sábado, 31 de agosto de 2013

Os admirados lamentáveis religiosos...

E agosto, que para alguns é o "mês eterno", está acabando.

No post anterior, eu dei alguns motivos que têm tornado agosto tem se tornado um mês especial para mim. Porém, dessa vez, não quero falar sobre esse tipo de coisa. Algo tem perturbado minha mente e minha alma e eu preciso expor, expressar, tornar isso visível. 

Eu estou indignado - uma indignação que, espero eu, seja essencialmente justa e incontida. O que me resta a fazer é "vir e jogar tudo pra fora". Vamos em frente.


O título deste post é uma adaptação do título de uma música chamada "O admirado lamentável cidadão", e essa letra me tem feito pensar em muitas coisas, principalmente sobre mim mesmo. Bem, queria começar falando sobre o seguinte trecho:

"Eu vi e vivi num tempo em que me importava com os prazeres daqui...
Conquistei sonhos, fiz alimentar o ego pra que todos vissem... 
Olha lá o admirável cidadão! 
Viciado em estar no topo, é mesmo um conquistador..."

O nosso mundo, a nossa sociedade ou, como diria Agostinho, a "cidade dos homens", é caracterizada no seu íntimo pela busca da vanglória e dos aplausos. Nossas inquietações e ambições diárias sempre se resumem ao que é temporal e imediato. Na medida em que "fazemos e acontecemos", alimentamos o nosso ego pra que todos olhem pra nós e nos chamem de "admiráveis cidadãos" - olhem como ele é "capaz", como ele é "inteligente", como ele conquistou "riquezas e prosperidade", como ele é "bondoso e caridoso" e outras coisas do tipo. Somos viciados em estar no topo. Somos viciados em prêmios, em títulos e em troféus. E, cada vez mais irremediavelmente, assim caminha a humanidade - com passos de formiga e em seu próprio egoísmo e maldade. 


Passeando um pouco mais pela letra, temos o seguinte:

"Eu vi e vivi num tempo de muita riqueza, poder, glamour e fama
Me fazendo despir do que era certo
Ao preço pra chegar aonde todos irão dizer...
Olha lá o admirável cidadão! ..."

Desde que o mundo é mundo (por assim dizer), as relações humanas são temperadas [ou melhor, contaminadas] por dois venenos mortíferos: injustiça e autopromoção. Em nome de sermos reconhecidos, reverenciados, respeitados, aclamados e honrados pelos outros, ignoramos a justiça e a integridade. Maquiavel se faz latente em nosso "modus vivendi" e "os fins continuam justificando os meios" - até mesmo quando os fins são o bem-estar próprio ainda que o outro sofra. Só queremos o poder, o glamour e a fama. Nos despimos do que é certo e vendemos nossas almas e valores em nome da autopromoção. Tudo o que queremos é que os outros nos venerem - é o "Complexo do Éden" de cada dia, é o desejo de "sermos como Deus", é a cobiça de "sermos semelhantes ao Altíssimo", assim como se relata a respeito de Lúcifer. Finalmente, o rei Salomão já dizia: "...vi ainda debaixo do Sol que no lugar da retidão estava a impiedade; e que no lugar da justiça estava a impiedade ainda...".  Ruína moral, ruína espiritual, ruína total.


Na verdade, quando penso nessa música e no que ela diz, me lembro de certas palavras ditas por Jesus Cristo [conforme o Evangelho segundo Mateus, no capítulo 23] que me inquietam profundamente, as quais mostraram/mostram que esses que querem ser vistos como os "admiráveis cidadãos" não estão "fora da religião", mas, infelizmente, eram/são os mais "religiosos". 

