quinta-feira, 29 de setembro de 2011

O que não é evangelismo - por Mark Dever

Caros leitores,

Esse post segue uma série sobre a realidade do evangelismo na sociedade atual...
Que Deus seja glorificado e que seja relevante para todos os que passarem aqui!



A Impossibilidade de IMPOSIÇÃO
. . 
Muitas pessoas igualam evangelismo com imposição – alguém impondo suas visões religiosas sobre outra pessoa como uma tática para poder ou controle. Mas essa idéia é um engano.

  • Igualar evangelismo com imposição implica que o Cristianismo é apenas subjetivamente verdadeiro – verdadeiro e obrigatório para mim, mas não para os outros. O Cristianismo não é a opinião subjetiva do homem. É a verdade de Deus, a despeito das nossas opiniões subjetivas.
  • Igualar evangelismo com imposição implica que os cristãos são capazes de converter eles mesmos as pessoas, o que é inteiramente falso. De fato, de todas as religiões no mundo, o Cristianismo é a menos receptiva a tal imposição, por causa da sua teologia da conversão.
  • A humanidade está tão arraigada no pecado que, a menos que o Espírito de Deus faça a obra da conversão, nenhum de nós jamais se arrependerá e crerá.
  • Portanto, o Cristianismo é realmente único entre as religiões do mundo pela impossibilidade de impor sua estrutura de crenças sobre outros. Somente Deus convence as pessoas a se arrepender e crer.
A Subjetividade do TESTEMUNHO PESSOAL

  • Muitos compartilham seu testemunho de uma forma que meramente diz aos outros os benefícios que adviram com sua conversão. Isso não é evangelismo, e levará a uma típica resposta: “bom para você!”.
  • Os testemunhos pessoais devem comunicar a reivindicação do evangelho sobre as vidas dos ouvintes se o evangelismo há de acontecer através deles.
AÇÃO SOCIAL

  • Algumas pessoas confundem ação social ou envolvimento político com evangelismo. Mas os problemas horizontais que enfrentamos na sociedade são frequentemente apenas sintomas de uma ruptura em nosso relacionamento vertical com Deus.
  • Evangelismo que se restringe a satisfazer necessidades sentidas, salvando o restaurante público ou sendo politicamente ativo, não é evangelismo de forma alguma, pois falha em comunicar claramente o evangelho e a necessidade de se arrepender e crer em Jesus Cristo.
A Academia de APOLOGÉTICA

  • Frequentemente as pessoas assumem que defender a fé respondendo as perguntas e objeções dos céticos é evangelismo.
  • A apologética pode certamente, e frequentemente, levar ao evangelismo. Mas a menos que Jesus seja apresentado como a única provisão de Deus para o pecado do homem e o arrependimento e a fé sejam apresentados como o único caminho de obter o perdão diante de Deus, o exercício permanece meramente acadêmico e cognitivo.
A Variedade de RESULTADOS

  • Talvez a maioria das pessoas confunda evangelismo com os resultados desejados ou esperados do evangelismo. Mas evangelismo não é simplesmente ver pessoas convertidas.
  • O verdadeiro evangelismo pode ocorrer milhares de vezes sem uma única conversão. Confundir evangelismo com seus resultados levará eventualmente à frustração e desilusão.
  • Paulo estava fazendo evangelismo em Atos 13:44-47, embora os judeus tenham rejeitado a palavra de Deus e julgados a si mesmos indignos da vida eterna.



Extraído de: www.voltemosaoevangelho.com/blog 



Soli Deo Gloria!

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

O que aconteceu com o evangelismo? - por James Emery White

Em 1973, o psiquiatra Karl Menninger publicou um livro com o provocante título "O que aconteceu com o pecado?"... Seu argumento era que a sociologia e a psicologia estavam evitando termos como “mal”, “imoralidade” e “engano”. Menninger detalhou como a noção teológica do pecado se tornou a ideia jurídica de crime e se afastou mais ainda de seu verdadeiro significado quando foi relegado à categorização psicológica de patologia.

