segunda-feira, 31 de março de 2014

Nos trilhos do trem da juventude...

Tem horas em que é necessário se desconectar. Logo, fiz isso até agora.

Nesse sentido, após a tentativa de trazer um pouco de alívio e beleza ao momento difícil relatado no post anterior, muitas ideias surgiram em minha mente para um novo texto - dentre esses "insights", vou me aventurar naquele que, talvez, seja o mais pitoresco. Ora, o bonde segue. 


Indo direto ao ponto, queria ousar conciliar o momento atual da sociedade brasileira, uma música pouco conhecida dos Paralamas do Sucesso e algumas reflexões pessoais. Bem, começando pela música (chamada "O trem da juventude"), vamos a alguns de seus trechos, um de cada vez. 

"Minha alma é lavada, desencardida
(E quem destratou a sua vida foi você)
Desamarrada, desimpedida, desarmada
Voa livre pelo mundo até escurecer..." 


O poeta, ao descrever sua alma, afirma que ela está limpa, sem amarras ou impedimentos e que, por isso, ela "voa livre". Talvez esse tenha sido o grito silencioso (ou não) de muitos brasileiros que viveram os anos árduos do chamado Regime Militar - cujo marco inicial (o Golpe de 64) completa 50 anos nesses últimos dias. Curiosamente, ainda nesse contexto sócio-histórico, o Brasil viu bem recentemente pequenas mobilizações populares (a "Marcha pró-fascismo" e a "Marcha anti-fascista"), as quais fizeram [ou tentaram fazer] alusão ao período da Ditadura, seja condenando ou apoiando. Ironicamente, muitos dos que estavam nessas marchas nem sabiam a razão porque estavam lá - por exemplo, uma jovem levava um cartaz de "Salve o fascismo" sem saber o significado do Fascismo. Isto é, essa confusão toda só mostra que estamos perdidos, sem saber quem somos, o que devemos fazer e onde temos que chegar no final das contas. É preciso desencardir a alma. É preciso se desarmar de si mesmo. Não precisamos de "rebeldes sem causa" nem podemos estar do lado dos "opressores", dos "neofascistas". Liberdade é preciso. Uma alma limpa é preciso.

Liberdade até escurecer; liberdade em meio à escuridão. 


Entretanto, se olharmos atentamente pra nossas próprias almas, provavelmente veremos que ainda existem certas "amarras", "impedimentos" ou "sujeiras". Qual de nós nunca guardou mágoas ou ressentimentos, ou nunca sentiu inveja ou se julgou melhor do que os outros? Tudo isso mostra que nossas almas nascem (e podem permanecer) encardidas, amarradas e presas. Na verdade, a alma descrita nos versos acima não é o padrão dominante - pelo contrário, é o ideal que nenhum de nós tem [nesse momento exato] ou poderia ter, caso dependêssemos de nós mesmos para alcançá-lo. Ora, se nossas almas são naturalmente encardidas, amarradas e sujas, precisamos de algo externo que as torne desencardidas, desamarradas e lavadas. Bem, se Deus é Aquele que nos fez à Sua própria imagem (corpo e alma), Ele é quem conhece nossas almas inteiramente e, por isso, pode torná-las limpas, desprendidas e sem manchas; pode, enfim, torná-las livres. Jesus Cristo uma vez disse a Seu próprio respeito: "...se o Filho os libertar, verdadeiramente vocês serão livres...". Simples. Direto. Indubitável.


Por outro lado, a mesma música diz em outro momento:

"Novas maravilhas pra se admirar
Não me venha com a velha dor...
O trem da juventude é veloz
Quando foi olhar, já passou
Os trilhos do destino cruzando entre nós pela vida, 
Trazendo o novo..."