Jesus disse a respeito deles que eles não praticavam o que ensinavam. 
Jesus disse que eles colocavam sobre os outros fardos pesados e difíceis de suportar, os quais eles não queriam mover nem com o dedo.
Jesus disse que eles faziam todas as coisas para serem vistos pelos homens.
Jesus disse que eles gostavam dos primeiros lugares, de serem aclamados nas praças e de serem chamados de "mestres".
Jesus disse que eles eram hipócritas - ou seja, eram atores sociais, eram personagens, fingiam ser o que não eram.
Jesus disse que eles não estavam entrando no reino de Deus nem permitiam que outros também entrassem.
Jesus disse que eles devoravam as casas das viúvas e que, na busca de novos seguidores de suas práticas religiosas, eles faziam "filhos do inferno" - assim como eles mesmos eram.
Jesus os chamou de guias cegos, de sepulcros caiados e de insensatos.
Jesus disse que eles davam dízimos mas não praticavam a justiça, a misericórdia e a fé.
Jesus disse que eles limpavam o exterior do copo e do prato e que pareciam justos aos olhos dos homens, mas tinham o interior cheio de impureza, imundície e iniquidade.
Jesus disse que eles eram filhos dos assassinos dos profetas que falaram em nome do próprio Deus que diziam servir.
Jesus os chamou de raça de víboras e de serpentes, afirmando que eles não escapariam da condenação do inferno.


Perturbador. Instigante. Insanamente confrontador. Sim, foi Jesus Cristo quem disse tudo isso. E Ele disse isso de RELIGIOSOS - dos que normalmente se sentem melhores do que os "mundanos". Simples assim.

Finalmente, a música apresenta outro trecho interessante, que diz:

"Eu vi e vivi num tempo em que tudo o que era meu caiu em pedaços
Me fazendo imergir em solidão e desespero e as pessoas gritavam...
Olha lá o lamentável cidadão! Viciado em estar no topo, hoje é só um perdedor...
Sabe o preço de todas as coisas
Pena não saber o valor de nada aqui..."

Um dia tudo cai em pedaços. Nossa justiça própria, nossa sabedoria humana, nossa capacidade intelectual, nossos talentos e habilidades, nossa casa, nossos bens e, por fim, nós mesmos somos lançados numa cova e cobertos com terra. Um dia muitos possivelmente irão deixar de ouvir que são "admiráveis" e serão apenas motivo para gritos de lamento. Esse é o destino que Jesus afirma quanto aos "admirados lamentáveis religiosos" - eles não escaparão da condenação do inferno, pois não há como escapar dela a não ser por meio da ação do próprio Jesus, pois a Bíblia diz que é Ele que nos livra da ira futura e que os que não creem nEle continuam sob a ira de Deus. 


A minha indignação, no fim das contas, é comigo mesmo - pois muitas vezes tenho que reconhecer que ainda sou como um "admirado lamentável religioso". Como dizia certo pregador, "se alguém me caluniar dizendo que eu sou mau, eu não preciso me defender - pois, na verdade, sou pior do que o que ele pensa de mim". Por tudo isso, eu estou farto de ter que atender "pré-requisitos" para ser a "pessoa ideal". Eu estou saturado de ver no meio religioso a mentalidade dos "supercrentes" - pois essa é a mesma atitude que Jesus condenou nos fariseus. Eu não suporto mais isso! Eu estou revoltado. Chega de ter que me adaptar às expectativas. Chega. 

Logo, o meu desejo para a comunidade cristã desses dias é que Jesus faça com as nossas mentes e corações o mesmo que Ele fez no templo - quebre todo engano da aparência, destrua toda a mentalidade orgulhosa, bagunce todos os conceitos e preconceitos contrários ao Seu evangelho e nos faça entender que a casa Dele [que somos nós, se cremos Nele] não é lugar de barganha de valores, de venda de princípios e de roubo de caráter. João mostra em seu Evangelho que Jesus fez isso pelo seu zelo, pois "...o zelo da Tua casa me consumirá..." [João 2:17]. Que coisa maravilhosa - zelo! Zelo incontido. Ira justa. Indignação santa. Esse é o evangelho de Jesus Cristo: um evangelho desconsertante, constrangedor, inspirador, vivo, penetrante, inquietante, perturbador, divinamente subversivo, admirável e verdadeiro. 


