terça-feira, 27 de março de 2012

Como beber suco de laranja para a glória de Deus - por John Piper

Caros leitores,
Deixo com vocês este artigo maravilhoso que li há alguns meses... E, como eu não estou inspirado essa semana, achei por bem compartilhar esse texto... Boa leitura!


Quando me perguntam: “A Doutrina de Depravação Total é bíblica?”, minha resposta é: “Sim”. Uma das coisas que pretendo dizer com esta resposta é que todas as nossas ações (sem a graça salvadora) são moralmente maculadas. Em outras palavras, tudo o que o incrédulo faz é pecaminoso e, portanto, inaceitável a Deus.
Uma de minhas razões para crer nisto encontra-se em 1 Coríntios 10.31: “Quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus”. É pecado desobedecermos este mandamento das Escrituras? Sim.


Por isso, chego a esta triste conclusão: é pecado alguém comer, ou beber, ou fazer qualquer outra coisa, se não for para a glória de Deus. Em outras palavras, o pecado não é apenas uma lista de coisas prejudiciais (matar, roubar, etc.). Pecamos quando deixamos Deus fora de consideração nas realizações triviais de nossa vida. Pecado é qualquer coisa que fazemos, que não seja feito para a glória de Deus.
É pecado alguém comer, ou beber, ou fazer qualquer outra coisa, se não for para a glória de Deus.
Mas, o que os incrédulos fazem para a glória de Deus? Nada. Conseqüentemente, tudo o que eles fazem é pecaminoso. É isso que pretendo dizer, quando afirmo que, sem a graça salvadora, tudo que fazemos é moralmente ruim.
Evidentemente, isto suscita uma questão prática: como podemos “comer e beber” para a glória de Deus? Tal como, por exemplo, beber suco de laranja no café da manhã?
Uma das respostas encontra-se em 1 Timóteo 4.3-5:
…[alguns] proíbem o casamento e exigem abstinência de alimentos que Deus criou para serem recebidos, com ações de graças, pelos fiéis e por quantos conhecem plenamente a verdade; pois tudo que Deus criou é bom, e, recebido com ações de graças, nada é recusável, porque, pela palavra de Deus e pela oração, é santificado.
Suco de laranja foi criado para ser “recebido com ações de graças, pelos fiéis e por quantos conhecem plenamente a verdade”. Portanto, os incrédulos não podem usar suco de laranja para cumprir o propósito que Deus tencionou – ou seja, uma ocasião para ações de graça sinceras, dirigidas a Ele, provenientes de um coração de .


Mas os crentes podem, e esta é a maneira como glorificam a Deus. O suco de laranja que eles bebem é santificado “pela palavra de Deus e pela oração” (1 Tm 4.5). A oração é a nossa humilde resposta de agradecimento do coração. Crer nesta verdade, apresentada na Palavra de Deus, e oferecer ações de graça, em oração, é uma das maneiras de bebermos suco de laranja para a glória de Deus.
A outra maneira é bebermos com amor. Por exemplo, não insista na porção maior. Isto é ensinado no contexto de 1 Co 10.33: “Assim como também eu procuro, em tudo, ser agradável a todos, não buscando o meu próprio interesse, mas o de muitos, para que sejam salvos”. “Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo” (1 Co 11.1). Tudo o que fazemos – inclusive beber suco de laranja – pode ser feito com a intenção e a esperança de que será proveitoso para muitos, a fim de que sejam salvos.


Louvemos a Deus porque, pela sua graça, fomos libertos da ruína completa de nossos atos. E façamos tudo, quer comamos, quer bebamos, para a glória de nosso grande Deus!




Soli Deo Gloria!

terça-feira, 20 de março de 2012

Que diferença faz se Deus existe? - por William L. Craig

As pessoas ocidentais por viverem em contextos de origem cristã não conseguem perceber a importância da existência de Deus. Então, devemos mostrar as implicações da existência de Deus para pessoas descrentes. Na Rússia está havendo um crescimento do cristianismo devido “a prova do contrário”, pois o povo viu que o marxismo por tantos anos não deu certo.

Filósofos existencialistas como Sartre analisaram que de fato a inexistência de Deus torna a vida sem sentido. Apesar disso não ser uma prova em favor da existência de Deus, isso mostra a importância da pergunta. Ninguém que conhece as implicações do ateísmo pode ignorar a pergunta “que diferença faz se Deus existe”, pois sem Deus a vida humana é absurda: a vida não tem sentidovalor ou propósitos superiores e definitivos.