Está na hora de alguém escrever um livro para a igreja entitulado O que aconteceu com o evangelismo?
O argumento seria que nós temos evitado termos como “perdição”, “inferno” e “salvação”. Ele detalharia como a Grande Comissão se tornou a Grande Retórica e finalmente caiu na categorização da Grande Comunidade.
Não seria muito complicado explicar como tudo isso aconteceu. Basta uma simples equação:
Tolerância + Ênfase no Ministério Social = Evangelismo Decadente
Vamos analisar essa equação.
Primeiro, a tolerância.
Não há dúvidas que a tolerância é a suprema virtude de nossa cultura. Especificamente, a tolerância definida como “aceitação” das crenças e estilo de vida das outras pessoas; e definindo aceitação como “igualmente válido”.
Isso vem de uma confusão do que significa a tolerância.
Quando falamos de tolerância, normalmente estamos falando de tolerância social: “Eu te aceito como pessoa”. Ou, às vezes, tolerância legal: “Você tem o direito de crer no que quiser”. Contudo, nós não estamos falando de tolerância intelectual. Isso significaria que todas as ideias são igualmente válidas. Ninguém acredita que as ideias por trás de genocídios, pedofilia, racismo, sexismo ou a rejeição da realidade história do holocausto devam ser toleradas. Mas é precisamente a ideia de tolerância intelectual que temos, de forma descuidada, arrastado para debaixo do dominante mantra da “tolerância”.
O dilema de tal posição, como disse T. S. Eliot corretamente, é que “não é o entusiasmo, mas os dogmas, que diferenciam um cristão de uma sociedade pagã”.
Há também a nossa ênfase no ministério social.
Dentro do que é claramente uma reação à ênfase da geração anterior na moralidade social – causas como aborto e casamento homossexual – os cristãos mais novos (e agora alguns mais velhos também) tem dado ênfase em assuntos de justiça social, incluindo um novo interesse em políticas públicas que tratam de questões relacionadas à paz, saúde e pobreza.
A razão disso não é difícil de imaginar. Poucas épocas da história cristã americana são tão mal vistas quando a Maioridade Moral dos anos 80 e sua tentativa de impor valores cristãos à cultura por meio de manobras políticas. Se tivermos cristãos na Casa Branca, no congresso e a Suprema Corte, ou em outras elites de poder, então a moralidade seria exaltada e a fé novamente acharia o solo fértil necessário para estabelecer morada na vida dos indivíduos.
A maioria moral “venceu” por meio da eleição de Ronald Reagan como presidente, e suas indicações para a Suprema Corte ao longo dos anos 80 trouxeram uma muita expectativa por mudanças substanciais. Mas houve poucas mudanças reais para serem consideradas bons resultados. Mesmo o alvo primário – derrubar a decisão “Roe vs.Wade”, da Suprema Corte, que legalizava o aborto – continua sendo parte das leis atuais.
O que foi alcançado foi separação cultural, e os cristãos se sentindo mais excluídos do que nunca. A “guerra cultural” dos anos 80 e 90 agora é vista como um dos episódios de maior desastre dos últimos tempos, e muitos evangélicos mais jovens não querem nada com o que muitas vezes era o cáustico, abrasivo e grosseiro tratamento que era dispensado àqueles longe de Cristo.
Então qual é o resultado da tolerância acompanhada dessa nova ênfase na justiça social?
Nós vamos comprar os sapatos do Tom, mas não vamos testemunhar para o tom.
Vamos deixar uma coisa clara. O ministério social não deve ser nunca colocado em oposição ao evangelismo. Devemos oferecer o Pão da Vida tanto quanto o pão para o estômago.
Mas nunca devemos começar, e terminar, apenas pensando no estômago.
Eu suspeito que parte disso esteja ligada à nossa necessidade de sermos aceitos pela cultura secular. O escândalo da cruz – e a necessidade desesperada da humanidade por ele – não soa tão bem quando as ações do Bono na África. Nós começamos a fazer algo que é bem visto pela cultura e já nos tornamos como Sally Field ao ganhar o Oscar: “Vocês gostam de mim! Vocês realmente gostam de mim!”.
Olhe para os pobres e famintos, as vítimas do tráfico sexual e os destituídos. Cuide deles, profundamente, e dedique-se a eles em nome de Cristo.
Mas não se esqueça de falar de Cristo a eles.
Uma vez que essa vida acabar, a comida que dermos para seus estômagos não significará nada comparada à comida que poderíamos ter oferecido às suas almas. Quão trágico seria termos compaixão pelas necessidades imediatas dessa vida, mas não pelas necessidades espirituais da vida que há de vir.

