quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Viver é apenas sentir?

Novamente, após cerca de 1 mês e meio ausente, volto a escrever aqui.

Nesse ínterim, responsabilidades acadêmicas, atividades em família e ocupações diversas - incluindo a cada vez mais freqüente falta de inspiração, provavelmente - deixaram-me sem tempo para colocar as idéias em ordem; porém, neste texto, espero ser bem-sucedido nesse objetivo. 

E, como se diz na Itália, "avanti!" ou "andiamo!"

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O tema desse post se baseia numa frase que li certa vez em algum lugar da universidade onde estudo - todavia, o que estava escrito era: "viver é apenas sentir". Ora, como sou provocador por natureza, decidi usar a afirmação de outrora e transformá-la numa pergunta, a qual lanço a todo leitor que, porventura, visitar este blog: "viver é apenas sentir"? De fato, não tenho a expectativa de dar respostas exaustivas e convincentes a todos, mas, caso seja gerada uma reflexão honesta sobre o tema, ficarei mais que satisfeito. 

Inicialmente, acredito ser pertinente partir da sentença na sua forma afirmativa e tecer alguns comentários a respeito do que ela traz consigo ou, de outra maneira, dos conceitos que ela comunica. Desse modo, a primeira idéia que me vem à mente quando penso nas palavras "viver é apenas sentir" é o fato de que os seres humanos de nosso tempo são basicamente sensitivos/sensoriais/sentimentais ou são movidos predominantemente por seus anseios e afeições - não importa quais sejam. Particularmente, acredito que o refrão da banda brasileira Los Hermanos, que diz "...quem é mais sentimental que eu?...", pode ser uma honesta expressão do modus vivendi da maioria de nós, visto que certamente não é apenas o escritor da frase de meu campus que vive como se "viver fosse apenas sentir" - embora acreditemos piamente, mais do que em qualquer época, que o que nós sentimos é [na linguagem iluminista] "a medida de todas as coisas", medida essa que muda mais rápido do que a quantidade de batidas das asas de um beija-flor, de acordo com a conveniência. 

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Mas talvez você esteja se perguntando: "onde estão as evidências de que somos uma geração imersa em sentimentalismo e que vive dessa maneira"? 

Nesse sentido, posso mencionar alguns fatos que indicam claramente a presença de um tipo de "sentimentalismo tóxico" [conforme as palavras do escritor britânico Theodore Dalrymple em seu livro "Podres de Mimados" - alguém já está sentindo o espírito natalino bater à porta?] em todas as esferas de nossa sociedade - ora, basta observarmos as letras das músicas que mais fazem sucesso [as quais normalmente falam de "amores mal-resolvidos" ou de como tudo é banalizado com base numa relação "custo-benefício"], os tipos de livros que mais vendem nas livrarias [todos sabemos que as seções de auto-ajuda, de erotismo descompromissado e hedonista ou daqueles títulos que ensinam "X passos para ser uma pessoa de sucesso" ou "o segredo dos homens mais ricos" etc. são as mais comumente procuradas], os índices de divórcio [uma vez que o casamento não é mais tratado como uma união vitalícia na qual o amor é aperfeiçoado com o tempo e por meio de bons e maus momentos, mas como um contrato que pode ser rescindido na medida em que uma das partes - ou ambas - "não sente(m) que as coisas estão dando certo"], a trivialização das relações humanas [ou o completo desprezo por elas a partir do momento em que o outro "não serve mais para meus interesses"] e ainda a histeria doentia [até assassina!] que move aqueles que se explodem para matar "infiéis" bem como outros para erguer cartazes em universidades com apologia ao genocídio de seus "inimigos" em nome de sua "nobre causa revolucionária"

Eu poderia citar outros exemplos mas, como pretendo não escrever inutilmente, suponho que estes já sejam mais do que suficientes para nos fazer pensar que somos totalmente subservientes ao que sentimos (seja nas artes, na produção literária, nos relacionamentos ou nas idéias que nos impulsionam) - e, como se pode perceber, nossos sentimentos normalmente não nos têm conduzido a coisas boas, mas exatamente o contrário. 