Você precisa se indignar também - mas comece com você mesmo. Reconheça que talvez você também possa ser mais um "admirado lamentável religioso" e que, por isso, está indo firme e forte (ou seria fraco?) em direção à condenação do inferno. Se eu estou escrevendo isso, é porque me importo com você que parou aqui neste blog. Como disse, o mesmo Jesus que fala sobre condenação é o que nos livra da ira de Deus que ainda virá. Deus pode te pegar pela mão e te tirar desse poço - você não pode se livrar sozinho. Simplesmente olhe para Ele e confie no amor Dele. Ele amou o mundo e deu Jesus Cristo para que todo o que Nele crê tenha vida eterna. Meu único anseio é que tanto eu quanto você possamos dizer no fim de tudo: eu sei de duas coisas; eu sou um grande pecador e Jesus é o grande Salvador. Podemos ser todos como "admiráveis lamentáveis religiosos", mas o que mais importa é que a bondade Dele é maior do que nossa miséria e mediocridade.




Por ser um lamentável cidadão admiravelmente salvo por Ele,




Soli Deo Gloria!

domingo, 18 de agosto de 2013

Letras grandes em janelas escancaradas...

Estou de volta, enfim... Ora, escrever é preciso.

Após algumas repercussões interessantes a respeito do último post [intitulado "a questão não é você"], pretendo colocar novas ideias pra fora. 


Na verdade, neste novo texto continuar na mesma temática do texto anterior, porém vou começar de forma mais lúdica citando o trecho de uma canção chamada "Cartão Postal", interpretada pela cantora mineira Lorena Chaves, a qual diz:

"...Te coloco como um selo em mim pra outro ler
Letra grande, escancarada janela
Sob os meus pés as sandálias que gastei ao seguir...
Atravessar o mundo com Você dentro de mim
Levar na mala o Bilhete da Paz como um carteiro calado..." 


Primeiramente, o escritor da música começa dizendo que carrega consigo um selo pra que outros possam ler. Ou seja, ele se define como uma "carta ambulante" que tem impresso sobre si algo que ele deseja que todos vejam e entendam. Mais do que isso: todos devem ler em LETRA GRANDE, para que tanto os que estão perto quanto os que estão longe tenham a chance de ver aquilo que ele tanto deseja mostrar enquanto segue pela vida, gastando suas sandálias. Finalmente, ele quer atravessar o mundo com essa "companhia" dentro de si e levar um tal "bilhete da paz" sem precisar falar nada... E daí? 

Tudo isso é apenas poesia sem sentido? Versos aleatórios? Não exatamente; melhor dizendo, faz todo o sentido com o que quero falar.


Eu posso muito bem dizer, ao olhar para mim mesmo, que sou como o autor dessa música - alguém que carrega sobre si mesmo um Selo que deseja que todos leiam o que esse Selo diz em letra grande. Sou alguém que quer atravessar o mundo e que espera ver janelas sendo escancaradas na alma e na mente das pessoas ao meu redor. Na verdade, eu mesmo preciso estar com a minha mente e alma livres de fardos para que os outros vejam que essa liberdade é possível a elas também. Ao gastar as minhas sandálias por onde ando todo dia [na faculdade, nas ruas, em viagens etc.], quero levar o mesmo "bilhete da paz" que o poeta leva consigo. E, curiosamente, eu também gosto de silêncio - logo, faço questão de ser como aquele "carteiro calado". 

Mas que selo é esse?
Quem é que ele quer levar dentro de si enquanto atravessa o mundo?
Qual é esse "bilhete da paz"?
E essa coisa de ser como um "carteiro calado"?


Sendo bem direto, o selo que o poeta carrega não é um selo qualquer. Ele começa a música falando de uma certa "Carta Viva e Boa-Nova de amor", a qual está impressa sobre ele e que ele deseja que todos leiam em letra grande e pelas janelas escancaradas [de seus apartamentos, de suas casas e, acima de tudo, pelas janelas de seus corações provavelmente presos e oprimidos] - ora, uma boa notícia só faz sentido pleno se quem a recebe não tiver mais nenhuma esperança. Boas notícias são para miseráveis, perdidos em seus próprios conceitos e sem perspectiva de futuro. Boas notícias são para doentes. Isso me faz lembrar algo que Jesus Cristo disse certa vez: "os sãos não precisam de médico, mas sim os doentes... eu não vim chamar justos, mas vim chamar pecadores ao arrependimento..." [adaptado do Evangelho segundo Mateus, cap. 9, vs. 12 e 13]. 