Extraído de: http://iprodigo.com/


Soli Deo Gloria!    

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

“Não estou no mercado gospel e não pretendo estar” - por Gladir Cabral


Gladir Cabral é um mûsico como poucos. Doutor em Literatura, professor universitário, compositor, poeta... carrega uma mistura única de repertórios. Também é homem de opinião, como você pode ler a seguir na entrevista que ele deu a Antognoni Misael, do blog Arte de Chocar.

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Em 2009 foi lançado o DVD Casa Grande, um trabalho diferenciado tanto pela formatação de cenário, textura musical e letras recheadas de imaginário, poesia e celebração à vida. O que vem por aí no próximo DVD? Alguma outra novidade podemos aguardar?


Gladir Cabral: O primeiro DVD foi uma surpresa que ocorreu em minha vida, um presente de Deus. Não desejei nem planejei realizá-lo. Fui procurado pelos amigos da Luz para o Caminho, que fizeram a proposta. Não tenho planos para outro DVD e talvez essa experiência nunca mais venha a se replicar. Tenho vontade, sim, de gravar outro CD, voz e violão, algo bem simples e despojado, mas ainda não tenho persepectiva de como isso venha a ocorrer.

Músicas como “Casa Grande” e “Terra em transe” trazem abordagens interessantes sobre questões sociais, de meio ambiente. Na sua ótica, o que torna uma música cristã, mesmo que esta trate de assuntos seculares? E como você relaciona adoração e música?

Gladir: Seguindo uma tradição Reformada, não vejo fronteiras definidas que separem atividades sagradas e mundanas. A vida cristã é um todo indivisível. Minha fé em Cristo está diretamente ligada à minha vida familiar, profissional, pessoal e social. Vivo segundo o princípio de Colossenses 3.17: "Tudo o que fizerem, seja em palavra ou em ação, façam-no em nome do Senhor Jesus, dando por meio dele graças a Deus Pai". Portanto, não há compartimento desvinculado do Reino de Deus em meu viver.
Dessa maneira, quando canto sobre o meio ambiente ou sobre os dilemas da escravidão humana, faço-o tranquilamente, tentando ver todas as coisas sob a ótica da fé em Cristo. A partir de Romanos 12, entendo a vida - em todos os seus variados aspectos e tensões - como um serviço de adoração a Deus. Nesse sentido, todas as minhas canções estão diretamente relacionadas a esse "culto racional", no seu sentido mais amplo, existencial, histórico, corporal.
Entretanto, nem todas as canções são litúrgicas no sentido convencional, visto que não são diretamente relacionadas a uma parte da liturgia tradicional ou mesmo contemporânea. Mesmo as que não são "litúrgicas", costumo cantá-las em minha Igreja, quando prego, geralmente para ilustrar uma parte da mensagem ou em algum outro momento do culto.
Não há música cristã, há cristãos que fazem música. Um cristão pode cantar vários gêneros musicais, ler vários poemas, contar histórias, parábolas, romances. Se um cantor secular, sem qualquer experiência pessoal com Deus, canta "Amazing grace" para um filme de Hollywood, ele está cantando só uma música popular. Se um cristão sinceramente canta "Amanhã, vai ser um novo dia, da mais louca alegria...." e a enche de plena significação, essa canção deixou de ser só uma música pop.
Para mim, o grande critério para avaliar uma canção popular ou qualquer forma de arte feita por cristãos é saber até que ponto ela reflete, abriga ou transmite os valores do Reino de Deus. Às vezes, a mensagem cristã pode estar explícita na letra; outras vezes ela pode estar implícita. Tudo depende da hora em que se canta, do local e para quem se cantam as canções.