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Além disso, outra idéia que acompanha a frase "viver é apenas sentir" consiste no pensamento de que a realidade é uma espécie de "inimiga de uma vida feliz", de maneira que a nossa tendência mais recorrente, quando diante de situações desagradáveis ou que fogem de nosso controle, é tentar "fugir da realidade" ou simplesmente "fazer de conta que os problemas não existem" para que os sentimentos não sejam "feridos" ou "machucados" - por um lado, admito, é mais "fácil" ignorar aquilo que nos perturba ou mesmo nos causa desespero na esperança de que tudo simplesmente desapareça como "poeira levada pelo vento", entretanto esses tais problemas irão continuar existindo até que sejam encarados e resolvidos devidamente e, após a resolução destes, outros certamente nos sobrevirão, uma vez que o testemunho da experiência humana prova que intempéries e decepções nunca deixarão de ser parte da vida ou, segundo as palavras do escritor bíblico em Jó, "...o homem, nascido de mulher, vive pouco tempo e é cheio de inquietações..." [Jó 14, vs. 1]

Talvez existam outros pontos que poderiam ser abordados a respeito da afirmação de que "viver é apenas sentir", no entanto creio que uma maneira eficaz de apresentá-los aqui é considerar com mais detalhes a pergunta que dá título ao texto, na qual você já deve estar refletindo desde que começou a leitura. 

Por tudo isso, faz sentido afirmar que "viver é apenas sentir"?

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De fato, não é possível viver sem sentir - ainda que uma cosmovisão forjada pelo imaginário materialista e/ou naturalista nos induza a pensar que toda a realidade (em particular, o gênero humano) possui apenas dimensão material, o que implica que aquilo que chamamos de "sentimentos" não passam de resultados de processos físico-químicos desprovidos de qualquer fator não-natural, o fato é que nós, seres humanos, de certo modo, temos um componente emocional que nos faz ser quem somos ou, mais corretamente, conforme as palavras do Gênesis, nós somos "almas viventes" [cap. 2, vs. 7], de modo que o "sentir" é algo necessário e inevitável pelo fato de que somos como somos. Estudando a linguagem hebraica, constata-se que o termo para "alma" presente em Gênesis 2:7 e mais usualmente empregado no texto bíblico hebraico é "néfesh" [transliterado], o qual também é aplicado, curiosamente, ao conceito do que poderia ser descrito como "garganta faminta" - i.e., o ser humano como "alma vivente" não pode "viver sem sentir" porque ele é, essencialmente, um ser "desejante" ou "anelante", de forma que ao mesmo tempo que "possui desejos, sentimentos e vontades" de diversas coisas [dinheiro, sexo, prestígio, poder político etc.] ele é, em si, desejo e anseio por algo que o satisfaria por inteiro [caso esse "algo" seja encontrado]. Ou seja, enquanto o homem não se depara com aquilo pelo que ele é, ontologicamente, desejo, ele continuará entoando dentro de si o refrão que diz:

"But I still haven't found what I'm looking for..." [U2]

Ou:

"Mas eu ainda não encontrei o que eu estou buscando...",

Cujas palavras remontam às célebres citações do filósofo Agostinho de Hipona nas emblemáticas "Confissões":

"Quia fecisti nos ad Te et inquietum est cor nostrum, donec requiescat in Te",

Que em latim quer dizer "Porque Tu nos fizeste para Ti, e inquieto está o nosso coração, enquanto não repousa em Ti".

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Uma vez mais você pode estar questionando: quem seria esse "Tu" a quem o filósofo se refere como "Aquele que nos fez para Si e que seria o nosso único lugar de descanso"?

Para tirar essa dúvida, o ideal seria estudar as obras do próprio Agostinho, contudo, pelo que já li de seus escritos, afirmo que esse "Tu" que "nos fez para Si e em Quem nosso coração encontra descanso" nada mais é do que "Deus" - porém não um "deus qualquer", a quem damos o "nome" que bem desejarmos na hora que quisermos, como se "ele" fosse manipulável [ou mesmo uma cogitação de nossa mente] em vez do Criador de tudo o que existe e que nos permite conhecê-Lo por Sua própria iniciativa [o que chamamos de "auto-revelação divina"], como dizia C. S. Lewis: "...quando se trata de conhecer a Deus, toda a iniciativa depende Dele; se Ele não quiser se revelar, nada do que façamos nos permitirá encontrá-Lo...". Isto é, em última instância, se o C. S. Lewis estiver com a razão, dependemos totalmente de Deus para encontrar Deus, de tal sorte que, quando alguém começa a "buscar a Deus querendo achá-Lo", esse "ser anelante" ou "alma vivente" somente O encontrará quando Ele se deixar ser achado, pois assim está escrito nos Profetas bem como nas próprias palavras de Jesus Cristo:

"...'E buscar-me-eis, e me achareis, quando me buscardes de todo o vosso coração.
E eu me deixarei ser achado por vós', diz o Senhor..." [Jeremias 29, vs. 13-14a]

"...Está escritos nos Profetas: e todos serão ensinados por Deus. Portanto, todo aquele que do Pai ouviu e aprendeu vem a Mim...". [João 6, vs. 45] 

Em suma, o que os textos juntos afirmam é que todos aqueles que buscam a Deus de todo o coração [na literatura hebraica bíblica, "coração" é como uma união entre a mente, a vontade e os sentimentos] irão achá-Lo, pois Deus se deixará ser achado por eles, os quais só vêm até Ele porque foram ensinados por Ele e aprenderam Dele, como se lê em outro lugar: "...bem-aventurados os puros de coração, porque eles verão a Deus..." [Mateus 5, vs. 8].

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Por outro lado, a pergunta ainda paira... viver é apenas sentir? 

Se "sim" [alternativa que desconsidera todos os contrapontos desse post], por quê? Se não, quais as razões?

Tendo considerado o aspecto "sentimental" da vida de modo breve, a resposta que trago como a correta para a pergunta [certo e errado continuam existindo!] é a de que "viver não é apenas sentir", já que só poderíamos levar em conta que somos "almas viventes" no sentido de "seres desejantes em nós mesmos" pela compreensão objetiva e racional da mensagem de um livro chamado Bíblia [inclusos os conhecimentos gramaticais de hebraico!] e a subseqüente aceitação de sua mensagem como fidedigna, auto-justificável e verdadeira, a despeito de toda e qualquer opinião contrária - ora, isso pressupõe a confiança na autenticidade de seus escritos atuais, na preservação de seus textos originais ao longo dos séculos, na veracidade de seus relatos e, finalmente, na possibilidade de termos um conhecimento seguro a respeito, o que indica que podemos confiar objetivamente no que nos é apresentado como parte do todo da realidade e, em particular, na Bíblia e em sua mensagem. Dessa maneira, se "viver fosse apenas sentir", não poderíamos confiar em qualquer "livro sagrado" ou científico e nem em nossos próprios sentimentos [dada a inconstância deles], consoante as palavras do poeta barroco Gregório de Matos, que dizia que "...temos toda a nossa firmeza somente na inconstância...". Em outros termos, a vida não é apenas "sentir" tampouco é apenas "raciocinar" - não há dicotomia, pois o homem, como um todo, sente [é "alma vivente"] e pensa ["cogito, ergo sum"].

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Finalmente, não poderia deixar de expor o aspecto principal dessas reflexões, o qual deriva de outra pergunta: viver consiste em sentir e pensar ou é mais do que isso? O que é "viver" no fim das contas?

Com base na idéia de que fomos "criados por Deus à Sua imagem e semelhança" e que Ele "soprou em nós o fôlego de vida" [Gênesis 1:27 e 2:7], confirmo as palavras de Paulo em seu discurso na Acrópole de Atenas, as quais dizem que em Deus "...vivemos, nos movemos, e existimos..." [Atos 17, vs. 28] - i.e., nossa vida natural depende de Deus, de forma que todos [incluindo todos os que não crêem Nele] só respiram/estão respirando agora porque Deus não tirou o ar deles. Todavia, não é somente isso.