Embora a vida seja sempre marcada por desafios, aflições, perdas e imprevistos, ter esperança é fundamental. Dessa forma, no que se refere ao dia-a-dia, nada melhor do que concentrar-se em admirar as "novas maravilhas" [as quais, normalmente, são as coisas mais simples] e esquecer a "velha dor", pondo sobre ela a "sorte". Em face dos sofrimentos, a convicção de que Deus é bom deve nos fazer "cantar a Esperança e deixar a tristeza pra lá", pois certamente o dia de ser "livre pra voar", de "voar livre pelo mundo", chegará. A Bíblia promete a todos os que creem em Jesus Cristo que virá o dia de Sua volta, no qual os que morreram crendo Nele ressuscitarão e, ao mesmo tempo, os vivos crentes serão levados para encontrá-Lo nas alturas, no céu - uma visão assustadoramente bela e terrível!  Bela para aqueles que hoje confiam no Filho de Deus como seu Salvador e o reconhecem como seu Senhor, mas terrível a todos os que O rejeitam e vivem segundo seus próprios conceitos e desejos - ora, estes últimos não irão encontrar o Cristo glorificado no céu, mas estarão separados Dele. 


O trem da juventude é veloz; quando for olhar, já passou. 

Eu sou um jovem e, visto que estou dentro desse "trem da juventude", estou sujeito a toda essa velocidade, a toda essa efemeridade, a toda essa temporalidade - um certo colega poeta já disse que "quase tudo é temporal, porque está sujeito ao sujeito chamado tempo". Muitas coisas na nossa vida vem e vão - empregos, relacionamentos, cursos, viagens, pessoas. Tudo isso é temporal, efêmero, existe hoje e amanhã já passou. Porém, existem coisas que não estão sujeitas ao tempo, dentre as quais a mais importante é o Amor - não o amor humano, não o amor por coisas, nem mesmo o amor familiar. Esse amor que não é temporal mas, ao contrário, é eterno,  vem de Deus - mais do que isso, é a manifestação do Seu próprio Ser, porque Deus é Amor. Resumindo, a nossa maior necessidade é que os trilhos de nosso trem "se cruzem" com o destino que Deus designou - pois, se esse encontro não acontecer, continuaremos com nossas almas sujas e amarradas em si mesmas. Somente quando buscarmos cruzar nossos caminhos com os "trilhos de Deus" veremos o "novo sendo trazido a nós", pois é Ele que nos faz novas criaturas, é Ele que nos dá um novo coração e um novo espírito, é Ele que nos dá uma nova mente e, assim, uma nova maneira de viver.   


É hora de ir.

Ir até Jesus Cristo, com a consciência dos próprios pecados e sujeiras da alma e pedir a Ele para limpar, desencardir, desamarrar e dar liberdade a tudo. Mas, se você já crê Nele, é hora de se lembrar que Ele está sempre pronto a dar paz, liberdade, refrigério e alívio em meio às dores e perdas da vida. É hora de aproveitar a oportunidade, pois a misericórdia de Deus vem até nós assim como o trem da juventude - veloz, irresistível e poderosa mas, por ser veloz, pode passar sem ser notada ou mesmo ser desprezada. Não aguarde a misericórdia passar por você. Não aja de modo que Deus seja como esse "trem da juventude", passando tão rápido ao ponto de você não percebê-Lo. E mais - que a justiça e a indignação de Deus por causa de seus pecados não te pegue de surpresa e, assim, passe a oportunidade e você caia nas mãos Dele. Jesus morreu pelos nossos pecados para nos livrar da ira de Deus; acredite nisso e, certamente, você passará a andar nos trilhos que te levam à eternidade. 




Pela certeza de trilhar meu caminho com Ele,




Soli Deo Gloria!

domingo, 16 de março de 2014

Lágrimas se confundem ao riso - uma oração

Ó Altíssimo e Rei Eterno,
Que eras, que és e que hás de vir,
Que concedes consolo aos aflitos
E que escutas o clamor dos angustiados...
A minha alma está triste.
Assim como revelaste em Teu Santo Livro,
Tu conheces a nossa estrutura
E lembra-se de que somos pó.
Ora, sabendo de minha pequenez e fragilidade,
Venho presto à Tua temível presença
Apenas para reconhecer que estou sem forças.
Embora débil e impotente,
Confio meu coração à Tua graça persistente.