O Cristão pode tocar secularmente? Você o faz? 

Gladir Cabral: Como disse, não creio na dicotomia religioso vs secular. Entendo a profissão de músico como digna para ser seguida por qualquer cristão, seja numa banda militar, numa orquestra sinfônica, num grupo de jazz, num estúdio, etc. Entretanto, certos ambientes são potencialmente perigosos para qualquer pessoa e a longo prazo podem trazer danos à saúde e à vida familiar.
Conheço muitos músicos que tocam na noite, mas estabelecem limites, seguem princípios sobre o que tocar, até quando e em que ambiente. Muitos deles não fazem o que gostam e admitem as dificuldades. Acabam tocando um repertório pobre, por obrigação, e não o que gostariam de tocar.
Eu não sou músico profissional, sou professor. Ser professor hoje é tão difícil quanto ser músico. Na verdade, qualquer profissional cristão em qualquer área enfrentará dilemas éticos, conflitos, lutas, provações e correrá riscos. E creio firmemente que é preciso que haja cristãos comprometidos com o evangelho de Cristo tocando na noite, nas feiras, nos hotéis, a fim de darem testemunho do evangelho. Isso não é nada fácil.


Ao que notamos, a relação “imaginação/criação” e “Deus/igreja” passa por uma crise séria no Brasil. Gostaria que explanasse um pouco sobre a relevância da criatividade na vida cristã e na igreja baseado em sua experiência de vida. 

Gladir Cabral: A imaginação é uma dimensão importante da vida humana. O Criador nos fez com essa capacidade criativa. Todos os inventos que hoje utilizamos em nosso dia a dia foram um dia imaginados na cabeça de alguém e depois viraram projeto. Sem imaginação, não há transformação da realidade, não há alegria, não há vida. A própria Escritura foi feita utilizando o recurso da imaginação: histórias, parábolas, poemas, canções...
Precisamos redescobrir o valor da imaginação em nossa prática cristã cotidiana, na comunicação do evangelho, na arte, na vida diária. Há um grupo de cristãos nos Estados Unidos que desenvolve um projeto muito interessante em relação ao uso da imaginação na leitura das Escrituras, sob a liderança do músico cristão Michael Card: http://www.biblicalimagination.com.

Já são sete Cd’s, um DVD, belas canções, mesmo assim dificilmente encontraremos Gladir Cabral nas paradas do “Sucesso Gospel”. Queria que falasse um pouco sobre seu posicionamento no mercado fonográfico, seu público, sua arte, seus sonhos.

Gladir Cabral: Não estou no mercado gospel e não pretendo estar. A música em minha vida é vocação, ministério. Para mim as canções são parte de minha vida e de minha atuação no mundo como ser humano e como servo de Deus, não são produtos a serem vendidos, rotulados, comprados, etc. Estou tranquilo em relação a isso. Vou levando desse jeito, ocupando espaços que me cabem, aceitando convites para pregar e cantar nas igrejas, universidades, colégios, interagindo com as pessoas via web e pessoalmente.

Quais foram as suas influências musicais, e queria que citasse alguns nomes atuais que você tem por referência.

Gladir Cabral: Minhas influências musicais foram muitas e não tenho como lembrar de tudo o que ouvi e que me influenciou ao longo da vida: a música caipira, os hinos antigos, os Beatles, Bob Dylan, Chico Buarque, Gil, o Clube da Esquina, Beto Guedes, Milton, Mercedes Sosa, Violeta Parra, Victor Jara, Vencedores por Cristo, Jorge Camargo, João Alexandre... Quem mais? Não dá para nomear.
Na música popular contemporânea, há muita gente fazendo coisas belíssimas: Mônica Salmaso, Lenine, Sara Tavares, Dulce Pontes... Não ouço rádio. Quando que me interesso por um músico, pesquiso e passo a ouvi-lo.

Com que perspectiva você avalia a igreja brasileira atual, e a música evangélica em geral?

