segunda-feira, 9 de junho de 2014

Fake plastic people...

Enfim estamos na semana (provavelmente) mais aguardada do ano no Brasil. 

A abertura da Copa do Mundo vem aí, coincidentemente na mesma data em que se comemora o Dia dos Namorados - 12 de junho. Porém, esse post não será sobre futebol (embora eu seja apreciador assíduo desse esporte e, por isso, um corintiano apaixonado) e, muito menos, não será um post romântico. Ora, um dia é necessário "passar de fase" e abandonar os jogos inúteis.

Aproveite e saia desse blog enquanto há tempo - especialmente se você está apaixonado e realmente acredita que "todo amor sempre vale a pena" ou que tudo será para sempre. Não te contaram que, certas vezes, o "pra sempre sempre acaba"?


Sem perda de tempo, este post foi inspirado numa canção da banda de rock [talvez psicodélico/progressivo/melancólico] britânica chamada Radiohead, cujo título original é "Fake Plastic Trees" ou "falsas árvores de plástico". Essa música ficou mundialmente conhecida por ser trilha sonora de uma propaganda sobre igualdade entre os seres humanos apesar das diferenças ou deficiências. Enfim, quanto ao texto, espero conseguir detonar todas as minas terrestres que existem agora no campo de minha mente. Vamos em frente. 

Plastic people.


De fato, se olharmos ao nosso redor (bem como para nós mesmos), veremos que nossa geração é uma geração marcada pela "descartabilidade". Tudo é descartável, tudo é "plastic" ou "de plástico" - garrafas de refrigerante, copos, pratos, eletroeletrônicos, embalagens, brinquedos etc. - e, infelizmente, começamos a tratar os outros como se eles também fossem descartáveis ou, no mínimo, úteis apenas por tempo determinado. Isto é, a partir do momento em que o outro "não satisfaz mais os meus caprichos" ou "não se comporta como alguém do nível do meu círculo social", eu arrumo uma desculpa cretina [ou seria "crentina"?, quem lê, entenda] e descarto o outro. Por tudo isso, talvez não houve época na qual as relações humanas foram tão notoriamente baseadas em "erros e acertos" ao invés de serem desenvolvidas em comprometimento do que a atual - três semanas podem ser suficientes para que um "amor apaixonado e eterno" seja transformado num "fake plastic love" ou "falso amor de plástico". Eu uso, me aproveito e, depois que não me serve mais, eu jogo fora. Sim, estamos nos últimos dias e tempos trabalhosos estão vindo sobre nós, mas o Sol vai raiar outra vez. 

Fake people.


Por outro lado, como se não bastasse a "descartabilidade" presente nos relacionamentos interpessoais, ouso dizer que não somente consideramos o outro como "descartável" mas, até mesmo quando parecemos valorizá-lo, sabemos exercer nosso "papel" muito bem - ser "fake" (ou falso) é muito fácil, não é? Ser "fake" não exige humildade, não expõe, não traz "autodesconforto" e nos permite agir como manipuladores das circunstâncias e das pessoas. Parafraseando certa música de que gosto muito, digo que "a cidade dos homens está cheia de atores" - atores sociais, atores acadêmicos, atores relacionais, atores comportamentais e, até mesmo, atores religiosos (os melhores "melhores" do mundo, não é verdade?). 

Ahhhh, os atores religiosos! Eles sempre conseguem um "pretexto espiritual" para seu egoísmo prático e latente bem como disfarçam a sua obsessão pela "glória" e pela "autoexaltação" com um "ativismo piedoso" ou pragmatismo eficiente. Nesse sentido, sendo eu também "religioso" (sob certo ponto de vista), reconheço que também estou sujeito a "montar o meu paradoxo no palco e zombar da cruz" com meu "fariseu way of life" e ser um dos "fake people". Nos púlpitos, nos palcos e "altares" dos "congressos de adoração e intercessão", nos encontros teológicos, nos debates sem fim do facebook e em qualquer outro contexto, lá estão os atores religiosos - imponentes, cheios de si mesmos, cumprindo o seu papel de "quase-deus" e, assim, imitando o seu (provável) "senhor e príncipe" que também quis ser Deus... Que petulância! Na verdade, quem tenta "zombar da cruz" traz sobre si mesmo a justa sentença e punição Daquele que morreu na cruz pelos pecadores e que, hoje, dada a Sua ressureição, foi constituído por Deus Juiz dos vivos e dos mortos


Em contrapartida, está Deus. 