 

1.  Sentido: significado (porque algo importa)
2.  Valor: bem ou mal (certo ou errado)
3.  Propósito: alvo (razão de algo existir)

Minha defesa é que se Deus não existe, então tais coisas não existem, além de em nossas próprias cabeças. Não estou dizendo que ateus são imorais ou não tem alvos, mas que segundo o ateísmo todas as coisas são somente ilusões subjetivas.

Consideremos a questão da imortalidade. Se Deus não existir tanto o homem quanto o universo estão fadados à morte, ao “não ser”. Conforme diz o filósofo existencialista Jean-Paul Sartre: “Uma vez perdida a eternidade, não faz muita diferença se isso demorar muitas horas ou muitos anos”. A consequência disso é que a vida se torna absurda.


 

1)  Sem sentido final: se toda pessoa deixa de existir quando morre, qual a diferença final faz nossa vida? Certamente, podemos ter influência relativa, mas nenhuma importância absoluta. Em última análise, não faz diferença e a humanidade não tem nenhuma diferença de um bando de mosquitos. Mas mesmo tendo imortalidade, não é só disso que o homem precisa para ter sentido. O homem precisa de imortalidade e de Deus e se Deus não existe, o homem não tem nenhum dos dois.

2)  Sem valor: sem imortalidade e se tanto o bom quanto o mal tem o mesmo fim, então não existe razão para sermos morais. “Não pode haver virtude sem imortalidade” (Dostoievski). Dizer que a moralidade flui de interesses comuns (uma mão lava outra) é uma resposta simplista que ignora que os interesses de algumas pessoas vão diretamente contra o de outras. Sem imortalidade não há nenhum razão objetiva para moralidade. E se Deus não existe, não há um padrão objetivo de moralidade, tornando-se só uma construção do gosto pessoal, da evolução ou da sociedade.

3)  Sem propósito: se tudo está fadado à morte, então não há nenhum propósito na vida ou no universo. Se Deus não existe, a vaidade descrita em Eclesiastes é verdade: “Porque o que sucede aos filhos dos homens, isso mesmo também sucede aos animais, e lhes sucede a mesma coisa; como morre um, assim morre o outro; e todos têm o mesmo fôlego, e a vantagem dos homens sobre os animais não é nenhuma, porque todos são vaidade” (Eclesiastes 3:19). Se a vida acaba com a morte não temos um propósito final com a vida. E, além disso, mesmo com a imortalidade, mas sem Deus, o homem continuaria a sendo um mero acidente cósmico, um produto casual de matéria, tempo e chance, sem razão nenhuma de existência. Se Deus não existe você não passa de um aborto da natureza, lançados sem propósitos para viverem uma vida sem propósito.

 

Se Deus não existe, então tudo o que temos é o desespero. Como Schaeffer diz: “Se Deus está morto, então o homem também o está”. O filósofo ateu Bertrand Russell, por exemplo, sugeriu que devemos construir nossas vidas “sob o firme fundamento do desespero incessante”.  A vida consistente com o ateísmo é uma vida infeliz. Toda felicidade de um ateu é uma inconsistência. Nietzsche, filósofo existencialismo, em uma história previu as consequências do ateísmo:
“Não ouviram falar daquele homem louco que em plena manhã acendeu uma lanterna e correu ao mercado, e pôs-se a gritar incessantemente: “Procuro Deus! Procuro Deus!”? – E como lá se encontrassem muitos daqueles que não criam em Deus, ele despertou com isso uma grande gargalhada. Então ele está perdido? Perguntou um deles. Ele se perdeu como uma criança? Disse um outro. Está se escondendo? Ele tem medo de nós? Embarcou num navio? Emigrou? – gritavam e riam uns para os outros. O homem louco se lançou para o meio deles e trespassou-os com seu olhar. “Para onde foi Deus?”, gritou ele, “já lhes direi! Nós os matamos – vocês e eu. Somos todos seus assassinos! Mas como fizemos isso? Como conseguimos beber inteiramente o mar? Quem nos deu a esponja para apagar o horizonte? Que fizemos nós ao desatar a terra do seu sol? Para onde se move ela agora? Para onde nos movemos nós? Para longe de todos os sóis? Não caímos continuamente? Para trás, para os lados, para a frente, em todas as direções? Existem ainda ‘em cima’ e ‘embaixo’? Não vagamos como que através de um nada infinito? Não sentimos na pele o sopro do vácuo? Não se tornou ele mais frio? Não anoitece eternamente? Não temos que acender lanternas de manhã? Não ouvimos o barulho dos coveiros a enterrar Deus? Não sentimos o cheiro da putrefação divina? – também os deuses apodrecem! Deus está morto! Deus continua morto! E nós o matamos! Como nos consolar, a nós, assassinos entre os assassinos? O mais forte e sagrado que o mundo até então possuíra sangrou inteiro sob os nossos punhais – quem nos limpará esse sangue? Com que água poderíamos nos lavar? Que ritos expiatórios, que jogos sagrados teremos de inventar? A grandeza desse ato não é demasiado grande para nós? Não deveríamos nós mesmos nos tornar deuses, para ao menos parecer dignos dele? Nunca houve ato maior – e quem vier depois de nós pertencerá , por causa desse ato, a uma história mais elevada que toda a história até então!” Nesse momento silenciou o homem louco, e novamente olhou para seus ouvintes: também eles ficaram em silêncio, olhando espantados para ele. “Eu venho cedo demais”, disse então, “não é ainda meu tempo. Esse acontecimento enorme está a caminho, ainda anda: não chegou ainda aos ouvidos dos homens. O corisco e o trovão precisam de tempo, a luz das estrelas precisa de tempo, os atos, mesmo depois de feitos, precisam de tempo para serem vistos e ouvidos. Esse ato ainda lhes é mais distante que a mais longínqua constelação – e no entanto eles cometeram! – Conta-se também no mesmo dia o homem louco irrompeu em várias igrejas , e em cada uma entoou o seu Réquiem aeternaum deo. Levado para fora e interrogado, limitava-se a responder: “O que são ainda essas igrejas, se não os mausoléus e túmulos de Deus?”. (Nietzsche, A Gaia ciência, fragmento 125).