Gladir Cabral: Não há igreja brasileira atual, há igrejas brasileiras. A realidade é muito complexa e não dá para generalizar. Ninguém representa a Igreja brasileira hoje. Ninguém pode falar em nome dela. Temos um amontoado de movimentos, instituições religiosas, denominações, seitas mil... Cristo não pode ser confundido com isso tudo. Hoje em dia até mesmo o título de evangélico não quer dizer nada. Por exemplo, eu não me sinto representado pela chamada bancada evangélica em Brasília. Aliás, não quero qualquer vinculação com eles. Sou cristão, e só. Sou pastor reformado, e só.
A música chamada evangélica também está na mesma confusão. Não gosto de música gospel. Ela não me diz nada, não me toca. Respeito quem a faz, mas não consigo ouvi-la e muito menos cultivá-la. Gosto dos hinos antigos. Gosto de música não-comercial, gosto do artesanal, do pessoal, do autêntico. Gosto de música popular brasileira em seu sentido amplo e verdadeiramente popular, não no sentido que a mídia rotula.
Ouço com muita atenção e prazer o som de Jorge Camargo, Gerson Borges, João Alexandre, Stênio Marcius, Nelson Bomilcar, Aristeu Pires, Vencedores por Cristo, Diego Venâncio, Silvestre Kuhlmann, Glauber Plaça, Fabinho, Carlinhos Veiga, Rubão, Roberto Diamanso, Sal da Terra, Alma e Lua, Aline Pignaton, Banda de Boca, Gerson Samuel, Crombie, e muito mais gente que não citei.
Fora do Brasil, acompanho os passos de Michael Card, Sara Groves, Phill Keaggy, Andrew Peterson...

Gladir, desde já queremos agradecer pelo carinho que fomos recebidos e pela sua disponibilidade. Que Deus possa te abençoe grandemente. Alguma consideração final a fazer?

Gladir Cabral: Muito obrigado pelo convite. Embora a música seja uma dimensão importante da minha vida, há outra parte que amo também profundamente: o silêncio. Costumo silenciar meu coração em oração. Esse exercício tem me ensinado muito a ouvir a voz do Senhor, a esperar, a aquietar o coração. Estar aos pés do Senhor, como fez Maria, é a melhor parte (Lc 10.38-42).








Soli Deo Gloria!

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Obstáculos para vir a Cristo - por John Piper


 “Ninguém pode vir a mim” (João 6:44).

O homem natural é incapaz de “vir a Cristo”. Citemos João 6:44, ” Ninguém pode vir a mim se o Pai que me enviou não o trouxer.” A razão pela qual “duro é esse discurso”, até mesmo para milhares que professam ser cristãos, é que eles fracassam completamente em compreender o terrível estrago que a queda provocou; e, o que é pior, eles mesmos não se dão contam da “chaga” que existe nos seus próprios corações (1 Rs. 8:38). Certamente se o Espírito já os tivesse despertado do sono da morte espiritual, e lhes dado ver alguma coisa do pavoroso estado em que estão por natureza, e feito sentir que suas “mentes carnais” são “inimizade contra Deus” (Rm. 8:7), então eles não mais discordariam dessa solene palavra de Cristo. Mas aquele que está espiritualmente morto não pode ver nem sentir espiritualmente.
Onde reside a total incapacidade do homem natural? Ela não está na falta das faculdades necessárias. Isso tem de ser bastante enfatizado, do contrário o homem caído deixaria de ser uma criatura responsável. Mesmo que os efeitos da queda tenham sido terríveis, eles não privaram o homem de nenhuma das faculdades que Deus originalmente lhe concedeu. É verdade que o pecado tirou do homem a capacidade de utilizar essas faculdades corretamente, ou seja, empregá-las para a glória do Criador. Entretanto, o homem caído possui ainda a mesma natureza, corpo, alma e espírito, que tinha antes da Queda. Nenhuma parte do ser do homem foi aniquilada, ainda que cada uma tenha sido contaminada e corrompida pelo pecado. De fato, o homem morreu espiritualmente, mas a morte não é a extinção do ser (aniquilação) — morte espiritual é a alienação de Deus (Ef. 4:18). Aquele que é espiritualmente morto está bem vivo e ativo no serviço de Satanás.
A incapacidade do homem caído (não regenerado) de vir a Cristo não reside em nenhum defeito físico ou mental. Ele tem o mesmo pé para levá-lo tanto a um local onde o Evangelho é pregado, como para caminhar até um bar. Ele possui os mesmos olhos que podem lhe servir para ler tanto as Escrituras Sagradas como os jornais. Ele tem os mesmos lábios e voz para clamar a Deus os quais usa agora em conversas fiadas e em canções ridículas. Assim, também, possui as mesmas faculdades mentais para ponderar sobre as coisas de Deus e sobre a eternidade, as quais ele utiliza tão diligentemente nos seus negócios. É por causa disso que o homem é “indesculpável”. É o mau uso das faculdades que o Criador lhe concedeu que aumenta a sua culpa. Que cada servo de Deus veja que essas coisas pesam constantemente sobre os seus ouvintes não convertidos.