Na verdade, Deus não apenas nos criou para termos uma vida física que provém Dele e que reconhecêssemos isso, mas sobretudo nos fez para "...o louvor de Sua glória...", o qual é o "fim supremo e principal do homem" de acordo com as palavras dos cristãos ingleses de Westminster. Todavia, como se pode ver, tudo o que temos feito é não viver para a glória de Deus desde que pecamos contra Ele em Adão até agora [pois continuamos a pecar], de modo que espiritualmente não temos vida ou "estamos mortos" [Romanos 6, vs. 23a] - ou seja, hoje não sabemos mais o que é viver verdadeiramente, pois a vida de Deus não está mais em nossa alma, de modo que temos procurado substituí-Lo por outras coisas que não satisfazem e jamais nos satisfarão. Em contrapartida, a única solução para este problema - um problema de peso eterno! - é ter essa "vida de Deus" de volta, vida essa que "...estava com o Pai e que nos foi manifestada, e nós a vimos..." [1 João 1, vs. 2], que "...era a Luz dos homens..." [João 1, vs. 4], que "...veio para o que era Seu, e os Seus não O receberam..." [João 1, vs. 11] mas que para "...todos quantos O receberam, aos que crêem em Seu nome, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus..." [João 1, vs. 12]. Não é possível ser mais preciso sobre o tema do que o próprio Cristo já foi, pois Ele disse que é "...o Caminho, a Verdade e a Vida..." [João 14, vs. 6] - ou seja, a vida de Deus que todo homem precisa para ser satisfeito como "alma vivente", como "ser que sente e que pensa" está somente em Jesus Cristo, como está escrito:

"Porque para mim o viver é Cristo..." [Filipenses 1, vs. 21a]

"Já estou crucificado com Cristo; já não sou mais eu quem vive, mas é Cristo que vive em mim, e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o Qual me amou e a Si mesmo se entregou por mim". [Gálatas 2, vs. 20]

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O homem que encontra Jesus Cristo - ou, no caso de Paulo, o homem a quem Cristo encontra - é aquele que entende que só vive de verdade se for em união com Ele ou, mais do que isso, é aquele cuja vida é o próprio Deus vivendo Nele na pessoa de Jesus Cristo, o Deus encarnado, que veio ao mundo "buscar e salvar o que se havia perdido", motivo pelo qual Ele buscou a Paulo naquele caminho de Damasco [vide Atos 9] e que, muitos séculos depois disso, igualmente me buscou e, ao me achar em mísero estado, também me salvou [Salmo 116, vs. 6].


Você já sabe o que é viver de verdade [ou já sabe que tem a vida de Deus em você]? 

O que você tem usado como base para viver? Os seus sentimentos enganosos ou a Verdade?

Se você ainda está afastado de Jesus Cristo, você precisa da vida de Deus - assim como eu precisava/e ainda preciso... O que você vai fazer diante desse quadro?

Sabendo que a Vida de Deus já nos foi manifestada em Jesus Cristo, até quando continuará fazendo de conta que pode "viver sem Ele" hoje e também depois da morte?





Por saber que viver é sentir-me satisfeito Nele,




Soli Deo Gloria!

quarta-feira, 11 de outubro de 2017

Speaking words of wisdom...

Novamente estou aqui.

Após mais de um mês ausente - tanto em termos de presença como de inspiração -, acredito que tenho algumas coisas a dizer. E, como o título deste post sugere, meu único desejo é "falar palavras de sabedoria" - melhor dizendo, escrevê-las. 

Vamos adiante.

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O tema deste texto, sem mais delongas, é "sabedoria" - dessa forma, deve-se considerar inicialmente o seu significado, o qual está relacionado ao "conhecimento", ao "saber" e também ao que chamamos "experiência de vida", de forma que nos permite discernir a melhor decisão ou postura a ser adotada diante das diversas situações ao longo da vida. Nesse contexto, é pertinente ressaltar que, ao longo da história humana, os conceitos de "sabedoria popular" (associada, por exemplo, a conhecimentos de medicina natural ou determinadas particularidades culturais), "sabedoria dos antepassados" (normalmente expressa em provérbios e ditados com algum valor moral implícito) bem como a "sabedoria erudita ou intelectual" (mais relacionada à filosofia, à teologia e outras formas de ciência) foram se desenvolvendo como algumas das principais expressões de reconhecimento de que, de uma forma ou de outra, sejam quais forem as motivações, o ser humano tem necessidade e interesse pela sabedoria - aludindo a Aristóteles em sua obra "Metafísica", "todo ser humano tem, por natureza, desejo de conhecer"