Recebemos muitas boas notícias na vida - por exemplo, a aprovação no vestibular, o "sim" daquela garota de que gostamos de verdade, uma viagem pra Europa etc. - , mas nada pode ser comparado com o chamado de Jesus mostrado acima. A "Boa-Nova do Amor" nada mais é do que o amor de Deus pelos pecadores, por aqueles que estão doentes e que não podem curar a si mesmos. Enquanto esteve na terra, Jesus gastou as Suas sandálias ao seguir por vários lugares a fim de fazer com que os outros lessem a "Boa-nova" ao olharem para Seu exemplo e ao ouvirem Suas palavras. 

Ele levou consigo o "Bilhete da Paz" ao mostrar que Deus estava reconciliando o mundo consigo mesmo por meio de Sua morte na cruz e, posteriormente, pela sua ressureição. Além disso, Jesus quase sempre preferia que as pessoas não soubessem de certos sinais e milagres que fazia - Ele agia como se fosse aquele "carteiro calado", que prefere fazer o bem no anonimato do que ter os holofotes sobre si. Que admirável! 


Finalmente, em alguma parte da Bíblia pode-se ler que os seguidores de Jesus são chamados de "carta de Cristo" - uma carta conhecida e lida por todos os homens, porém escrita com o Espírito do próprio Deus. Isto é: nós não precisamos fazer propaganda de nós mesmos, de nossas próprias virtudes nem mesmo de nossa pretensa religiosidade superior. Devemos ser como "carteiros calados" que só abrem a boca para falar sobre a "Boa-Nova do Amor" e proclamar a mensagem do "Bilhete da Paz", mostrando que essa paz que carregamos é como uma "carta que não fala nada de nós" - o que interessa é simples e somente a graça Dele ao resgatar pecadores perdidos, a justiça Dele ao determinar juízo contra os que não se arrependem e a glória Dele por ser o autor supremo da salvação dos que creem. 

Enfim... Eu quero atravessar o mundo com Ele dentro de mim - pois a boca fala do que está cheio o coração e, se Ele é quem preenche o que está lá dentro, é Ele quem será visto aqui do lado de fora, esteja eu falando ou em silêncio. Em um mundo que está cada vez mais em guerra [nas ruas e dentro das almas das pessoas], o "Bilhete da Paz" que Ele me deu é cada vez mais oportuno - logo, se eu sei o que esse bilhete diz, eu preciso levá-lo por onde eu seguir e, dessa forma, o mal será subvertido pela Verdade - a Verdade Viva, a Verdade Eterna, a Verdade que tem um só nome: Jesus Cristo.



Que o Bilhete da Paz seja compartilhado em CAPS LOCK, e que as janelas se escancarem!





Pelo dom de subverter o mal com a Verdade,




Soli Deo Gloria!

sábado, 10 de agosto de 2013

A questão não é você...

Aproveitando um tempinho vago nesse sábado agitado - comecei o dia 8h da manhã com aula de grego koiné até o meio-dia e, em seguida, fui ver um brother do Rio de Janeiro que estava de passagem por minha terra - para colocar novas ideias pra fora.

Eu não sei o que será de mim depois desse texto - desde que tenho pensado em escrevê-lo, a palavra que não sai de minha mente é serenidade. Preciso de serenidade, definitivamente. Logo vocês entenderão.


Sem muitos rodeios, queria começar dizendo que o tema desse post está baseado na frase que inicia um livro que li em minha adolescência e que, naquela época, foi muito importante para novos aprendizados. O autor começa o primeiro capítulo do livro com a frase "a questão não é você". Ao ler isso, já fui inteiramente instigado a ler o livro sem parar pois, numa sociedade cada vez mais massageadora de egos e caracterizada por uma "política de boa vizinhança" medíocre e sórdida (sem confrontos saudáveis que permitam mudanças radicais nas nossas almas e caráter), é bom ver alguém tirando o foco de onde ele não deve estar. Sacaram?

A questão não é você... 
A questão não sou eu...
A questão não somos nós... Será? Vamos ver.