 

A cosmovisão cristã fornece tanto a existência de Deus, quanto a imortalidade, necessárias para uma vida significativa e objetivamente feliz. Então, se só tivéssemos isso, parece muito mais razoável escolher o cristianismo. Conforme a aposta de Pascal: “quem apostar na existência de Deus, se ganhar, é evidente que tudo ganha, mas caso perca, nada perde. Trata-se de um jogo em que se arrisca o finito para ganhar o infinito”.




Soli Deo Gloria!

terça-feira, 13 de março de 2012

Los Hermanos para os teólogos da prosperidade...

Mais uma semana se inicia e, conforme a minha práxis, aqui estou eu.

Assim como busquei no post anterior, pretendo neste novo texto ser menos prolixo (isso é um problema para mim, confesso) e dizer tudo que deve ser dito... Na verdade, o assunto que pretendo tratar aqui está tão difundido na esfera social (e, particularmente, religiosa) de nossos dias que, provavelmente, escrever menos possa ser mais relevante do que "encher linguiça". Bem, vamos ao que interessa.

Talvez você esteja estranhando o título deste post. Sim, essa é uma reação natural, pois o que a teologia da prosperidade teria a ver com essa banda carioca de estilo misto samba-rock-mpb, famosa no Brasil inteiro por uma música que fala de um amor mal-resolvido por uma "Anna Júlia?" Aparentemente nada. Mas esse é o "x da questão": não tem a ver aparentemente. Mas, antes de mostrar o porquê do título deste post, gostaria de resumir um pouco o que é/seria a denominada Teologia da Prosperidade (fonte: "A demonologia da prosperidade - Maurício Zágari: http://apenas1.wordpress.com).

 

A Teologia da Prosperidade (ou Teologia da Confissão Positiva) surgiu no início do século XX e tem tudo para ser muito mais ligada às religiões não-cristãs do que ao Cristianismo. Simplesmente porque suas raízes estão na Nova Era. Tudo começou com uma mulher chamada Mary Baker Eddy, fundadora do movimento herético de Nova Era chamado Ciência Cristã, que afirma que “a matéria e a doença não existem e que tudo depende da nossa mente”. Foi quando, nas décadas de 1930 e 1940, um pastor chamado Essek William Kenyon passou a admirar os ensinamentos heréticos de Mary Baker Eddy, sabe-se lá por quê. Ele acabou fazendo uma grande salada religiosa, em que misturava as heresias de movimentos não-cristãos (como Ciência da Mente, Ciência Cristã e Novo Pensamento) com partes do Cristianismo, tornando-se assim pai do chamado “Movimento da Fé”.  Todas essas religiões afirmavam que, graças ao poder da mente, “tudo o que você pensar e disser se transformará em realidade”. É quando entra na história o homem que disseminou isso entre as igrejas cristãs: Kenneth Hagin.