Por isso, ao lembrar das palavras de Teu Filho
Vejo que as aflições, de fato,
São parte da vida de todo o que vem ao mundo.
Entretanto, alguns que julgam ser Teus,
Pervertem a Tua gloriosa Verdade 
Ao dizer que devemos "rejeitar" os sofrimentos,
Visto que somos "filhos do Rei".
Contra toda essa mentira de triunfo e glória humanos,
Meu ser se gloria na Viva Esperança,
Pois, apesar das tristezas e dos abandonos,
Das dores e tribulações,
Posso tomar sobre mim o jugo do Bondoso Mestre
E encontrar descanso para minha alma. 


Mas, se eu porventura me queixar,
Permitas tão-somente, ó Pai Justo,
Que meus próprios pecados sejam colocados à tona.
Embora seja eu tão pronto a autojustificar-me
Ou mesmo a ser cruel e venenoso com o outro,
Suplico que me ajudes a examinar a mim mesmo
Para que eu veja a minha própria estupidez.
Que minhas lágrimas sejam antes
Por reconhecer meu egoísmo e minha maldade;
Sim, eu não sei como fazer isso.
Portanto, recorro humildemente a Ti,
Pois és Grande em força e Forte em poder.
Se ao Teu chamar as estrelas prontamente obedecem,
Sigo o mesmo ritmo e rendo-me inteiramente a Ti.



Se dessa maneira me ponho ante a Tua face, 
Sou alguém que apenas tem o direito
De não ter direito algum.
Tu és Deus sobre tudo e sobre todos e, então,
És o único que tem o direito de ter "direitos".
Visto que tudo está sob Teu domínio e providência,
Ensina-me o caminho da satisfação em Ti mesmo,
Pois é a minha alternativa de vida.
Perdas me acompanharão,
Decepções ou a sensação de rejeição,
Mas a Tua bondade sempre me seguirá.
Nos vales de sombra da morte estarás comigo,
Até quando meu pai ou minha mãe me desampararem;
Sim, Tu me acolherás para Ti,
Onde meu pranto saltará de alegria.



Ao olhar para mim mesmo vejo
Que a alegria que tanto anseio voltar a sentir
Não pode coexistir
Com a amargura que ainda brota e resiste.
Deus meu e Doador de toda graça e perdão,
Que essas raízes do mal sejam por Ti arrancadas
A fim de que eu possa viver a Boa Nova
E, assim, espalhar por toda parte o Bem
E amar sem perguntar a quem,
Ainda que seja menos amado.
Apesar de meus temores e incertezas,
Tu és maior do que todos eles.
Sei que podes restaurar o que talvez eu mesmo destruí,
Pois Teu amor a todas as transgressões pode cobrir.



Soberano e Benigno Criador,
Estou ciente de que minhas palavras
Não têm poder algum em si mesmas.
No entanto, atenta Tu para cada uma delas
Ainda que sejam poucas e falhas.
Entrego todo o meu cuidado a Ti,
Pois podes me sustentar até quando me faltar o chão
E fazer invadir a Tua luz em minhas sombras.
Me apego simplesmente à certeza
De que esta vida é transitória, a qual dou a Ti.
Que a eternidade seja sempre bem-vinda no meu dia-a-dia, 
Sendo continuamente gravada em meus olhos,
Pois, assim, meu tesouro e coração
Estarão n'Aquele que será sempre minha fortaleza e porção.




Soli Deo Gloria!

sexta-feira, 7 de março de 2014

A estupidez de quem escreveu esse post...

Estou de volta.

Como certa canção diz, todo carnaval tem seu fim. Mas, na verdade, não vou falar de carnaval - quero falar de algo que tem sido gerado dentro de mim há algum tempo e que eu preciso colocar pra fora. E, quanto a isso, faço da frase de Che Guevara uma oração: "Hay que endurecerse, peró sin perder la ternura jamás". 