No caso desse livro que li, o capítulo que começava com a frase-título desse post explica o porque que "eu não sou a questão"... Sendo mais claro, o mundo não gira em torno de mim [ou seja, ele não é "andreocêntrico" - se você não sabe, me chamo André], eu não sou a razão de ser das coisas nem sou digno de ser o centro das atenções. O mesmo acontece com você - se eu e você somos igualmente humanos, limitados, dotados de qualidades e defeitos e repletos de necessidades e anseios (não importando nossas diferenças sociais, intelectuais, étnicas, religiosas e ideológicas), você também não é o centro do universo. Sinto lhe informar mas, se você achava que sua vidinha mais ou menos determina ou define o curso das coisas ou é o padrão a ser imitado, desista. Nem a minha vida, nem a sua, nem a de ninguém está [ou estará] num nível suficientemente bom para tamanha pretensão. 

Entretanto, o que me fez pensar mais fortemente no tema desse texto foram algumas experiências das quais tirei algumas lições importantes e que deixo aqui nesta postagem - a primeira delas é que estamos muito acostumados a pensar que é o nosso jeito de se comportar ou as nossas ações visíveis que são poderosas em si mesmas para mudar o que está errado ao nosso redor. 


Isto é: "eu preciso ter cuidado com o que vão pensar a meu respeito, pois as pessoas irão mudar o que está de errado nelas ao verem o meu proceder". NÃO! Não é nada disso! Está tudo errado! Não é bem isso; deixe-me explicar.

Por mais que seja bom e louvável buscarmos ser bons exemplos para os que nos cercam, nosso coração inclinado às aparências e ao orgulho tende a se prender nas expectativas dos outros ou a supervalorizar o que fazemos. Infelizmente, eu percebo que o ambiente em que essa mentalidade é mais comum é o religioso - as pessoas religiosas (cristãs ou de outro segmento, por exemplo) estão treinadas a viver com base na premissa de que é o "seu testemunho de vida" ou o seu "bom comportamento" que vai trazer um sentido real para a vida daqueles que ainda estão "perdidos" por aí. Nos julgamos os "salvadores da pátria" ao olharmos pra nós mesmos e cairmos no engano de que somos bons, exemplares, cheios de virtude ou até mesmo "quase santos". NÃO! Não é isso, curiosamente (e felizmente), que a Bíblia diz, pois em certo lugar se lê:

"...Não me envergonho do EVANGELHO de Cristo, pois é O PODER DE DEUS para salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego... Porque no Evangelho é revelada a justiça de Deus, a qual é de fé em fé... " [Romanos 1:16-17a]


No momento em que a Bíblia fala de salvação; ela diz que o evangelho é O poder de Deus - não há outra alternativa, seja ela o meu testemunho de vida, o meu bom comportamento social e entre as pessoas da igreja bem como os meus bons costumes etc... Apenas o contato com a real mensagem de Jesus pode tirar a humanidade da sua situação condenável e reconciliá-la com Deus. Não é a nossa "santidade" superficial, nem nossa "vida de congressos em congressos gospel", nem nossas camisas com "frases de efeito gospel", nem nossos livros de "formatações gospel" e nem mesmo a nossa "teologia superior" que muda coisa alguma. O poder de Deus está no próprio Deus revelado em Jesus Cristo no que chamamos de Evangelho. Sem mais. 

Finalmente, outra coisa que tem me preocupado é o fato de que, muitas vezes, o nosso zelo pela verdade e pelos bons princípios têm nos levado a cometer alguns erros que criticamos naqueles que, segundo nós mesmos, estão longe da "verdadeira verdade". Nos gloriamos porque "sabemos mais" sobre tal assunto do que o outro ou até mesmo nos julgamos melhores por achar que nossa postura zelosa é sinal de superioridade ou de mais "maturidade". Nos prendemos sutilmente a referenciais humanos (mesmo que esses sejam bons referenciais) e deixamos o coração ficar elevado e inchado. Conclusão: estamos contaminados por um vírus silencioso e não percebemos.


Prefiro praticar essas palavras do apóstolo Paulo:

"...O conhecimento incha, mas o AMOR edifica.
E, se alguém pensa que sabe alguma coisa, ainda não conhece como convém.
Mas, aquele que AMA a Deus, este é conhecido por Ele..." [1 Coríntios 8:1a-3]

O conhecimento é muito importante, mas alimenta o ego quando o coração de quem está recebendo é vaidoso. O amor edifica pois, por definição, o amor desarma o orgulho e a superioridade humana, nos deixando vulneráveis na medida em que revela quem de fato somos mas, depois disso, o amor tem poder para nos refazer naquilo que devemos ser. Na verdade, mesmo que tenhamos conhecimento, ainda não sabemos como deveríamos saber, mas Deus conhece aqueles que O amam. 