1) A incapacidade do homem está na sua natureza corrompida.
Nós temos de ir bem mais a fundo se quisermos encontrar a fonte da incapacidade do homem. Devido à queda de Adão, e por causa do nosso próprio pecado, a nossa natureza se tornou tão corrompida e depravada que é impossível para qualquer homem “vir a Cristo”, amá-lO e serví-lO, estimá-lO mais que tudo neste mundo e submeter-se a Ele, até que o Espírito de Deus o regenere e implante nele uma nova natureza. A fonte amarga não pode jorrar água doce, nem a árvore má produzir bons frutos. Deixe-me tentar explicar isso melhor através de uma ilustração. É da natureza de um abutre alimentar-se de carniça; no entanto, ele tem os mesmos órgãos e membros que lhe permitiriam comer grãos, como fazem as galinhas, mas ele não possui nem a disposição nem o apetite para tal alimento. É da natureza da porca o chafurdar na lama; e apesar dela possuir pernas como a ovelha para levá-la à campina, lhe falta entretanto o desejo por pastos verdejantes. Assim acontece com o homem não-regenerado. Ele tem as mesmas faculdades físicas e mentais que o homem regenerado possui para empregar no serviço e nas coisas de Deus, mas não tem amor por elas.
“Adão… gerou um filho à sua semelhança, conforme a sua imagem” (Gn. 5:3). Que terrível contraste há aqui com o que lemos dois versículos antes: “… Deus criou o homem, à semelhança de Deus o fez”. No intervalo entre esses dois versos, o homem caiu, e um pai caído pode gerar somente um filho caído, transmitindo-lhe a sua própria depravação. “Quem da imundícia poderá tirar coisa pura? (Jó 14:4). Por isso nós encontramos o salmista de Israel declarando, “Eu nasci na iniquidade, e em pecado me concebeu minha mãe” (Sl. 51:5). No entanto, apesar de por natureza Davi ser um monte de iniquidade e pecado (como também somos nós), mas tarde a graça fez dele o homem segundo o coração de Deus. Desde que idade essa corrupção da natureza aparece nas crianças? “Até a criança se dá a conhecer pelas suas obras” (Pv. 20:11). A corrupção do seu coração logo se manifesta: orgulho, vontade própria, vaidade, mentira, aversão ao que é bom, são frutos amargos que cedo brotam no novo, mas corrupto, ramo.