Talvez essa seja a sentença que mais tem expressado, de modo poético, o que tenho desejado para meu coração nos últimos tempos. Porque "endurecer sem perder a ternura"? Será que falar de "dureza e ternura" numa mesma frase de modo complementar faz sentido? Sem dúvida.

A nossa sociedade, como nunca antes, é a sociedade da pseudotolerância, da autocomplacência, dos "mimimis" e "não me toques" - uma sociedade confusa, diluída, onde todos são obrigados a aceitar tudo em nome da "política da boa vizinhança". Estamos sendo intolerantemente forçados a ser "tolerantes" e parece que quem enxerga e denuncia esse paradoxo sócio-cultural está do lado da "intolerância" e do "desrespeito". Sendo mais claro: vivemos uma verdadeira anarquia ideológica que tem afetado danosamente o modo de vida e o modo de funcionamento das relações humanas - ou seja, todos nos achamos donos de tudo, julgando ter o direito inviolável à felicidade segundo nossos próprios conceitos e, como o egoísmo e a injustiça são vomitados em nossas ações, todos acabam sendo infelizes e eternos insatisfeitos. É necessário se endurecer contra essa "falsa harmonia global" e encarar a realidade - devemos respeitar as pessoas e suas diferenças, mas exatamente por isso é necessário que haja respeito à liberdade de ser diferente e de expressar as diferenças sem retaliações e/ou discursos baratos e vazios em nome dessa "pseudotolerância". Endurecer, ser firme, ser livre pra ser autêntico e convicto - eis a questão.


Ternura.

Ternura é uma das palavras menos cultivadas hoje em dia. Ternura é praticamente coisa do passado. Pensando bem, a ideia latente e vigente em nosso tempo é a autossatisfação, ainda que isso implique a supressão da ternura e a exaltação da crueldade. Nesse sentido, normalmente o ato de "endurecer" resulta (ou é movido por) em frieza, insensibilidade e violência - logo, como encaixar ternura em tudo isso? A única alternativa conhecida e que ousa conciliar a ternura com o "endurecer" reside no ensino de Jesus Cristo, o qual certa vez derrubou mesas e "stands" de comércio no templo de Jerusalém impelido por um zelo incontido pela santidade divina bem como sempre foi firme e denunciador da hipocrisia dos mais religiosos ao mesmo tempo que demonstrou amor e bondade com os que menos mereciam importância ou compaixão. Jesus Cristo é o único que conseguiu, em sua perfeição, praticar o "endurecer sem perder a ternura" - logo, como sempre digo aqui, quem se considera seguidor Dele deve buscar fazer o mesmo... Mas, aí é que reside o sentido do título deste texto. O problema é que todos somos, em certa medida, estúpidos - principalmente eu mesmo. 


Quando falo de estupidez, não posso deixar de lembrar uma célebre música do rock brasileiro dos anos 90, chamada "Perfeição", que em certa parte de letra diz:

"...Vamos celebrar o horror de tudo isso com festa, velório e caixão
Está tudo morto e enterrado agora
Já que também podemos celebrar a estupidez de quem cantou essa canção..."
[Perfeição - Legião Urbana]

Nesta letra, o poeta celebra, ironicamente (ou não, talvez), a estupidez humana, a estupidez das nações e várias coisas que, dentro do bom senso, não devem ser celebradas - como o analfabetismo, a violência, a maldade, a frieza dos corações, os roubos, a hipocrisia, a morte, a vaidade humana, a tristeza etc. Resumindo, a música ironiza tudo o que há de mau ao redor e, perto do seu final, fala sobre a estupidez do próprio poeta, denotando que tudo o que ele criticava era também de autoaplicação. Enfim - ninguém escapa da estupidez, pois até os melhores críticos daquilo que é injusto e incorreto são, seja na natureza ou nas atitudes, igualmente imperfeitos e injustos. Eu, de forma análoga, escrevo esse post a fim de reconhecer a minha própria estupidez, porém não busco parecer falsamente humilde - somente pretendo motivar quem passar por aqui a se avaliar e, dessa forma, vislumbrar e não negar que também está no mesmo barco que eu. 