Ou seja: não tem nada a ver com o que eu sei, com a minha própria perspectiva de maturidade pessoal e com os meus conceitos. A questão não é o "meu saber", mas o amor que tenho por Aquele que é a sabedoria personificada - o Qual, graciosamente, me faz amá-Lo, pois eu só posso amar a Deus porque Ele me amou primeiro. Que maravilha é saber que não precisamos nos subjugar a um regime de "bajulação" exterior e interior; temos apenas que aprender a expressar por Ele e pelos outros o amor que Ele já derramou em nós - melhor dizendo, o amor que Ele nos deu ao derramar de Si mesmo dentro daqueles que creem, porque Ele é Amor. Eu não quero ser levado a pensar que ainda posso ser " o X da questão". E você?

A questão não é você.
A questão não sou eu.
A questão é que "...Dele, por Ele e para Ele são todas as coisas; a Ele seja a glória eternamente. Amém". Sem mais. 




Pela alegria de saber que Ele é a razão de tudo,




Soli Deo Gloria!

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

"Jihad" contra quê?

De vez em quando a gente precisa parar um pouco pra pensar.

Nos últimos dias estou um tanto mais reflexivo - nem sempre precisamos estar online o tempo todo, escrevendo sobre tudo, comentando todos os posts que lemos ou cada foto bonita que vemos no Instagram... Parar às vezes é preciso


Desde minha viagem ao sertão da Bahia (precisamente, para a Chapada Diamantina) até os últimos dias do mês de julho em Minas Gerais, estive bem ausente do blog. Entretanto, meu período em Belo Horizonte me fez pensar sobre o tema desta postagem - mas não estranhem, eu não vou me ater a detalhes sobre a fé islâmica, até porque não conheço bem os seus princípios. Porém, como a expressão que dá título ao post é um tanto mais familiar (particularmente por causa da mídia), quero fazer um paralelo entre esta e o tema do texto. Vamos em frente, sem perda de tempo. 

"Jihad" é uma palavra árabe que significa "esforço" ou "empenho". Ela pode ser também entendida como uma luta, por meio da vontade pessoal, de se buscar e alcançar a fé perfeita. No contexto do Islã, existem dois tipos de "jihad": a Jihad maior (luta consigo mesmo, pelo controle da alma) e a Jihad menor (relacionada aos esforços para a propagação dos ensinos de Maomé às pessoas). Bem, acredito que a maioria de nós conhecemos "jihad" como sendo "guerra santa" mas, embora esse não seja o seu real significado, gostaria de focalizar esse aspecto. 


Eu, sem nenhuma dúvida, sou a favor da Jihad.
Não, pera! 
É isso mesmo, produção?

Sim, sem meias palavras ou sem rodeios.

Considerando o senso comum de que "Jihad" seria um tipo de "guerra santa", eu sou a favor - mais do que isso, eu preciso ir além do apoio; eu tenho que estar no campo de batalha! Bem - está certo que este blog é um blog de subversão, mas chegar ao ponto de se levantar a bandeira da guerra ao invés da "bandeira da paz" não seria subversão demais? Sim. Porém, é mais do que subversão exagerada - é questão de sobrevivência. Quer saber por quê? Siga.


Sendo mais preciso, eu sou a favor do que os muçulmanos chamam de "Jihad maior" - a luta contra si mesmo, pelo domínio da alma. Na verdade, os próprios seguidores de Maomé consideram este aspecto o mais importante da Jihad - pois, como disse certo teólogo, o meu maior inimigo sou eu mesmo. Podemos ter inimigos difíceis ao longo da vida - a falta de emprego, uma doença grave, um desafeto (ou muitos deles) ou até mesmo inimigos na esfera espiritual. No entanto, nenhum deles é mais difícil de ser vencido do que você mesmo. Como dizia o célebre Gandhi: aquele que não é capaz de governar a si mesmo jamais será capaz de governar outros