Para solidificar essa afirmação, sendo um pouco mais específico, podemos considerar o termo "filosofia" em si (o qual deriva de uma aglutinação de dois termos gregos, "philéos" e "sophia", significando "amor/amizade pela sabedoria") e a filosofia como atividade intelectual, cujo objetivo na maior parte da história foi - e ainda é, devido a algumas boas exceções - usar a mente e a reflexão a fim de se encontrar a verdade. Isto é, só é possível existir "amor à sabedoria" onde há interesse genuíno pela verdade, de maneira que todos os que se dizem "intelectuais", "filósofos", "formadores de opinião", "comentaristas políticos", "cientistas", "teólogos" (ou quaisquer outros que estão envolvidos na produção e propagação de conhecimento) que não valorizam a verdade devidamente - ou mesmo se insurgem contra dela e querem destruí-la a todo custo - não amam a sabedoria sob qualquer aspecto, tendo, em lugar disso, amor pela mentira e devoção à ignorância. Por tudo isso, pode-se supor que existe um tipo de sabedoria "boa" e um tipo de sabedoria "má". Será? Se sim, por quê?

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Por outro lado, nas reflexões feitas para escrever este texto, o que mais me vem à mente é um capítulo da epístola bíblica escrita por Tiago, no qual ele começa argumentando sobre o "tropeço nas palavras" e sobre "a impossibilidade de se domar a língua", dado o fato de que, conforme o que está escrito, "...ela é um mal irrefreável, e está cheia de veneno mortífero..." [Tiago 3, vs. 8]. Em seguida, ele conclui seu argumento dizendo que, "...com a língua bendizemos a Deus e com ela amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus..." [Tiago 3, vs. 9], afirmando categoricamente que "...de uma mesma fonte não pode sair água amarga e doce..." - ou seja, a língua humana é como uma "fonte agridoce", normalmente mais amarga do que doce, tendo em vista os inúmeros males que são causados por ela ao nosso redor. Em seguida, o escritor bíblico escreve algumas das palavras mais aterradoras sobre o assunto:

Quem é sábio e tem entendimento entre vocês? Que o demonstre por seu bom procedimento, mediante obras praticadas com a humildade proveniente da sabedoria. 
Contudo, se vocês têm no coração amarga inveja e sentimento faccioso, não se gloriem disso nem neguem a verdade.
Esse tipo de "sabedoria" não vem dos céus, mas é terrena; não é espiritual, mas é diabólica.
Pois onde há inveja e sentimento faccioso, aí há perturbação e toda obra perversa.
Mas a sabedoria que vem do alto é primeiramente pura; depois, pacífica, amável, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade e sem hipocrisia.
Ora, o fruto da justiça semeia-se na paz para os que promovem a paz
[Tiago 3, vs. 13-18]

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Nesses versos, Tiago faz uma pergunta perturbadora: "...quem é sábio e tem entendimento entre vocês?...", cuja resposta é ainda mais inquietante: "...que o demonstre por seu bom procedimento, por obras praticadas com humildade e sabedoria...". Ou seja, a sabedoria e o entendimento, segundo o ensino bíblico, não reside em "discursos vazios" e "palavras ao vento", mas sim é manifestada a partir de um "bom proceder" e de "obras de humildade", de forma que não há sabedoria verdadeira sem que haja, simultaneamente, o zelo pela boa conduta adornado por boas obras provenientes da humildade, visto que "boa conduta" sem humildade não é "boa" de fato, assim como uma humildade sem evidências não é nada mais que uma ilusão. 

Na seqüência do texto bíblico é apresentado o contraponto, segundo o qual se alguém possui "inveja amarga e sentimento faccioso" não deve se gloriar nessas coisas nem negar a verdade, pois toda suposta "sabedoria" coexistente com essas espécies de afeições não vem de Deus, mas "...é terrena, animal e demoníaca..." [vs. 15b] - i.e., as Escrituras apontam claramente a realidade dos dois tipos de sabedoria, a boa e a má, a celestial e a humana, a espiritual e a diabólica, e todo ser humano, sem qualquer exceção, adota para si uma dessas duas modalidades. Não tentemos negar, não façamos de conta que somos "neutros" e estamos "acima do bem e do mal" a esse respeito - se olharmos em nossas próprias consciências de modo honesto, provavelmente muitos irão perceber que abrigam dentro de si inveja, sentimento faccioso [o que pode ser algo como um "partidarismo egoísta"] e se surpreenderão com a veracidade da declaração bíblica, onde se lê que "...onde há inveja e sentimento faccioso, aí há perturbação e toda espécie de males..." [vs. 16]. A esse respeito, não há melhor exemplo do que o "modus vivendi revolucionário", no qual um dos motes é "...colocar todos contra todos em nome da igualdade entre todos...", igualdade que mascara a inveja de quem, por exemplo, não tem nenhum problema com ter muito dinheiro, a não ser que esse dinheiro esteja nas mãos de outros que não sejam "...do partido deles..." - e não apenas dinheiro, mas toda e qualquer dádiva que desfrutamos na vida ou mérito que alcançamos nela, como disse Winston Churchill:

"O socialismo é a filosofia da falência, o credo da ignorância e o evangelho da inveja".

