quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Adoração e Palavra: inseparáveis [por Louie Giglio]

Recentemente, ao falar para um grande grupo de jovens, eu tive um momento de insanidade temporária e desafiei o público a memorizar um livro inteiro das Escrituras. No início as pessoas me olharam como se eu tivesse perdido a cabeça. Mas logo uma espécie de “euforia em grupo” nos dominou e as pessoas começaram a pensar “eu posso fazer isso!”

Bem, isso foi há um mês e a onda de euforia inicial diminuiu. Acho que só uns poucos ainda estão avançando. Mas na semana passada um daqueles poucos encheu meu coração de esperança pelos líderes de louvor e adoração do futuro. Notei que ele estava com uma cópia de Colossenses e perguntei como ele estava indo. “Eu memorizei todo o capítulo 1 e estou indo para o capítulo 2″ ele respondeu. Ele é o guitarrista da banda e nem era o líder “que ministra à frente” o louvor e adoração! Wow! 

Veja; a adoração e a Palavra são inseparáveis. Como adoradores e ministros, devemos continuamente vincular nossas vidas com a Palavra viva de Deus, tanto para nutrir nossas almas quanto para alimentar nossos rebanhos.


Ao contrário da cultura moderna, adoração não começa com a música, mas com Deus. Na verdade, tudo começa com Ele, o Logos de vida (Palavra), o Alfa e o Ômega, começo e fim. Assim, lemos na abertura do Evangelho de João: “No princípio era aquele que é a Palavra. Ele estava com Deus, e era Deus.” (João 1:1). Anunciando a chegada de Cristo na Terra, João escreve: “Aquele que é a Palavra tornou-se carne e viveu entre nós.” (v. 14, NVI).

Se cremos que Jesus é notável, e, portanto, deve ser a peça central de nossa vida e nossa adoração, um pouco de lógica nos leva ao caminho: Jesus é o centro de toda a verdadeira adoração. Jesus é a Palavra de Deus.

Portanto, a Palavra de Deus é o centro da verdadeira adoração de todos os tempos.

Sempre foi interessante para mim que o maior capítulo da Bíblia – Salmo 119 – é sobre o amor do salmista pela Palavra de Deus. Bem no meio deste manual incrível de louvor, encontramos o “ministro de louvor” comemorando o papel essencial da Palavra em sua própria vida. É lá que encontramos a confissão: “Sete vezes por dia eu te louvo por causa das tuas justas ordenanças.” (Salmo 119:164).

Observe a ligação diária entre a adoração e a Palavra na vida de Davi. Durante todo o dia, o salmista estava agradecendo a Deus pela verdade. Sim, ele estava sempre louvando a Deus. Mas ele também estava pensando sobre a Palavra de Deus a cada minuto do dia. É por isso que ele continua a dizer: “Meus lábios transbordarão de louvor, pois me ensinas os teus decretos.” (v. 171). Se eu estou lendo isso direito, a fonte de adoração do salmista é a ação da Palavra de Deus em sua vida. No caso dele, a ação da palavra precedeu o “transbordar” de louvor a Deus. Se você é como eu, você ouve as pessoas louvando a Deus o tempo todo. Mas quando foi a última vez que esteve ao redor de pessoas que estavam “transbordando” em adoração devido ao impacto que Palavra de Deus estava fazendo em suas vidas?

Canções por si só não mudam as pessoas. É a verdade que nos liberta. É essencial para nós, como líderes e adoradores mergulharmos em Sua Palavra e permitir que Sua Palavra remodele o contorno de nossos corações. Na verdade, Deus só tem um objetivo para todos nós, o de sermos conformes à imagem de Seu Filho (Romanos 8:29). Para sermos – conforme – é uma tarefa difícil e árdua, uma jornada que nos leva ao moldar e ao altar momento a momento. É um processo de transformação que resulta na constante renovação das nossas mentes pela verdade de Deus (Romanos 12:2).