Numa moldura clara e simples, sou aquilo que se vê. 

Quanto a isso, a única moldura clara e simples que nos permitirá ver quem de fato somos é aquela onde Deus está - sabendo-se que Ele nos criou à Sua imagem e semelhança, Ele nos conhece como de fato somos e, considerando o fato de que pecamos contra Ele ao decidirmos viver nossas vidas independentes Dele, ao nos confrontarmos com quem Ele é vemos, inevitavelmente, a extensão do nosso desvio - ora, Ele é a "Perfeição" em Pessoa, o Ser plenamente Perfeito. Logo, é impossível ver a nossa estupidez ser substituída pelo "endurecer sem perder a ternura" sem que haja uma reconciliação com o Criador, a qual só ocorre por meio do reconhecimento do quanto estamos "desviados da perfeição", do perigo que isso representa pra nossa eternidade e através de uma inteira confiança Naquele que, apesar de perfeito, se fez o mais indigno para que os imperfeitos e extraviados [como eu e você] fôssemos dignos da esperança da redenção - isto é, da esperança de voltarmos a ser semelhantes a Ele. Nada resume melhor essa mensagem do que o seguinte verso bíblico:

Àquele que não conheceu pecado, Deus o fez pecado por nós para que, Nele, fôssemos feitos justos diante de Deus. [2ª epístola aos Coríntios, cap. 5, vs. 21]


Não preciso interpretar nada - o texto não poderia ser mais claro. Cristo não tinha pecado algum nem qualquer engano em Si mesmo e, mesmo assim, Deus o tornou pecado por nós - Deus Pai fez do Deus Filho o alvo da Sua ira santa e feroz que deveria ser colocada sobre nossas cabeças, e tudo isso para que fôssemos justos aos Seus olhos. Não há como descrever um amor tão constrangedor. Não é necessário acrescentar nada à sublime obra de Jesus Cristo para com os homens pecadores - Deus o tornou maldição para nos libertar de nossas maldições. A estupidez de quem escreveu esse post foi colocada sobre o Justo Filho de Deus; a sua também. Será que seremos estúpidos o suficiente ao ponto de ignorarmos um amor tão imensurável, irresistível e furiosamente atraente como esse? Agora que nós já sabemos, somos responsáveis.

O amor tem sempre a porta aberta.


Finalmente, enquanto estivermos por aqui, vivos, a Porta do Amor estará aberta pra quem for até lá e desejar, de fato, entrar por ela. Porém, se você não a atravessar antes de morrer, você não a encontrará depois da morte. Ou seja - aproveite enquanto você está lendo esse blog e entre por essa Porta - essa Porta tem Nome, e se chama Jesus Cristo, pois Ele disse: "...eu sou a Porta; se alguém entrar por Mim, será salvo..." [João 10:9]. Acredite que o Amor eterno Daquele que perdoou a cruel estupidez de quem escreveu esse post pode perdoar você também, se você se arrepender de seus pecados e crer no Filho de Deus como seu Salvador. Isto é - embora a minha estupidez possa espreitar e aparecer enquanto eu permanecer nesta vida humana e imperfeita, posso confiar no fato de que "...onde a minha estupidez foi abundante, mais abundante foi a Sua Graça...". Só me resta deixar ser controlado por essa Graça, para que minha estupidez não seja mais celebrada pelo meu próprio ego, mas sim cada vez mais subjugada por Aquele que sempre será o Senhor de mim. 




Pela graça de, apesar de estúpido, ser amado por Ele,



Soli Deo Gloria!

sábado, 1 de março de 2014

Um grito chamado "aloha"...

Estamos no período do carnaval.

E, enquanto muitos (no Brasil e também fora dele) curtem, dançam, bebem e aproveitam o feriado prolongado - embora outros não façam o mesmo - , eu trabalho por aqui, escrevendo. Risos à parte, vamos em frente.

Nesse post, em particular, vou falar sobre outra "palavra de ordem" - não tão fundamental quanto o "viver sem fronteiras" - , mas também muito importante... Aloha!


ALOHA?