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E a "sabedoria boa"? O que podemos dizer dela?

Eu não posso ousar dizer nada diante das declarações supracitadas, nas quais o apóstolo afirma com maestria e beleza a natureza e os efeitos dessa "boa sabedoria", pois está escrito que "...ela é primeiramente pura; depois, pacífica, amável, compreensiva, cheia de misericórdia e de bons frutos, imparcial e sem hipocrisia..." [vs. 17]. Pureza, paz, amabilidade, moderação, misericórdia, bons frutos, imparcialidade e sinceridade - características totalmente ausentes na sabedoria do "mvndo moderno", visto que a "incitação explícita à pedofilia em museu é arte" [não critique, seu pedofilofóbico!], cantar gritos de ordem pedindo "morte aos brancos" é promover a paz [pena que Nelson Mandela já está morto e não tem como se defender!], defender uma religião cujos adeptos cortam cabeças de "infiéis", jogam ácido nas pessoas sem razão alguma, explodem bombas em metrôs e aeroportos, assassinam crianças em shows infantis e enforcam homossexuais em praça pública é "combater o ódio cristão", as cusparadas na câmara dos deputados e restaurantes são "atos heróicos", a eutanásia compulsória de um bebê britânico contra o consentimento de seus pais é justificável, os campos de concentração sanguinários [ainda presentes hoje], o Holodomor, a promoção do infanticídio em escala global ["ora, meu corpo, minhas regras!"], a desinformação virulenta para reescrever a história com base na fraude generalizada e a aplicação eficiente da máxima "acuse-os do que você faz, e xingue-os do que você é" são a verdade inquestionável, imune a toda e qualquer posição contrária - mas tudo é relativo, não nos esqueçamos! 

Na verdade, eu poderia até tentar dar detalhes sobre cada componente dessa "sabedoria boa" ou, mais precisamente, da "sabedoria que vem do alto", mas o que é mais importante para mim nesse momento é reiterar que esta sabedoria não vem do homem, não é uma "construção social" nem procede de "forças espirituais imprecisas", mas provém do "alto", termo que na linguagem de Tiago se refere "ao Pai das luzes", em Quem "não há mudança nem sombra de variação" e de Quem "vem toda boa dádiva e todo dom perfeito". E, sabendo-se que Tiago se denomina "servo de Jesus Cristo" em sua epístola, o Pai das Luzes a quem ele se refere é Deus Pai, o Pai de Jesus Cristo, o Criador e Sustentador de tudo o que existe, em Quem todos têm vida, se movem e existem.

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Por outro lado, vale a pena mencionar alguns trechos da música "Let it Be", de The Beatles [fonte de inspiração deste texto]:

"When I find myself in times of trouble
Mother Mary, comes to me
Speaking words of wisdom, let it be..."

Embora os integrantes dos "Beatles", na época dessa composição, fossem muito ligados a religiões orientais (Hinduísmo e Budismo), nessa canção o autor diz que "...quando se percebe em momentos de aflição, ele diz: 'Mãe Maria, vem até mim'...", provavelmente uma referência à Maria, mãe de Jesus, a qual é tida em altíssima estima por todo católico romanista, como todos sabemos. Nesse trecho, ele pede à "Mãe Maria" que ela venha a ele "falando palavras de sabedoria", o que denota a idéia de que, "in times of trouble" ou "em momentos de dificuldade", a sabedoria é uma esperança para quem precisa dela - no entanto, embora a referência a Maria seja respeitosa e relativa à espiritualidade cristã, não há em nenhum lugar das Sagradas Escrituras a afirmação de que a "Mãe Maria" é "...poder de Deus e sabedoria de Deus..." [1 Coríntios 1, vs. 24] ou mesmo que "...em Maria estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência..." [Colossenses 2, vs. 3], porém essas duas citações [e tantas outras análogas] dizem respeito apenas ao "Filho" e não à "Mãe", Filho não primordialmente de Maria [ainda que Ele tenha nascido da Virgem e ela deva ser respeitada por todos, inclusive por mim], mas, sobretudo Filho de Deus, Jesus Cristo, do qual a própria Maria disse em certa ocasião: "...fazei tudo o que Ele vos disser..." [João 2, vs. 5]. 