Sim, Deus - Aquele que é sempre verdadeiro, em Quem não há mudança nem sombra de variação, que é tão puro de olhos que não pode contemplar o mal e que não pode ser tentado por ele, que é sempre fiel e não pode negar a Si mesmo e que é o mesmo ontem, hoje e eternamente. Enquanto nós, seres humanos, continuarmos nos julgando dignos de honras e de veneração (seja por meio da satisfação de nossos caprichos ou mesmo por obrigar subserviência da parte do outro), estaremos dizendo que cada um de nós é Deus e, portanto, não poderemos conhecer e crer no Deus verdadeiro. Certa vez, Jesus Cristo disse:

Como vocês podem crer, recebendo honra uns dos outros, e não buscando a honra que vem só de Deus? [Evangelho segundo João, cap. 5, vs. 44]  

Não há como ser mais claro. Jesus Cristo disse que ninguém que busca honra fora de Deus pode crer Nele, pois quem busca esse tipo de honra já se considera um deus e, desse modo, já tem o seu ídolo (nesse caso, o próprio ego). Entretanto, Jesus disse que não recebe glória dos homens - isto é, Ele buscava e aceitava tão-somente a honra que vinha do Seu próprio Pai. Logo, quem acredita ser discípulo de Jesus Cristo não tem o direito de buscar qualquer outra honra, a não ser aquela que vem de Deus. Ora, minha oração é que Ele mesmo me livre de ser seduzido pelas honras passageiras que não vêm Dele.


Na contramão das relações descartáveis, está Deus novamente. 

Deus, Ele mesmo - Aquele que prova o Seu amor eterno ao dar Seu Filho Jesus Cristo para morrer pelos pecadores, que estabelece um pacto indissolúvel com todos os que O invocam e creem Nele, que nos salva por Sua graça desmerecida e coloca Suas leis dentro dos corações dos homens para que estes O amem e O obedeçam. Os relacionamentos humanos que parecem eternos às vezes não duram dois anos, mas a aliança de Deus com aqueles que se arrependem de seus pecados e creem em Jesus Cristo é eterna. Nós, seres humanos, nos afastamos uns dos outros por causa de "preferências" ou "exigências individualistas", mas Deus não deixa de amar os Seus filhos mesmo quando eles O entristecem. Apesar de sermos vacilantes e débeis, Ele é nosso solo firme e, por isso, permanece sendo misericordioso e bondoso conosco, sempre. Logo, faz sentido ficar "chorando pelos cantos" quando se sabe que o Criador e Sustentador do universo [o único que teria motivos e direitos para nos desprezar] nos ama a ponto de ter dado Seu Santo Filho para morrer por nós? Sim, eu me alegro Nele. 


Finalmente, se Deus é tão diferente das "fake plastic people" e de suas "vidas de descartabilidade", eu não posso "plastificar" a mim mesmo nem "descartabilizar" a vida que Ele me deu. Na verdade, eu devo lutar contra isso! Ora, se Deus odeia toda falsidade (por ser a própria Verdade) e todo tipo de "aproveitamento utilitarista" (por ser misericordioso e benigno), não posso ser diferente Dele. Desse modo, eu não preciso de alguém que vive uma "fake plastic life" e nem vou correr atrás de quem só soube viver relações "descartáveis", nas quais os "erros x acertos" substituem o "doar-se sem reservas" ou o "comprometer-se custe o que custar" - sério, eu não preciso de alguém assim, não preciso mesmo. Pelo contrário, eu preciso aprender a amar da mesma maneira que sou amado por Aquele que me amou primeiro e, assim, não serei uma "fake plastic people", mas tão-somente a "carne que Ele preferiu para fazer a Sua casa". 

E você? Tem vivido uma "falsa vida de plástico" [isto é, parece vivo mas está morto] ou já recebeu a Vida ao encontrá-Lo?





Pela agradável esperança de viver plenamente Nele,





Soli Deo Gloria!