 
O próximo ensinamento que Hagin herdou de Kenyon, que por sua vez herdou das religiões de Nova Era, é o das “promessas da doutrina da prosperidade”. Segundo essa doutrina, o cristão tem direito a saúde e riqueza, o que tornaria doença e pobreza “maldições da lei”.  Usando Gálatas 3:13-14, Kenneth Hagin diz que fomos libertos da maldição da lei, que seriam: pobreza, doença e morte espiritual. Ele tomou emprestadas as maldições de Deuteronômio 28 contra os israelitas que pecassem. Citando Pr. Elinaldo, “Hagin diz que os cristão sofrem doenças por causa da lei de Moisés”. Depois que inventou seus absurdos, Hagin foi pastor de igrejas de diversas denominações até que fundou sua própria organização, o Instituto Bíblico Rhema. Uma curiosidade é que o inventor da Teologia da Prosperidade foi inclusive acusado de plágio, por ter escrito livros com total semelhança aos de seu mentor, Essek Kenyon. Sua explicação? “Não é plágio, recebi diretamente de Deus”. Tá me entendendo, sim ou não?

Pois é. Aí Kenneth Hagin começou a escrever um monte de livros, onde afirma, entre outras coisas, que “recebe revelações diretamente do Senhor” (Hagin, Compreendendo a Unção, p. 7). E esse lixo teológico passou a ser devorado por legiões de pessoas, que começaram a propagar a Teologia da Prosperidade. Como seus argumentos trazem soluções imediatas aos problemas da vida, foi fácil arrebanhar multidões. Mas, se você analisar bem, a Confissão Positiva e a Teologia da Prosperidade tentam com suas práticas fazer Deus de escravo – afinal, por esse pensamento, se as pessoas “declaram pela fé”, “decretam em nome de Jesus” e coisa que o valha, o Onipotente e Soberano Criador do Universo não tem o que fazer a não ser obedecer suas criaturas como uma vaquinha de presépio. É só ter fé e vai chover dinheiro.

 

Diante dessa afirmação, 'o que tem mesmo a ver Los Hermanos e a Teologia da Prosperidade?" Bem, quando penso na referida corrente "teológica" - digo, entre aspas, porque algo que inverte ou mesmo deturpa os valores das Escrituras não tem nada de divino, de modo que a expressão TEO-logia não faz o menor sentido - sempre me recordo de uma música de Los Hermanos que diz:

"[...]
Olha lá!
Quem sempre quer vitória perde a glória de chorar...
Eu, que já não quero mais ser um vencedor, levo a vida devagar pra não faltar amor..."
(O Vencedor - Los Hermanos)

Quem sempre quer vitória perde a glória de chorar. Sim, pois chorar faz parte de ser "ser humano" e isso é glorioso, uma vez que revela a nossa limitação e fraqueza e, como resultado, nos faz ver que precisamos de algo superior a nós mesmos. Quem "quer brincar de ser Deus" a cada "eu declaro", "eu determino" e "eu profetizo em nome de Jesus" ditos em orações vazias de devoção e de amor por Ele, em músicas biblicamente pobres e sem beleza artística e até em livros sem profundidade e feitos para o mercado acaba enganando a si mesmo, visto que deixa de perceber quem de fato é o Senhor e quem é o servo, quem é que "dá as cartas" e quem é que segue as ordens... Você já reconheceu qual é o seu lugar? Eu sou lembrado do meu todos os dias (João 13:12-17).

 

A cada diz tenho percebido como nós, ditos cristãos, temos nos afastado da simplicidade que há em Cristo (2 Coríntios 11:3). Ou, como certa vez disse o Oficina G3: 

"...Tantas coisas vejo, tantas coisas observo... mas será apostasia ou cauterização? 
Nem a mente, nem o coração... Não consigo falar... Vergonha? Pode ser..."

Mas, na verdade, todo esse desvio em relação à verdade das Escrituras já estava predito nas próprias Escrituras; logo, enquanto vivermos, todas essas coisas nos farão companhia... Porém, eu ainda tenho esperança. 

Jesus disse que edificaria a Sua igreja (Mateus 16:18). Portanto, não posso duvidar da Sua palavra e do Seu poder para cumprir a Sua vontade nas vidas daqueles que Lhe pertencem, pois a Bíblia diz que "...Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela, [...] a fim de apresentá-la a Si mesmo igreja gloriosa, sem mácula nem ruga ou coisa semelhante, mas santa e irrepreensível..." (Efésios 5:25 e 27). Ele está trabalhando; Ele não vai parar de trabalhar; Seu plano se cumprirá integralmente. 

Finalmente, entre ser um vencedor segundo a "Teologia da Prosperidade" (ou seria "demonologia da prosperidade"?) ou ser um "perdedor" segundo a mesma ótica, fico com o Los Hermanos, levando a minha vida devagar - um dia de cada vez - pra não faltar amor... Ou melhor, levarei minha vida devagar pra não deixar de desfrutar Daquele que é Amor, pois, como os mesmos "Hermanos" disseram em outra música: "...sereno é quem tem a paz de estar em par com Deus". Sublime.