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Outro trecho que vale a pena inserir é:

"And when the night is cloudy
There is still a light that shines on me
Shine on until tomorrow, let it be..."

Neste caso, o trecho é ainda mais interessante, pois o compositor diz que "...quando a noite é nublada, ainda existe uma luz que brilha sobre ele, e que brilha até amanhã...", o que deve indicar que, em situações onde tudo se mostra sombrio e turvo, até mesmo tenebroso e horripilante, ainda há uma luz que continua brilhando em meio às trevas e que continuará a brilhar - certamente não deve ter sido a sua intenção, mas o escritor da letra fez uma alusão notável ao evangelho, pois está escrito que "...Nele estava a vida, e a vida era a Luz dos homens, e a Luz resplandece nas trevas, e as trevas não a derrotaram..." [João 1, vs. 4-5]. Em outras palavras, este "Ele" em quem "estava a vida que era a Luz dos homens", é aquele que "...era desde o princípio, que estava com Deus e era Deus, que fez todas as coisas e sem Quem nada do que foi feito se fez..." [João 1, vs. 1-3]. Isto é, assim como na canção há "a luz que ainda existe e que brilhará até amanhã...", de modo análogo [porém mais excelente] há, no Evangelho, a proclamação da mensagem que diz que Jesus Cristo é a "...Luz que veio ao mundo, para que todo aquele que crê Nele não permaneça nas trevas..." [João 12, vs. 46], onde a expressão "não permaneça nas trevas" indica ser eternamente livrado delas, uma vez que todos os homens, sem exceção alguma, estão mergulhados em trevas enquanto estão separados de Cristo, sem saber para onde estão indo, trilhando caminhos que lhes parecem direitos, "mas o fim deles é a morte" [Provérbios 14, vs. 12], conforme disse o sábio rei Salomão. 

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Finalmente, não poderia deixar de escrever sobre o significado desse mês de outubro - para uns, é apenas mais um mês como qualquer outro, para outros canalhas que amam genocidas e mentirosos salafrários e decoram os muros das universidades federais com seus impropérios, é o aniversário de 100 anos da tragédia bolchevique chamada "Revolução Russa" e, para outros, é um mês em que a proclamação de 95 assertivas na porta de uma catedral alemã se tornou o ponto de partida de um momento muito precioso da história da fé cristã - a Reforma Protestante. De fato, o mais correto seria dizer que houve "reformas protestantes" [dada a multiplicidade de movimentos que coexistiram no século XV e, especialmente, no XVI], todavia o meu destaque pode ser resumido na afirmação de João Calvino, principal teólogo da Reforma, que disse no primeiro capitulo das Institutas da Religião Cristã:

"A suma de toda a sabedoria reside no correto conhecimento de Deus e no correto conhecimento de nós mesmos". [Institutas, tomo I, cap. 1.]

Partindo-se do pressuposto de que Calvino tem razão no que Ele diz [e, de fato, Calvino tem razão!], para existir genuína sabedoria não é suficiente conhecer a Deus "de qualquer jeito" mas "conhecê-Lo como Ele realmente é" - e conhecê-Lo como Ele é é o mesmo que conhecê-Lo da maneira como Ele se revelou em Sua Palavra, a Bíblia [ela mesma!], não importa se você "não pode aceitar certas verdades difíceis de engolir e não de se entender" ou se algum de nós gostaria que Deus fosse "diferente" e "conforme à nossa própria imagem". Deus é o que Ele é e, se algum de nós não se dobra a todo o Seu conselho na Sua Palavra escrita, esse "deus" [doa em quem doer] em quem, talvez, creiamos, é uma mentira, pois está escrito que "...o Senhor, o nosso Deus, é o único Senhor..." [Deuteronômio 6, vs. 4] e que Jesus Cristo "...é o verdadeiro Deus e a vida eterna..." [1 João 5, vs. 20]