Se não formos cuidadosos, podemos rapidamente inalar os sentimentos e emoções que experimentamos na adoração corporativa, só para ir embora com uma pequena mudança duradoura e substantiva em nossas almas. Em outras palavras, estamos propensos a nos alegrar proferindo palavras de louvor, enquanto continuamente desviamos da espada do Espírito. Como resultado, nossa adoração se torna uma concha escondendo a falsidade, enquanto nossos corações não abraçam Sua verdade para nossas vidas.


Se o meu amigo guitarrista talentoso se manter plugado em Colossenses, ele logo vai ser encorajado por esse desafio no capítulo 3: “Habite ricamente em vocês a palavra de Cristo; ensinem e aconselhem-se uns aos outros com toda a sabedoria, E cantem salmos, hinos e cânticos espirituais com gratidão a Deus em seus corações.” Colossenses 3:16 (ênfase adicionada). O que começa com um coração em Sua Palavra terminará sempre em uma canção de louvor ao nosso Deus.

Então, gentilmente, deixemos o violão e peguemos a Palavra de Deus. Dentro de suas páginas há vida e fôlego – e tudo o mais.






Soli Deo Gloria!

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Todo carnaval tem seu fim...

Quarta feira de cinzas. Embora não faça tanta diferença para mim, hoje o carnaval acabou.

Mas, por outro lado, foi possível ver pela televisão e pela internet milhares, centenas de milhares e até milhões de pessoas (brasileiros e turistas de diversas partes do mundo – África, Europa, América do Norte etc.) lotando as ruas e os sambódromos do Brasil por causa do que chamamos “carnaval”. De fato, muitos dão uma grande importância a esse período do ano, os quais descrevem o carnaval como um momento para “se esquecer dos problemas”, para “deixar o stress de lado” ou mesmo para “pegar geral” [com o perdão da expressão] ou “tomar todas” – todas mesmo. Salvador, Recife, Rio de Janeiro, São Paulo... Muito dinheiro gasto (ou seria desperdiçado?) para construir carros alegóricos, produzir fantasias especiais, contratar artistas para várias apresentações durante os dias de “folia”, interditar certos trechos da cidade para que se tornem “circuitos” (nos quais inúmeros trios elétricos passam arrastando os foliões com ou sem seus abadás) etc. Porém, a quarta feira de cinzas sempre chega. Pensar nisso me faz lembrar o poeta Carlos Drummond de Andrade, o qual certa vez escreveu: “E agora, José? A festa acabou”.


Embora em alguns locais do Brasil a festa ainda não tenha acabado de fato (como em Recife e Olinda, por exemplo), quero me deter ao aspecto fundamental das entrelinhas de todo esse “carpe diem” de fevereiro: todo carnaval tem seu fim. No Rio, em São Paulo e em Salvador a festa terminou e, em breve, isso vai acontecer em todo o país. Ora, a vida não é feita somente de “curtição”... O tempo está passando e precisamos aproveitar a vida da melhor forma possível; lembremo-nos de nossa efemeridade.

Uma das músicas mais conhecidas do brasileiro é aquela que diz: “Moro num país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza... Que beleza! Em fevereiro tem carnaval...”. Ainda que nem todo brasileiro seja Flamengo (graças a Deus eu sou Corinthians!), todos nós podemos concordar com parte dessa letra, certo? Verdadeiramente, o Brasil é um país tropical, bonito por natureza e, de múltiplas formas, abençoado por Deus... Mas não é sobre isso que eu quero falar. O que me interessa nesse post é falar das entrelinhas, ou melhor, do que poderia ser considerado o “lado B” do carnaval. Violência, roubos, promiscuidade, hedonismo... Sejam essas coisas aparentemente atraentes ou não, o fato é que tudo aquilo se esconde por trás da música, da estética e da empolgação. Como disse o Rei Salomão determinada vez: “[...] há caminho que para o homem parece direito, mas o seu fim são os caminhos da morte...” – Provérbios 16:25. Talvez muitos, sem perceber, estejam caminhando para a autodestruição.  