Aloha é uma palavra de origem havaiana usada como forma de "saudação" e/ou "despedida", significando "olá" ou "tchau" - analogamente ao "ciao" do italiano. Porém, de maneira mais abrangente, "aloha" era originalmente usada como demostração de "afeto, paz, misericórdia e compaixão". Portanto, partindo desse uso mais amplo da palavra, "aloha" nada mais é do que um grito em favor do afeto, da paz, da misericórdia e da compaixão - aspectos que, na verdade, não estão ligados somente à cultura do povo havaiano, mas refletem o caráter Daquele que criou os havaianos bem como todos os demais povos que existiram ou ainda existem. 


Afeto.

Afeto é uma palavra diretamente ligada a afeição, o que remete a questões da alma, do coração, das emoções e motivações que nos impulsionam na vida. Nesse sentido, é pertinente dizer que talvez não exista nenhuma época na história da humanidade em que o afeto se mostra tão raro, tão sufocado e tão ignorado como a nossa. Pensando bem, afeto ou afeição são aspectos da vida que só existem por causa do amor - logo, no fim das contas, as afeições dos homens estão obscurecidas pela falta de amor. A esse respeito, Jesus Cristo disse certa vez que "...por se multiplicar a maldade, o amor de muitos esfriará..." - ou seja, é o pecado, a iniquidade, a impiedade e a perversão crescente do coração humano que explica toda essa ausência de afeto em nosso mundo. Todos nós somos vítimas e algozes uns dos outros por causa dessa falta de afeto - ferimos e somos feridos, machucamos e somos machucados, desprezamos e somos desprezados. Porém, contra toda essa realidade da qual Jesus falou claramente, Ele mesmo nos intima a "...dar a outra face...", a "...amar aquele nos odeia..." e a "...fazer o bem a quem nos maltrata...", pois foi exatamente isso que Ele fez - Ele deu a Sua vida pelos pecadores, o Justo sofreu pelos injustos, o Santo veio ao mundo para salvar os perversos. Portanto, só poderemos praticar esse "afeto" quando nosso coração for preenchido pelo amor Daquele que é Amor. Aloha!


Paz.

Paz é uma palavra maravilhosa. Entretanto, a paz não é algo que tem sido parte da vida humana atualmente - vivemos dias hostis, cruéis, inquietos, opressores, cheios de fardos desnecessários. Ironicamente, preferimos estar subjugados a um estilo de vida cheio de "não toque, não prove e não manuseie" em nome de uma pretensiosa superioridade moral e espiritual a sermos livres da "armadilha do desempenho" e, assim, simplesmente vivermos em paz. Ou seja - na maioria das vezes, queremos fazer muitas coisas para termos a sensação de "dever cumprido", de que estamos "mandando ver", de que "fazemos e acontecemos" e também exigimos isso dos outros. Obviamente, devemos ser disciplinados em nossas responsabilidades e diligentes em nossa conduta cotidiana, porém cumprir deveres não deve nos impedir de amar e de importar com as pessoas. Eu prefiro ficar do lado de Jesus que curava pessoas no sábado judaico - atitude proibida pela própria Lei Divina - e, assim, mostrava que fazer o bem ao próximo era mais importante do que seguir regras. Eu quero a paz que vem da "liberdade com que Jesus Cristo me libertou", a paz que me faz "não estar debaixo de nenhum jugo de escravidão". De fato, Jesus disse que nos daria a Sua própria paz - uma paz que não é segundo o mundo e nem segundo os homens, pois é uma paz leve (sem opressão) e eterna. Aloha!


Misericórdia e compaixão.

