, passarei por sebes e cercas, e chegarei até Ele, porque nunca termino sem introduzir meu Mestre no sermão”.
Essa é uma verdade sobre pregação, mas a música, como pregação, precisa viver essa verdade. Precisamos, de algum modo, levar o tema que pregamos a Cristo; de algum modo, levar o tema da canção a Jesus. De algum modo levar ao carpinteiro de Nazaré que morreu para me salvar. Claro, nem todas as músicas são completamente cristocêntricas, nem todas as músicas serão completamente baseadas nos atributos de Deus, ou completamente como um meio profundo de ensino... claro que elas serão um pouco mais focadas em um destes pontos do que outro. Mas, no conjunto, no canto congregacional como um todo, esses três pontos não podem faltar e não podem estar negligenciados em nenhuma música.
Extraído de: http://voltemosaoevangelho.com/blog
Soli Deo Gloria!
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