Em contrapartida, outra música de um grupo chamado Los Hermanos - do qual gosto bastante - (não tão conhecida quanto a anterior) diz o seguinte: "...Todo carnaval tem seu fim [...] Deixa eu brincar de ser feliz, deixa eu pintar o meu nariz..." . Talvez seja exatamente isso que todos os foliões fazem todos os anos: brincar de ser felizes, brincar de desfrutarem de uma vida realmente plena, brincarem de palhaço com seus narizes pintados enquanto correm atrás do trio ou enquanto contam o samba-enredo de sua escola favorita... No entanto, o mais triste dessa história é que esses que "brincam de ser felizes e pintam seus narizes" mal sabem que aquilo que descrevem como felicidade provavelmente é ilusório... Ou, por mais que a "caminhada carnavalesca" (se é que há coerência nessa expressão) faça parte da vida real, ela inevitavelmente produz na mente de seus andarilhos um conceito ilusório sobre si mesmos, sobre a vida e o real sentido dela.

Não posso ver o carnaval e me esquecer do que Salomão (ele tem me inspirado muito esses últimos dias com sua sabedoria) disse no capítulo 2 do livro de Eclesiastes:

"Disse eu no meu coração: Ora vem, eu te provarei com alegria; portanto goza o prazer; mas eis que também isso era vaidade.
Ao riso disse: Está doido; e da alegria: De que serve esta?
Busquei no meu coração como estimular com vinho a minha carne (regendo porém o meu coração com sabedoria), e entregar-me à loucura, até ver o que seria melhor que os filhos dos homens fizessem debaixo do céu durante o número dos dias de sua vida.
[...]
E tudo quanto desejaram os meus olhos não lhes neguei, nem privei o meu coração de alegria alguma; mas o meu coração se alegrou por todo o meu trabalho, e esta foi a minha porção de todo o meu trabalho.
E olhei eu para todas as obras que fizeram as minhas mãos, como também para o trabalho que eu, trabalhando, tinha feito, e eis que tudo era vaidade e aflição de espírito, e que proveito nenhum havia debaixo do sol
Eclesiastes 2:1-3 e 11

Tudo é correr atrás do vento. Nossos momentos mais felizes, de maior prazer, as horas de maior curtição e festa... No fim das contas, tudo isso é inútil. Paga-se caro por um abadá de um bloco famoso do carnaval de Salvador, paga-se caro para assistir o desfile das escolas de samba do grupo especial do Rio de Janeiro, paga-se ainda mais caro para sair de um país distante a fim de curtir o carnaval brasileiro e tudo o que o carnaval tem pra oferecer [infelizmente, tudo mesmo] - acho que vocês me entenderam... Enfim, no dia seguinte restam somente as lembranças e, quase sempre, a ressaca, a dor de cabeça e, na pior das hipóteses, não sobra nada - pois a morte arrombou a porta e levou tudo embora. Se você está vivo depois de ter curtido o seu carnaval e, por algum motivo, caiu nesse blog, seja grato... Talvez seja essa a melhor oportunidade de você pensar em sua vida e no  modus vivendi ideal pra ela

A Bíblia diz que Deus "...fez o mundo e tudo o que nele existe, sendo Ele Senhor do céus e da terra... Ele é quem dá a todos a vida, a respiração e tudo o mais, fazendo de um só a raça humana para habitar sobra a face de toda a terra, fixando os tempos previamente estabelecidos e os lugares de sua habitação para que os homens buscassem a Deus se, porventura, tateando, o pudessem achar, ainda que Ele não esteja longe de cada um de nós... porque Nele vivemos, nos movemos e existimos, como também disseram alguns dos seus poetas; somos também sua geração..." (Atos 17:24-28). Em Deus nós vivemos. Em Deus nos movemos. Em Deus existimos. Se a sua vida, as suas ações e a sua existência não tem sido nEle, por Ele e para Ele, talvez tudo seja uma pseudo-vida, repleta de pseudo-movimentos consolidando uma pseudo-existênciaSó existe vida Nele.






Todo carnaval tem seu fim e o desse ano também terminou.

E a sua vida? E a minha vida? O que estamos fazendo dela? Estamos reduzindo tudo o que Deus nos deu a meros seis dias de folia e noites sem dormir ou temos percebido que viver nEle, por Ele e para Ele trará a real felicidade que todos procuramos muitas vezes em coisas que não podem nos satisfazer? 