Essas duas palavras se completam, pois misericórdia significa quase que literalmente "ser cordial com o miserável" e compaixão quer dizer exatamente "participar do sofrimento com o outro". Provavelmente, essas são duas das características mais essenciais da natureza divina - os salmistas diziam repetidamente que "...O Senhor é misericordioso e piedoso..." e que "...O Senhor é bom e a sua misericórdia dura para sempre...", bem como os evangelhos registram que Jesus "...olhava as multidões e tinha compaixão delas, porque andavam desamparadas e errantes...". Quando deixamos de praticar misericórdia ou compaixão, estamos indo na contramão do próprio Deus, pois as Escrituras também dizem que "...O Senhor é benigno em todos os Seus feitos..." - logo, se nos consideramos filhos de Deus e discípulos do único e verdadeiro Mestre, Jesus Cristo, não temos o direito de substituir um estilo de vida de misericórdia e bondade por qualquer outro tipo de espiritualidade, por mais aparentemente justa que seja. Não é possível amar a Deus se isso não estiver evidenciado no nosso amor pelo próximo; enfim, acho que cada um de nós precisa tomar certa dose de "vergonha na cara" e suplicar a Deus para que Ele nos ensine a ser mais misericordiosos e compassivos, pois assim seremos mais parecidos com Ele. Aloha!


Finalmente, o grito de "Aloha!" me faz lembrar de uma música não muito conhecida da Legião Urbana - banda de rock que fez parte de minha adolescência na escola em meio a aulas vagas e "filadas", rodas de violão com colegas e até apresentações artísticas com aquela banda ruim dos amigos - que diz:

"Nos querem todos iguais, assim é bem mais fácil nos controlar
E mentir, mentir, mentir... E matar, matar, matar
O que tenho de melhor: minha esperança..." 
[Aloha - Legião Urbana, A Tempestade]

Nos querem todos iguais - mais do que nunca, somos forçados a estar dentro de padrões, especialmente dentro de ambientes religiosos [temos que vestir as mesmas roupas da grife do pastor X, temos que ouvir as mesmas músicas do grupo Y, temos que pensar da mesma forma que os líderes espirituais A e B - ops, pensar não, porque na verdade "é proibido pensar" nesses lugares]. Com tudo isso, os que estão lá em cima nas posições de "autoridade espiritual" querem nos controlar de maneira mais fácil e, infelizmente, muitos são enganados e até defendem a sua situação de alienação. Desse modo, os "fariseus ungidos e cheios do poder de Deus" mentem e mentem, e também matam e matam a esperança de muitos, inclusive de quem está de fora de tudo isso. Eles querem ser os líderes, os chefes de todos, colocam fardos pesados que nem querem mover com o dedo, nem entram no reino de Deus e impedem muitos de entrar mas... Comigo não! Como a própria Legião Urbana disse em outra canção, "...não me entrego sem lutar, tenho ainda coração, não aprendi a me render, que caia o inimigo então...". Aloha!


Eu ainda penso, ainda sou livre e tenho uma "Esperança que salta os muros" do "autoritarismo e da hipnose espirituais" e que me faz viver "sem fronteiras pra ninguém e sem perder o rumo"! Minha voz não é a única que grita esse "Aloha" - acho que muitas outras vozes, ao longo dos séculos, ecoaram o mesmo grito ao ouvirem a Voz Daquele que disse que "nos faria verdadeiramente livres ao nos libertar". Como Ele mesmo disse: "...as minhas ovelhas Me conhecem e ouvem a Minha voz e, quando vieram muitos ladrões e roubadores, as ovelhas não os ouviram...". Em meio a tantas vozes que querem oprimir e controlar, eu ouço apenas Uma Voz - a voz do Bom Pastor, que me leva a pastos verdejantes e a águas tranquilas, que refrigera a minha alma e me guia pelas veredas da justiça, por amor do Seu Nome. Só me resta ir no embalo de uma certa canção que diz: " ...e eu vou cantando, e Deus me abraçando vai...".

E você? Se sente preso? Talvez você tenha percebido que estão tentando manipular você em nome de um controle humano e falsamente espiritual. Cristo te chama à liberdade, mas essa liberdade é para servirmos a outra Autoridade - a suprema Autoridade de todo o universo, a Autoridade cheia de amor e bondade, a Autoridade misericordiosa e que nos dá paz - Jesus Cristo.




Pela certeza de que meu "Aloha"! é ouvido por Ele,




Soli Deo Gloria!