Depois de um tempo ausente, voltei.
Antes de tudo, desejo que todos os leitores (embora eles sejam bem poucos) tenham um excelente 2015 - e, de minha parte, espero que minhas postagens [normalmente mais ácidas do que o aceitável rs] continuem tendo um bom impacto em que as lê.
Mas, agora, visto que estamos em um novo ano, vamos em frente.
Primeiramente, o título desse post é inspirado numa canção que tem me perseguido desde o final do ano passado (embora, especificamente, seja relacionado a outra canção), cuja letra diz em certo lugar:
Eu coloquei de lado Quem merecia o centro...
Antes de apagar me lembrei que o sol nasceu pra todos
E é bom saber recomeçar... [Recomeçar - Banda Resgate]
Saber recomeçar.

Sempre que um novo ano se inicia, as expectativas quanto à vida e ao futuro próximo são renovadas. É praticamente automático - basta o 31 de dezembro virar o 1º de janeiro para que as supostas frustrações do ano que acaba se encerrem junto com ele e, em contrapartida, surgem as promessas e os novos planos. Quanto a isso, como disse o poeta da canção, é bom "saber recomeçar" e, para isso, é necessário [antes de tudo e sobretudo] "colocar no centro" Aquele que de fato merece estar lá, como diz determinado trecho das Sagradas Escrituras:
Mostra-me, Senhor, o fim da minha vida e o número dos meus dias, para que eu saiba o quanto sou frágil.
Deste aos meus dias o comprimento de um palmo; a duração da minha vida é como nada diante de Ti. De fato, o homem, por mais firme que esteja, não passa de um sopro.
Sim, cada um vai e volta como a sombra. Em vão se inquietam, amontoando riquezas sem que saibam quem as levará.
Mas agora, Senhor, que hei de esperar? Minha esperança está em Ti. [Salmo 39, vs. 4-7]
É impossível ser mais enfático e perturbador do que isso: o escritor do salmo pede a Deus para que Ele mostre a brevidade de seus dias e a efemeridade da sua vida, a fim de saber a sua própria fragilidade. Além disso, o salmista diz que é Deus quem determina o quanto viveremos aqui - essa história de que somos "donos de nosso próprio nariz" e de que "o céu é nosso limite" é pura ilusão - , de modo que nossos dias são como um palmo, cuja duração não é nada diante Daquele que é eterno. Não importa o quanto pareçamos inabaláveis e invulneráveis, a nossa vida não passa de um sopro e, embora muitos de nós corram de um lado pro outro atrás de riquezas, nem sabemos quem ficará com elas depois - nascemos de manhã como a relva e, de tarde, secamos. Além disso, o texto aponta em que deve estar nossa esperança ou, parafraseando o autor da música, "quem não deve ser colocado de lado" ou "quem merece o centro" - Deus. Enfim, uma vez que todos nós passamos como uma sombra, não há outra esperança para qualquer um de nós a não ser Ele, o Qual faz o sol nascer sobre todos (bons ou maus, justos ou injustos) a fim de que todos contemplem Sua bondade e também possam reconhecê-la.
Por outro lado, em outro trecho da música se lê:
"Eu não levei em conta a Tua eternidade
Eu joguei fora o tempo, foi minha ingenuidade
Antes de avançar me lembrei que o sol se põe pra todos
Pra não querer desperdiçar..."