"Tu nos fizeste para Ti, ó Deus, e os nossos corações jamais encontrarão descanso enquanto não nos voltarmos para Ti", já dizia Agostinho de Hipona. E também Salomão disse: "De tudo o que se tem ouvido, o fim é: teme a Deus e guarda os seus mandamentos, porque esse é o dever de todo homem". Temer a Deus e segui-Lo. Simples assim. Finalmente, deixo o Catecismo Maior de Westminster como conclusão de meu post:

"O fim supremo do homem é glorificar a Deus e desfrutá-Lo plena e eternamente".



Soli Deo Gloria!

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Sobre o tempo...

Caros leitores,


Como disse na postagem anterior, minha jornada pela Itália chegou ao fim... De fato, foi uma experiência incrível, mas a vida continua. Ora, se pensarmos bem, viver é, por si só, uma experiência incrível... Simplesmente viver.

Quando penso sobre isso, me lembro de um poeta da música popular brasileira que disse certa vez: “Viver e não ter a vergonha de ser feliz... Cantar, cantar e cantar a beleza de ser um eterno aprendiz”... Ironicamente, o poeta a quem me refiro não conseguiu experimentar aquilo que poetizou em sua música por muito tempo mas, de qualquer sorte, seu legado pode e deve inspirar em nós a vontade de aproveitar ao máximo o nosso pequeno tempo de vida... Pequeno sim pois, como diz outro poeta (nesse caso, dos tempos bíblicos), “...somos como a erva que cresce de madrugada e que à tarde se seca...” e que “...os nossos anos passam como um conto ligeiro...” – Salmos 90:5-6 e 9. Drasticamente, a efemeridade de nossa vida é mais real do que o computador que você está usando para ler esse texto. Simples assim.


Como se percebe, nossa vida é tão efêmera de modo que esse pode ser o meu último post neste blog. Talvez muitos outros posts venham ser publicados aqui (ou não!)... E, embora eu não deseje isso (sinceramente), existe a possibilidade de ser essa a sua última visita neste blog – chocante, não é? No entanto, como não sabemos o momento exato em que essa efemeridade deixará de ser teórica para ser concreta, prefiro levar mais a sério o adágio popular “nada como um dia após o outro” ou, como diz uma banda chamada Crombie (da qual gosto muito), “[...] eu vivo um dia de cada vez que é pra eu não me perder...”. Ou ainda, mencionando as palavras de Jesus Cristo conforme a narrativa do Evangelho segundo Mateus: “Não se preocupem com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã cuidará de si mesmo; basta a cada dia o seu próprio mal”. Tudo em seu tempo.

Curiosamente, a principal razão que me levou a falar sobre efemeridade nesse post foi o resultado das lembranças de minha passagem pela Itália somadas aos momentos vividos nos últimos dias até agora. De fato, pensar no fato de que nossa vida é como “um sopro que logo aparece e depois se desvanece” não é nem um pouco confortável. Desde os tempos mais antigos, o homem procura encontrar a solução para o problema da efemeridade da vida de múltiplas formas – quem nunca ouviu falar do “elixir da longa vida” ou da “pedra filosofal”? Sendo mais claro, o ser humano não suporta a realidade da morte, visto que todos estão sujeitos a ela... Todos, inclusive eu e você! Eu não sou (e não quero parecer) pessimista mas, de certa maneira, a cada dia de vida que temos nos aproximamos do dia em que a morte nos alcançará. Os nossos aniversários não indicam mais um ano de vida, e sim menos um ano! Então, o que fazer diante disso? Existe alguma alternativa?


Vamos começar assim.

O rei Salomão disse certa vez em seus pensamentos e provérbios que Deus “[...] fez tudo formoso em seu tempo; também pôs o mundo no coração deles, sem que o homem possa descobrir a obra que Deus fez desde o princípio até o fim... Já tenho conhecido que não há coisa melhor para eles do que se alegrarem e fazerem bem na sua vida e também que todo homem coma, beba e desfrute do fruto de seu trabalho, pois isso é um dom de Deus” – Eclesiastes 3:11-13. A eternidade está impressa em nossa consciência e, por isso, não conseguimos nos conformar com a realidade da morte. Nós não entendemos perfeitamente porque isso existe e como isso funciona, mas o fato é que existimos (ou fomos criados por Deus) para sermos eternos, de forma que a irreversibilidade da morte nos causa desespero e angústia. Logo, a maioria de nós procura “jogar para escanteio” todos esses questionamentos para curtir a vida e o que ela tem de melhor, certo?