Curiosamente, não é somente o islamismo que traz em seus ensinos um incentivo forte em nome da luta contra si mesmo e contra os impulsos da alma. O cristianismo, conforme a mensagem bíblica, de forma até mesmo mais incisiva e "violenta", nos intima a "fazer guerra", a fazer "jihad" contra nós mesmos. Vejamos alguns exemplos:

"Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome cada dia a sua cruz e siga-me". [Evangelho segundo Lucas, cap. 9, vs. 23].
"E aquele que não toma a sua cruz e não segue após mim não é digno de mim". [Evangelho segundo Mateus, cap. 10, vs. 38].
"Na verdade, na verdade digo a vocês que, se o grão de trigo não morrer ao cair na terra, fica ele só; mas, se morrer, dá muito fruto". [Evangelho segundo João, cap. 12, vs. 24].
"...Mas se, pelo Espírito, vocês mortificarem as obras do corpo, vocês viverão..." [Carta aos Romanos, cap. 8, vs. 13]. 



Se a gente pensar bem, a mensagem das Escrituras não é aquilo que podemos chamar de "romântico". Existe uma tendência cruel e inflexível em seu conteúdo - uma tendência cruel que nos constrange a lutar uma guerra insana, violenta e árdua. Mas contra quem e contra o quê? 

Não é contra os outros. Não é contra os outros, repito. 

Antes de tudo e sobre tudo, a guerra para a qual a Bíblia nos chama a atenção é contra todo tipo de inclinação cruel, egoísta, violenta e má de nossas almas. De fato, o grande problema em nós é que estamos inclinados e treinados a combater sempre os erros e defeitos dos outros - mas não os nossos próprios. As palavras de Jesus Cristo registradas nos evangelhos de Mateus, Lucas e João e a breve mensagem de Paulo na carta aos Romanos (citadas acima) são duras e categóricas: façamos de conta que nós mesmos e que nossos interesses não existem, sem morte e sacrifício não existem bons frutos, vamos fazer morrer tudo que existe de mau e cruel em nós. Violento. Irredutível. Sem margens para amenizações. Não há como escapar. 


No entanto, existe algo que precisa ser esclarecido aqui: nós não somos capazes de lutar sozinhos contra nossos próprios impulsos. Nossas inclinações naturais são mais fortes do que nossa pretensiosa "força de vontade", pois a Bíblia também mostra que "o bem que quero fazer, isso não faço; mas o mal, que não quero, esse eu faço... mas não sou eu que faço, mas o pecado que habita em mim" - [adaptação de Romanos 7, vs. 19 e 20]. Porque somos todos pecadores, não podemos lutar contra nós mesmo sozinhos. Sempre iremos cair em algum erro em algum momento. É inevitável. O que fazer então?

Relembrando os versículos mencionados antes, pode-se notar que Jesus diz que quem toma a sua cruz a cada dia está seguindo a Ele - ou seja, minha caminhada e meu estilo de vida simplesmente se baseia em imitá-LO. Não é possível negar a si mesmo sem que Ele nos ensine a fazer isso - Ele vai à nossa frente e nós seguimos o Seu ritmo. Finalmente, a atitude de "fazer morrer" as obras do corpo (ou da natureza pecadora que cada um de nós tem) só é possível "pelo Espírito" - não tem nada a ver com "força de vontade" humana, mas com o poder do próprio Deus agindo dentro de mim. 



Eu, particularmente, já desisti de lutar sozinho contra mim mesmo - meu temperamento é inflexível e obstinado e minhas inclinações ruins são fortes e, muitas vezes, desmedidas. Só posso encerrar este texto mencionando outras palavras do apóstolo Paulo, que disse certa vez:

"Miserável homem que sou! Quem me livrará deste corpo de morte? Mas graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor..." [Romanos 7, vs. 23-24a]. 

Somos todos miseráveis. Somos todos impotentes contra nós mesmos. Mas Cristo é mais forte que o pecado que habita em nós. Ele é mais forte do que eu mesmo. Nele eu tenho todas as armas que preciso para lutar a "verdadeira Jihad" de cada dia.




Pela alegria de ser alistado para a verdadeira Jihad,





Soli Deo Gloria!