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O outro aspecto da verdadeira sabedoria, segundo o reformador de Genebra, é o "correto conhecimento de nós mesmos". Ou seja, se não conhecemos quem de fato somos, de onde viemos e sobre aquilo que diz respeito à realidade exterior, a sabedoria que acreditamos ter também é falsa - i.e., toda postura de desonestidade intelectual, de desprezo pelo bom conhecimento produzido por outros (simplesmente pelo fato de que esses "outros" são "diferentes") ou de obstinação em face da "verdadeira verdade histórica" é arrogância e tolice ou, nas palavras de Tiago, uma "...sabedoria terrena, animal e demoníaca". Na verdade, eu estou cansado de tudo isso, tanto nos meios acadêmicos e midiáticos, como também políticos e religiosos - até bem próximos de mim, muitas vezes -, pois cada vez mais me convenço do fato de que não há espiritualidade saudável e verdadeiramente conformada à verdade em Cristo Jesus [falo como cristão e para cristãos] sem uma intelectualidade saudável ou, no sentido inverso, é somente com uma intelectualidade saudável que podemos desenvolver a piedade, pois o mandamento bíblico é "...amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu entendimento...", o que implica que o amor a Deus e o pensar corretamente são inseparáveis, conceito que o caro Jonas Madureira denominou "inteligência humilhada". Em suma, a verdadeira sabedoria vem sempre acompanhada de humildade, conforme as palavras do sábio rei, que disse: 

O temor do Senhor ensina a sabedoria, e a humildade antecede a honra. [Provérbios 15, vs. 33]

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Para concluir, acredito ser pertinente citar um trecho do Proslogion, escrito pelo filósofo medieval Anselmo de Cantuária, chamado de Doutor Magnífico [com muita justiça], que escreveu:

"Diz agora, meu coração, todo o meu coração, diz a Deus: procuro o Teu rosto, Senhor, redobramente o procuro. Portanto, agora, Senhor meu, ensina o meu coração sobre onde e como Te encontre. 
Se não estás aqui, Senhor, onde Te procurarei estando ausente? Mas, se estás por toda parte, por que não me apercebo da Tua presença? Sem dúvida, habitas numa luz inacessível. E onde está essa luz inacessível? Ou como terei acesso à luz inacessível? Quem me conduzirá e me introduzirá nela, a fim de nela ver-Te? [...] 
Nunca Te vi. Não conheço a Tua face, Senhor, meu Deus. Que há de fazer, Senhor Altíssimo, que há de fazer este Teu exilado, de Ti tão distante? Que fará o Teu servo ansioso do Teu amor e lançado longe de Tua face?" [Proslogion, I].

Resumidamente - já que Anselmo disse tudo o que era necessário com profundidade ímpar -, o significado destas palavras é que, se Deus não nos ensinar o caminho certo para que possamos encontrá-Lo, todas as tentativas humanas serão frustradas. Se Ele não "dilatar o nosso coração" para que Ele mesmo possa adentrar as nossas almas tenebrosas e trazer a luz que dissipa o nosso pecado e a nossa ignorância - as nossas duas maiores obscuridades, nas palavras de Tomás de Aquino -, permaneceremos privados de toda sabedoria celestial [ainda que acreditemos possuí-la] e dominados pela sabedoria do mundo, a qual Deus tornou loucura por meio do escândalo do Cristo crucificado e que, diante da "fraqueza de Deus", é esmigalhada em pedaços. Portanto, o que nos resta é lembrar de outras palavras do mesmo Tiago, que disse:

"Se alguém tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente, e não o lança em rosto, e ser-lhe-á concedida. Peça-a porém com fé, sem duvidar..." [Tiago 1, vs. 5-6a]

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Até quando, então, continuaremos confundindo a "sabedoria terrena, animal e diabólica" com a "sabedoria que vem do alto"?

Diante do fato de que Cristo, e "Solus Christus", é "poder de Deus e sabedoria de Deus", até quando buscaremos conhecer a Deus por outros meios em vez de através Dele?

Finalmente, sabendo-se que "a sabedoria procede dos lábios do Senhor" e que as Escrituras Sagradas são de Sua inspiração direta, permaneceremos com a cerviz endurecida diante do que ela nos diz - seja desprezando a verdade revelada seja distorcendo-a de acordo com nosso bel-prazer?





Por saber que "Sola Scriptura" contém "the words of wisdom",




Soli Deo Gloria!