Na verdade, a própria Bíblia diz que desfrutar das coisas boas da vida é um dom de Deus, entretanto o mesmo Salomão diz que “[...] se o homem viver muitos anos e em todos eles se alegrar, também deve se lembrar dos dias das trevas, porque serão muitos... tudo quanto sucede é vaidade” – Eclesiastes 11:8. Os dias bons devem ser aproveitados, porém os dias ruins serão muitos e também devem ser lembrados, como diz outro poeta: “[...] Quem foi que disse que a vida é um mar de rosas? Rosas têm espinhos...”. Mas você pode se perguntar: “Eu existo para ser eterno? Como assim?” Bem, vou tentar (tentar mesmo) responder essa sua provável indagação.

De forma bem simples, partindo-se do conceito de que Deus é eterno e de que Ele me criou à Sua imagem e semelhança, de algum modo há uma “centelha de eternidade” dentro de nós. Se essa “centelha” realmente existe, nossa vida não deve ser limitada a algumas poucas décadas ou, muito raramente, a pouco mais de um século... Embora “quase tudo seja temporal por estar sujeito ao ‘sujeito chamado tempo’...” (parafraseando o pessoal do Crombie), eu não consigo não acreditar na eternidade e no fato de que Deus nos criou e imprimiu a eternidade em nós... No fim das contas, por mais que você tenha uma opinião diferente, a verdade é uma só e independe da sua ou da minha opinião.


Além disso, desfrutar da eternidade não significa necessariamente desfrutar dela com Deus, pois a eternidade traz consigo duas realidades diametralmente opostas: vida eterna x morte eterna. Considerando-se que Deus é o criador da vida, a morte eterna indica total ausência de Deus e sofrimento sem fim... Tudo isso pode ser uma grande falácia, mas eu não quero correr o risco de ignorar toda essa história e, então, passar a eternidade distante Daquele que me criou e que me deu “a vida, a respiração e todas as demais coisas” para estar sob tormento, tormento eterno. A Bíblia diz que “...todo aquele que crê no Filho de Deus tem a vida eterna, mas aquele que não crê no Filho de Deus não verá a vida, porque a ira de Deus permanece sobre ele...” – João 3:36. Isto é, uns tem a vida eterna, outros estão sob a ira de Deus. De que lado você está? Dos que crêem no Filho (Jesus Cristo) e têm a vida eterna ou dos que estão sob a condenação divina em virtude do pecado?

Por enquanto, eu estou caminhando passo a passo, sabendo que minha vida tem uma razão de ser e que esta razão é “glorificar a Deus e desfrutá-Lo plena e eternamente”. E em outro lugar: “E a vida eterna é esta: que Te conheçam, a Ti somente, como o único Deus verdadeiro e a Jesus Cristo, a quem enviaste” – João 17:3. Você já se deu conta do real propósito de sua existência?

Se a vida eterna consiste em conhecer a Deus (que é eterno), eu só posso concluir que eu fui feito para ser eterno! Logo, faço minhas as seguintes palavras:


“O tempo que vivo aqui é o tempo de agora...
O tempo que está por vir, que venha sem demora...” (Crombie – Sobre o tempo)



Soli Deo Gloria!

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

La fine della giornata - Progetto Italia 2012...


7 de fevereiro de 2012: há alguns dias a jornada pela Itália chegou ao fim.

Agora, de volta ao meu Brasil varonil, tenho pensado na possibilidade de ter vivido um sonho muito incrível, digno de uma crônica de Nárnia ou de um épico da Terra Média... Mas, na verdade, não foi um sonho. Deus tem seus planos e, de um modo bem insano, nos inclui neles.