2) A incapacidade do homem está na completa escuridão em que se encontra o seu intelecto.
Essa importante faculdade da alma foi destituída da sua glória original, e coberta de confusão. Tanto a mente como a consciência estão corrompidas: “Não há quem entenda” (Rm. 3:11). O apóstolo solenemente lembra os santos, “Pois outrora éreis trevas” (Ef. 5:8), não somente estavam “em trevas”, mas eram as próprias “trevas”. O pecado fechou as janelas da alma e a escuridão se estende por todo o lugar: ela é a região das trevas e da sombra da morte, onde a luz é como a escuridão. Lá reina o príncipe das trevas, onde não se pratica nada além das obras das trevas. Nós nascemos espiritualmente cegos, e não podemos ter essa visão restaurada sem um milagre da graça. Esse é o seu caso quem quer que você seja, se ainda não nasceu de novo” (Thomas Boston, 1680). “São filhos sábios para o mal, e não sabem fazer o bem” (Jr. 4:22).
“O pendor da carne é inimizade contra Deus, pois não está sujeito à lei de Deus, nem mesmo pode estar” (Rm. 8:7). Existe no homem não regenerado uma oposição e aversão pelas coisas espirituais. Deus revelou a Sua vontade aos pecadores no tocante ao caminho da salvação, contudo eles não trilharão esse caminho. Eles sabem que somente Cristo é capaz de salvá-los, no entanto eles recusam se separar das coisas que obstruem o seu caminho até Ele. Eles ouvem que é o pecado que mata a alma, no entanto o afagam em seu peito. Eles não dão ouvidos às ameaças de Deus. Os homens acreditam que o fogo há de consumir-lhes, e estão em grande tormento para evitá-lo; contudo, mostram com suas ações que consideram as chamas eternas como se fossem um mero espantalho. O mandamento divino é “santo, justo e bom”, mas o homem o odeia, e só o observa enquanto a sua respeitabilidade é promovida entre os homens.

3) A incapacidade do homem está na corrupção dos seus sentimentos.
“O homem, no estado em que se encontra, antes de receber a graça de Deus, ama tudo e qualquer coisa que não seja espiritual. Se você quiser uma prova disso, olhe ao seu redor. Não há necessidade de nenhum monumento à depravação dos sentimentos humanos. Olhe por toda parte. Não há uma rua, uma casa, e não somente isso, nenhum coração, que não possua uma triste evidência dessa terrível verdade. Por que no Dia do Senhor o homem não é encontrado congregando-se na casa de Deus? Por que não nos achamos mais freqüentemente lendo nossas Bíblias? O que acontece para a oração ser um dever quase que totalmente negligenciado? Por que Jesus Cristo é tão pouco amado? Por que até mesmo os seus seguidores professos são tão frios em seus sentimentos para com Ele? De onde procedem essas coisas? Seguramente, caros irmãos, nós não podemos creditá-las a outra fonte que não a corrupção e a perversão dos sentimentos. Nós amamos o que deveríamos odiar, e odiamos o que deveríamos amar. Não é outra coisa senão a natureza humana caída que nos faz amar esta vida mais do que a vida por vir. É um efeito da Queda o fato do homem amar o pecado mais que a justiça, e os caminhos do mundo mais que os caminhos de Deus”. (Sermão de C.H. Spurgeon em Jo. 6:44).
Os sentimentos do homem não regenerado são totalmente depravados e desordenados. “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto” (Jr. 17:9). O Senhor Jesus afirmou solenemente que os sentimentos do homem caído (não regenerado) são a fonte de toda abominação: “Porque de dentro do coração do homem, é que procedem os maus desígnios, a prostituição, os furtos, os homicídios, os adultérios, a avareza, a malícia, o dolo, a lascívia, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura” (Mc. 7:21,22). Os sentimentos do homem natural estão miseravelmente deformados, ele é um monstro espiritual. O seu coração se encontra onde deveriam estar os seus pés, seguro ao chão; seus calcanhares estão levantados contra os Céus, para onde deveria estar posto o seu coração (At. 9:5). Sua face está voltada para o inferno; por isso Deus o chama para converter-se. Ele se alegra com o que deveria entristecê-lo, e se entristece com o que deveria alegrá-lo; se gloria com a vergonha, e se envergonha da sua glória; abomina o que deveria desejar, e deseja o que deveria abominar (Pv. 2:13-15) (extraído do Boston’s Fourfold State).