Exatamente. Estar ligado a Ele é suficiente para que eu seja sereno [apesar das intempéries da vida] e completo [mesmo que eu seja, em mim mesmo, tão incompleto e incerto]. Enfim, Los Hermanos para os teólogos da prosperidade é o pedido do dia!




Soli Deo Gloria! 

terça-feira, 6 de março de 2012

O maior segredo...

Caros leitores, depois de algum tempo sem muita inspiração, decidi escrever esse post, o qual (espero eu) será diferente da maioria dos meus textos – isto é, procurarei dizer o que deve ser dito e, ao mesmo tempo, economizar nas palavras.

Hoje, 5 de março de 2012, comecei uma nova etapa estudantil: depois de 4,5 anos na universidade até conseguir um diploma e mais um semestre de trabalho num grupo de pesquisa da universidade, iniciei o mestrado. Confesso que me senti um pouco estranho (talvez a ficha ainda não caiu plenamente) ao pensar que sou um pós-graduando em Química – especificamente, da área de Química Orgânica (Produtos Naturais) - , como eu mesmo disse a uma colega que está iniciando seu doutorado na mesma área... Sim, uma nova etapa começou e, como todo novo começo, não é possível ter o controle de mais nada; é tudo novo. Resta-me somente viver um dia de cada vez.


Por falar nisso, na primeira aula do semestre (aula de Estereoquímica) – para os leigos em Química, estereoquímica é a parte da química que estuda como os átomos constituintes de uma determinada molécula se organizam/orientam no espaço e as consequências dessa orientação nas propriedades/no comportamento dessas moléculas –, minha professora disse que não é possível afirmar de onde veio/onde surgiu a primeira molécula quiral – do grego khireo = mão - (quiral é um termo usado para caracterizar moléculas com propriedades estereoquímicas) mas, durante sua explanação do assunto, ela comentou que a “natureza” produz moléculas quirais 100% puras (o que não acontece em laboratório) e até mesmo que essa produção é seletiva – ainda que essas substâncias quirais sejam organizadas aos pares, um organismo vivo pode fabricar uma molécula do par em detrimento da outra ou essa outra molécula pode ser produzida por outro ser vivo em condições completamente distintas... Simplesmente genial!

Entretanto, nesse momento da aula eu comecei a pensar no fato de que o “mistério da primeira molécula quiral” - bem como das demais moléculas quirais, além de outros tantos mistérios da natureza - talvez tenham uma solução simples, porém altamente instigante (digna de Sherlock Holmes ou de Hercules Poirot): Deus. Com isso em mente, lembrei-me de um versículo que diz:

“Porque os seus atributos invisíveis, desde a fundação do mundo, tanto o seu eterno poder como a sua natureza divina se entendem e claramente se vêem nas coisas que estão criadas, para que os homens sejam indesculpáveis” – Epístola aos Romanos, cap. 1, vs. 20.


Desse modo, conclui-se que crer em Deus como criador do universo e de tudo (absolutamente tudo) o que há nele é perfeitamente lógico e racional; na verdade, é a opção mais sensata... Além disso, outro versículo diz que “... Nele [em Cristo] foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, sejam visíveis ou invisíveis... tudo foi criado por Ele e para Ele... (Epístola aos Colossenses, cap. 1, vs. 16). Como resultado, possivelmente as moléculas quirais – desde a primeira até a última a ser descoberta (ou mesmo as que não forem descobertas) – também foram criadas n’Ele, por Ele e para Ele... Possivelmente? Não, certamente.

Certa vez li uma frase curiosa que diz: “... Não é belo todo e qualquer mistério? O maior segredo é não haver mistério algum” (Renato Russo – L’age D’ôr, 1991). Na verdade, o maior segredo não deve ser a inexistência dos mistérios – até porque para nós, seres humanos, sempre vão existir mistérios, pois nossa limitação faz parte da beleza de ser “ser humano” – e sim conhecer profundamente Aquele em quem todos os mistérios são desvendados e/ou encontram sua razão de ser, como está escrito: “... As coisas encobertas pertencem ao Senhor nosso Deus...” [Deuteronômio 29:29a]... Isto é: os mistérios pertencem a Ele e, se existe um “segredo maior”, esse tal é conhecê-Lo, adorá-Lo, amá-Lo, segui-Lo e se juntar a Ele para torná-Lo conhecido. Só assim os demais homens poderão entender o real segredo da existência dos mistérios da vida.


Soli Deo Gloria!