Não levar em conta a eternidade.
Sem mais delongas, o poeta expressa neste trecho o que, em minha modesta opinião, é a pior tragédia que pode acontecer a qualquer ser humano - a indiferença quanto à eternidade ou, em outras palavras, o desprezo pelas "coisas eternas". Ora, aquele que vive como se fosse "senhor" sobre sua própria vida e, assim, ignora que uma eternidade o aguarda logo após sua partida/morte [onde haverá alegria de um lado e sofrimento do outro], em breve estará de um dos lados, de repente, sem aviso - provavelmente, do lado pior. Enquanto muitos "jogam fora o tempo" acreditando que estão "aproveitando e curtindo a vida adoidado", a eternidade se torna cada vez mais próxima, embora imperceptível. Ora, do mesmo modo que o sol nasce pra todos [como um sinal da misericórdia divina sobre Suas criaturas] ele também se põe pra todos, o que pode simbolizar o fim do período de luz e o início da escuridão, de modo que os que desperdiçaram suas vidas em coisas passageiras e medíocres não terão mais como reparar o tempo perdido. De fato, assim como é bom "saber recomeçar" é bom também "não desperdiçar" ou, em outros termos, valorizar aquilo que realmente tem valor, valor eterno. Eu não quero desperdiçar a minha vida com aquilo que não vale a pena - sejam bens, projetos, ideologias e até mesmo pessoas - mas, se você quiser, a responsabilidade será sua, pois "de Deus não se zomba, de modo que aquilo que o homem semear, certamente ele colherá".
Em terceiro lugar, o último trecho da música que queria destacar - o qual, particularmente, deve se tornar uma espécie de trilha sonora do ano e da vida toda - diz:
"Escolhi Te escutar por onde quer que eu andar
Aprendi caminhar olhando para a frente...
Resolvi me entregar, Tua vontade aceitar
Vou viver, esperar o que vai ser pra sempre..."
Escolher escutar, aprender caminhar, resolver entregar, viver e esperar.
Nessa parte da letra, acredito que o escritor conseguiu descrever/resumir aquilo que desejo para mim e, consequentemente, para os leitores desse blog, estendendo-se para quem não lê também - escutar a voz de Deus por onde se andar (uma vez que Sua Palavra é lâmpada para os pés e luz para o caminho, de maneira que os que andam possam andar na luz e não em trevas), aprender a caminhar olhando para a frente (esquecendo-se das coisas que ficam para trás, pondo os pés na estrada em busca de novos rumos e, principalmente, prosseguindo para o alvo final de todas as coisas, o próprio Deus, para quem vivemos e em quem nos movemos e existimos), resolver se entregar aceitando a vontade de Deus (abandonando toda a pretensa autossuficiência, vaidade e independência e submetendo tudo a Ele, cuja vontade é boa, perfeita e agradável e cujos planos são de paz e não de mal) a fim de viver pela esperança naquilo que vai ser pra sempre (uma eternidade de paz e deleite eterno, sem morte ou choro, nem lamento ou qualquer dor, de forma que todo sofrimento do tempo presente não pode ser comparado com a alegria que um dia será revelada).

Finalmente, pensar em recomeço me faz lembrar as palavras do escritor bíblico Tiago, o qual escreveu em seu pequeno livro:
Vocês nem sabem o que acontecerá amanhã. O que é a sua vida? É como a neblina que aparece por um pouco, e depois se desvanece.
Em vez disso, deveriam dizer: se o Senhor quiser, e se vivermos, faremos isto ou aquilo.
Agora, porém, vocês se gloriam de suas pretensões. Toda vanglória como essa é maligna.
[Carta de Tiago, cap. 4, vs. 14-16]
É simples - se Deus quiser, viveremos. Se Ele também quiser, faremos isto ou aquilo (seja o que for). Ou seja, tudo depende dEle e nada está sob nosso controle ou poder. Todavia, nos gloriamos em nós mesmos ao julgar que temos tal controle ou poder e, quanto a isso, temos a dura sentença de que nossa presunção é algo maligno. Portanto, o que me resta (assim como a você, caro leitor) é "descer do pedestal" e praticar a humildade, compreendendo que Dele provém todas as coisas, inclusive cada segundo que temos e cada fôlego de vida que desfrutamos. E, acima de qualquer coisa, esse "descer do pedestal" significa olhar para a realidade da eternidade sabendo que só existem duas alternativas - gozo eterno ou tormento eterno - , de maneira que a "metade boa da laranja" está garantida apenas a quem confessa o nome do Filho de Deus, Jesus Cristo, que se fez como um de nós para morrer numa cruz [tirando os nossos pecados] e, depois, ressuscitar a fim de justificar a todo aquele que crê.
Como você deseja recomeçar a sua vida esse ano, esse mês, esse dia?
Ainda permanecerá não levando em conta a eternidade, jogando fora o tempo de sua vida como um tolo ingênuo?
Ou, por outro lado, escolherá dar ouvidos à voz de Deus, que chama os pecadores a Si mesmo para que humildemente se arrependam a fim de salvá-los definitivamente?
Você continuará colocando de lado Aquele que merece o centro de todas as coisas?
Ou, em contrapartida, resolverá se entregar a Ele, aceitando a Sua vontade a fim de viver na esperança do que durará para sempre?
Pela certeza de viver novos rumos com Ele,
Soli Deo Gloria!