Hoje me sinto muito feliz por estar de volta à minha terra mas, por outro lado, não vejo a hora de voltar lá... Você pode pensar (e, de certo modo, tem várias razões para isso) que eu estou a fim de continuar conhecendo a Europa – ora, durante esse mês visitei Verona, Bologna, Venezia, Pisa, Firenze, Ortisei/St. Ulrich e Lisboa – mas, embora isso também faça parte de meu desejo de retornar à Itália, o que me move é a realidade espiritual européia... A Europa é um continente morto, cinza e triste, onde as pessoas nem se dão conta de que estão sem esperança e sem Deus... Alguém precisa perceber Deus se movendo naquela região do planeta para poder se juntar a Ele nesse desafio... No entanto, poucos estão atentos, tampouco dispostos.


Vou desfazer um mito aqui neste post: não existe nada de romântico em fazer missões, nem mesmo na Europa. Não há glamour algum em acordar cedo num frio de 4 a 5 graus negativos todos os dias para pegar o trem para a cidade vizinha (ou enfrentar a neblina – “mangia nebbia”, para os projetistas da Itália) somente para se falar do Evangelho, se expondo aos riscos de resistência direta e, na pior das hipóteses, aos xingamentos contra Deus... Será que é mesmo “divertido” ouvir “Dio Cane”, “Porco Dio” etc.? Penso eu que não, não mesmo. 

Nossa realidade diária por lá era desafiadora, mas Deus nos fez conhecer pessoas especiais que tornaram nossa passagem pela Itália muito mais leve e gratificante. Nossas famílias postiças (saudades de Priscila e Francisco, bem como de Antônio, Pedro, Luan e da minha irmãzinha linda Ana Carolina), o casal querido Júnior e Pricila – sem me esquecer da princesa Valentina (a menina mais linda do Projeto, risos) – e demais amigos e irmãos que se doaram para nos servir com amor e excelência. Todos os jantares e almoços, todas as sociais de equipe, as saídas depois do “culto serale”, as conversas em casa e os traslados para casa depois de um dia inteiro de atividades no campus e no QG... De fato, Deus se manifestou a nós de forma muito graciosa por meio de tantos brasileiros e italianos que conviveram conosco durante esse janeiro. Somente a Ele seja a glória! 

Saudade? Muita! Saudade de ir ao campus de Verona para abordar os estudantes no “Menza” ou no pátio central do campus (curiosamente, tenho muita saudade dos meus diálogos com os ateus e agnósticos que encontrei por lá)... Saudade da turma de Francesco e Naomi (cristãos que estudam na Università degli studi di Verona), saudade de Luisa Rinaldi (uma estudante super simpática que conheci no almoço do “Menza”)... E o que dizer de Mantova? Saudade grande de ir ao refeitório da Università di Mantova para fazer o “My Soularium” com os estudantes durante o lanche/almoço, de abordar a turma do Politecnico di Milano na área das máquinas de “self-service”, saudade de Natan e Michele junto com sua turma (Olívia, Cenoura etc.)... Eu também encontrei ateus em Mantova e tenho saudade das conversas com eles! Além disso, tenho saudades do culto em italiano, do momento de “lode”, do “portuliano” dos brasileiros da igreja e, claro, saudade dos passeios do sábado – nunca me esquecerei da trilhas sonoras de Firenze e do retorno do retiro, certo Pricila? 


Mas, agora, vamos aos trâmites finais.

Nos últimos dias estivemos em retiro na cidade de Ortisei (ou St. Ulrich/Ürtisei), localizada na região de Trentino Alto Adige – fronteira da Itália com a Áustria. O que vimos? Neve, neve, neve pra todos os lados! Um lugar designado por Deus para nosso tempo de descanso e de preparo para nosso retorno... E, obviamente, por ser localizada nos Alpes Italianos, é uma cidade belíssima, com uma arquitetura de estilo germânico incrível. Em tudo eu pude ver Deus agindo... Ele é bom e tem prazer em exercer Sua bondade.