4) Sua incapacidade está na total perversão da sua vontade.
“O homem pode ser salvo se ele quiser”, dizem alguns. Nós então respondemos, “Nós todos cremos nisso; mas essa é que é a dificuldade — se ele quiser.” Nós afirmamos que nenhum homem deseja vir a Cristo por sua própria vontade; não, não somos nós que o dizemos, mas Cristo mesmo declara: “Contudo não quereis vir a mim para terdes vida” (Jo. 5:40); e enquanto esse “não quereis vir” estiver registrado nas Escrituras nós não podemos ser levados a crer em nenhuma doutrina do livre arbítrio. “É estranho como as pessoas, quando falam sobre livre arbítrio, falam de coisas das quais nada compreendem. Um diz “Ora, eu creio que o homem pode ser salvo ser ele quiser”. Mas essa não é toda a questão. O problema é: é o homem naturalmente disposto a se submeter aos termos do Evangelho de Cristo? Afirmamos, com autoridade bíblica, que a vontade humana é tão desesperadamente dada ao engano, tão depravada, e tão inclinada para tudo que é mau, e tão avessa a tudo aquilo que é bom, que sem a poderosa, sobrenatural e irresistível influência do Espírito Santo, nenhum homem nunca será constrangido a buscar a Cristo.” (C.H. Spurgeon).
“Há uma corda de três pontas contra o céu e a santidade, que não é fácil de ser rompida; um homem cego, uma vontade pervertida, e um sentimento desordenado. A mente, inchada pela vaidade, diz que o homem não deve se humilhar; a vontade, inimiga da vontade de Deus, diz: ele não quer; as emoções corrompidas levantando-se contra o Senhor, em defesa da vontade corrompida diz: ele não irá. Assim a pobre criatura permanece irredutível contra Deus, até o dia do Seu poder, quando é feito nova criatura” (Thomas Boston).
Pode ser que alguns leitores sejam inclinados a dizer: “ensinamentos como estes desencorajam pecadores e os levam ao desespero”. Nossa resposta é: primeiro, eles estão de acordo com a Palavra de Deus! Segundo, esperamos que Ele se agrade em usar essas verdades para levar alguns a desesperarem-se de qualquer ajuda que possam encontrar neles mesmos. Terceiro, esse ensino manifesta a absoluta necessidade da obra do Espírito Santo nessas criaturas depravadas e espiritualmente impotentes, se algum dia vierem salvificamente a Cristo. Então, até que isso seja claramente entendido, o Seu auxílio nunca será realmente buscado.




Soli Deo Gloria!

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Construindo histórias eternas...



Quem sou eu?


Quem é você?


O que move minha vida?


O que move sua vida?



Por mais que essas perguntas sejam curtas e aparentemente simples, as pretensas respostas sempre requerem ou implicam outras questões mais sérias, como experiências pessoais, bem como nossas convicções, princípios e objetivos de vida...

Não há neutralidade no ser humano... não há admissão de valores que sejam, ao mesmo tempo, múltiplos e antagônicos entre si... Não existe a possibilidade de viver sendo 8 e 80 simultaneamente, pois a balança sempre vai tender para um dos lados... Até mesmo quando nos esquivamos das situações ou possibilidades que nos deixam atônitos e desesperadamente inquietos quando buscamos essa "neutralidade", já estamos deixando de ser neutros, deixamos de ser "nem 8 nem 80"...

Bem... a vida humana é repleta de antagonismos e divergências, pois nós somos assim: imprecisos, inconstantes e divergentes... Gregório de Matos dizia que qualquer dos bens na natureza tinha "...sua firmeza somente na inconstância..."


Enfim, a única coisa constante em nós é a inconstância... Mas, se tudo o que podemos ser/ter por nós mesmos é inconstante, qual é o sentido/razão de tudo? Porque então nascemos? Porque vivemos? 

Como alguém que acredita em Deus e na Bíblia como Sua Palavra revelada, tenho uma resposta para isso: "...porque NELE vivemos, nos movemos e existimos, como também alguns dos vossos poetas disseram: somos também sua geração..." (Atos 17:28) 


Bem... eu também sou inconstante... minha vida por aqui é breve... como aproveitá-la então? 

Se acredito em Deus e na Bíblia, acredito na ETERNIDADE... Portanto, a melhor forma de aproveitar essa centelha de vida que tenho por aqui é ser parte de histórias eternas... É "...viver a eternidade no meu dia-a-dia..."

Daqui a 4 meses eu terei mais uma chance de cooperar com a construção de histórias eternas... PROJETO ITÁLIA 2012!






Seja parte disso você também!






Soli Deo Gloria!