Durante esses três dias, tivemos um tempo para conhecer o centro da cidade, para fazer um passeio de teleférico para uma das montanhas que a cercam (e, por ocasião dessa ida à montanha, andamos de trenó e/ou cavalo, brincamos de guerra de neve e vimos nevar ao vivo... uma experiência fantástica!) e, claro, momentos de reflexão e de confronto espiritual... Houve até cerimônia de titulação entre nós, homens participantes do Projeto Itália... sim, foi notável! Com tudo isso, fotos... muitas fotos! Infelizmente, estive sem câmera pessoal e, mesmo que tenha sido meio desesperador, dei um jeito de me inserir nos registros fotográficos dos meus amigos! Finalmente, fizemos dois bonecos de neve (ou pelo menos tentamos)... É bom aproveitar a vida intensamente e ver Deus em todos os seus momentos, sejam bons sejam ruins, como dizem as Escrituras: “...todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus...” . Todas as coisas!


Voltamos (nós, do Nordeste) na quinta-feira para Mantova a fim de nos aprontarmos para o retorno ao Brasil e, embora tenhamos enfrentado muitos transtornos no aeroporto de Linate em Milano, conseguimos chegar bem em Lisboa e, depois de um tempo no aeroporto, conseguimos dar um giro pela capital portuguesa que, por sinal, é belíssima! Visitamos uma região chamada “Cais do Sodré”, andamos no trem que passa no meio das ruas de Lisboa e fomos até a fábrica original dos famosos “Pasteis de Belém”... Como sempre ouvia dizer, o pastel é mesmo muito bom! Finalmente, depois de uma longa viagem de Portugal até aqui, tive uma boa noite de sono, um dia de descanso e agora estou em casa em frente ao computador escrevendo esse texto. Sim, tenho que me acostumar com o fato de que não vou mais pegar o trem das 9:38h para ir à Verona Porta Nuova, de que não vou mais pegar carona com Denise ou Silvinha para ir à Chiesa Cristiana Evvangelica Battista di Mantova, de que não vou mais pegar o 7H ou 7E de/para Bancole Est nem mesmo vou voltar pra minha casa em Montata Carra... É triste mas, de certa forma, a jornada chegou mesmo ao fim, pelo menos por enquanto...

Mas, mesmo que eu não esteja mais na Itália (assim como nenhum dos meus amigos brasileiros), a “jornada de Deus” por lá não vai parar. Ora, Ele não para de agir na história para cumprir Seus planos. Jesus disse: “Meu Pai trabalha até agora e eu trabalho também” – João 5:17. O Projeto Itália Alfa e Ômega 2012 acabou; diferente disso, o projeto de Deus para a Itália vai continuar a todo vapor! E, como você pode imaginar, eu quero ser parte deste “projeto de Deus” durante minha vida. De preferência, ser parte disso vivendo tudo de perto, como aconteceu nesses dias de janeiro.

O que fica em minha mente depois desse mês na Itália está resumido na música “Deus, onde estás?” do Palavrantiga: 

“Acende toda luz iluminando a Terra /Que convive com a dor sem esperança...
Vá onde há dor e cura / Vá onde não há amor e ama...
Vá onde há dor e alegra / Vá onde não há amor e transforma...
Teu toque forte muda a sorte de quem Te encontrar...
[...]
Vá onde não há esperança e traz esperança...”  

Essa é minha oração a Deus quando penso na Itália. Peço a Ele para que ilumine aquela nação, tão bela em sua arquitetura secular porém morta em seu espírito, encantadora em sua cultura e em seu idioma porém cinza em sua alma. Peço a Ele para levar a cura aos corações italianos feridos “em nome de Deus”, para levar o verdadeiro amor aos jovens que procuram paz em baladas, no cigarro ou mesmo no suicídio. Peço a Ele para levar uma viva esperança aos que procuram esperança em outras coisas em vez de procurá-la Nele. Enfim, a Itália precisa de vida e isso só é possível em Deus, pois qualquer estilo de vida sem Deus é estilo de morte. 

Mas eu ainda tenho esperanças. 

Como não ter esperança, depois de ver o que Deus fez ao longo desse janeiro? 
Melhor, como não ser esperançoso quando se conhece quem Ele é?

Agora eu pergunto: você quer se juntar ao que Deus está fazendo na Itália? 



Sei pronto a pregare per loro? Sei pronto a ripartire Cristo com loro? 



Soli Deo Gloria!