sexta-feira, 29 de abril de 2011

O perfil dos vencedores de hoje --- Por Taís Machado

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Daniel Cohen é um economista, também professor da École Normale Supérieure, vice-presidente da École d’Économie de Paris e editorialista do jornal Le Monde. Mas, o que mais me impressiona é sua capacidade de falar sobre temas não tão simples, mas com uma linguagem apetitosa. Você o lê e compreende conceitos não tão básicos com certa facilidade e até fica com a sensação de que entende de economia.

Recentemente foi publicado no Brasil mais um de seus bons livros, e esse, mais atualizado (escreveu no ano passado) – "A Prosperidade do Vício". São artigos que nos convidam a uma reflexão mais profunda de nosso tempo.

Num dos capítulos ele questiona: “se a riqueza é um elemento importante do bem-estar, por que uma sociedade que enriquece parece fracassar em tornar seus membros mais felizes?”. E pondera: “Os franceses eram incomparavelmente mais ricos em 1975 do que em 1945, mas não eram mais felizes. Por que tanto desgosto? A resposta é simples. O bem-estar dos modernos não é proporcionado pelo nível de riqueza. Depende do seu crescimento, qualquer que seja o ponto de partida desta”. E salienta “um traço fundamental da sociedade moderna: seu apego ao crescimento”.

Interessante pensar a esse respeito no contexto brasileiro, com uma economia estável nos últimos anos e com perspectivas de crescimento maior. Os cidadãos estão mais vorazes? Apesar da tentativa do Governo de conter a euforia consumista de fim de ano, com aumento de juros, a fim de que a inflação não aumente de forma avassaladora, ainda assim percebemos as pessoas animadas em consumir mais.

Voltando aos comentários do Cohen, “o consumo é como uma droga. O consumo cria uma dependência. O prazer que proporciona é efêmero, mas o desespero é imenso quando nos vemos privados dele”. Entretanto, considera pesquisas recentes que apontam que “90% dos mais ricos respondem que são ou muitos felizes ou o suficiente, enquanto apenas 65% dos mais pobres respondem que o são. Aqueles que têm uma vida financeira mais folgada são sempre majoritariamente muito felizes”.

Como se explica isso? Nas palavras de Cohen trata-se de “um fenômeno simples e eterno: a inveja. Sentimos prazer em conquistar mais do que os outros. Marx já tinha feito essa observação: ‘Uma casa pode ser grande ou pequena, mas enquanto os vizinhos tiverem casas do mesmo tamanho isso não será um problema. Se alguém constrói um palácio do lado, essa casa se tornará minúscula’. Cada um tentará ultrapassar seus colegas ou amigos, aqueles que formam o ‘grupo de referência’ com o qual nos comparamos”.

Constata-se, assim, que mais do que acumular riquezas o que importa hoje é sentir-se superior ao próximo. Sente-se um vencedor quando se percebe na frente do outro, o esforço é ter e estar em vantagem em relação aos que o rodeiam. Parece que tudo o que importa é a competição nessa selva capitalista.

Pensar sobre o registro que Lucas faz no evangelho da história de Zaqueu me parece oportuno. Afinal, Zaqueu é um homem rico, em grande vantagem financeira em relação ao seu grupo de referência – seus irmãos judeus. Como chefe dos cobradores de impostos, não era bem quisto pelo seu próprio povo, contudo, preferiu ou agradou-se mais da opção de obter larga vantagem financeira, ainda que extorquindo seu próximo. Talvez a sensação de ser um “vencedor” por suas conquistas até ali lhe bastavam. Podia ser pequeno em estatura, mas era grande no poder que as riquezas lhe davam.

A curiosidade para saber quem era Jesus, para ver aquele que atraia multidões o fez subir numa árvore. E ali foi encontrado por Jesus. Depois desse encontro se tornou um novo homem, mudando radicalmente sua postura.

É interessante porque não temos detalhes da conversa que Jesus teve com ele enquanto ficou em sua casa. Mas vemos o efeito em sua vida. Espontaneamente ele diz: “Olha, Senhor! Estou dando a metade dos meus bens aos pobres; e se de alguém extorqui alguma coisa, devolverei quatro vezes mais” (Lc 19.8). E como Jesus reage diante de tal atitude? “Jesus lhe disse: ‘Hoje houve salvação nesta casa! Pois o Filho do homem veio buscar e salvar o que estava perdido’.” (Lc 19.9-10).

Ao que parece, segundo Jesus, a salvação se manifesta na vida das pessoas quando o arrependimento acontece, quando a consciência é ampliada, quando seus olhos interpretam a realidade de uma nova maneira, quando seu coração vê o que antes não via, quando o próximo não é mais seu competidor, mas alguém com quem você se torna solidário, te levando a doar, a devolver, a ajudar. Como diz Philip Yancey “Jesus me convida a abandonar o esforço competitivo. Convida-me a confiar na opinião de Deus a meu respeito, a única que vale afinal de contas”.

Jesus diz que sua vinda foi para buscar e salvar o perdido. Ele diz isso justamente para Zaqueu, cuja atitude prática evidenciava a descoberta de ter sido achado e salvo. Sim, precisamos ser salvos de nós mesmos.






Soli Deo Gloria! 

sexta-feira, 22 de abril de 2011

O motivo mais importante para o arrependimento --- Por Charles. H. Spurgeon

Olá, caros leitores...

Esse post é especialmente dedicado àqueles que precisam entender o real significado dessa semana, na qual a maioria das pessoas está atrás de coelhinhos e de ovos de chocolate (embora não haja nada de errado em gostar de chocolate, pois é muito bom!)

Enfim... a proposta deste texto é nos atrair Àquele que é a nossa Páscoa, como diz o Apóstolo Paulo:  "...pois Cristo, que é a nossa páscoa, foi sacrificado por nós..."

No mais, boa leitura!




“Olharão para aquele a quem traspassaram” (Zacarias 12.10).


O quebrantamento santo que faz um homem lamentar o seu pecado surge de uma operação divina. O homem caído não pode renovar seu próprio coração. O diamante pode mudar seu próprio estado para tornar-se maleável, ou o granito amolecer a si mesmo, transformando-se em argila? Somente aquele que estendeu os céus e lançou os fundamentos da terra pode formar e reformar o espírito do homem. 

O poder de fazer que da rocha de nossa natureza fluam rios de arrependimento não está na própria rocha. O poder jaz no onipotente Espírito de Deus... Quando Deus lida com a mente do homem, por meio de suas operações secretas e misteriosas, Ele a enche com uma nova vida, percepção e emoção. “Deus... me fez desmaiar o coração” (Jó 23.16), disse Jó. E, no melhor sentido, isso é verdade. O Espírito Santo nos torna maleáveis e nos tornamos receptíveis às suas impressões sagradas... Agora, quero abordar o âmago e a essência de nosso assunto.

O enternecimento do coração e o lamento pelo pecado são produzidos por olharmos, pela fé, para o Filho de Deus traspassado. A verdadeira tristeza pelo pecado não acontece sem o Espírito de Deus. Mas o Espírito de Deus não realiza essa tristeza sem levar-nos a olhar para Jesus crucificado. Não há verdadeiro lamento pelo pecado enquanto não vemos a Cristo... Ó alma, quando você chega a contemplar Aquele para quem todos deveriam olhar, Aquele que foi traspassado, então seus olhos começam a lamentar aquilo pelo que todos deveriam chorar — o pecado que imolou o seu Salvador!

Não há arrependimento salvífico sem a contemplação da cruz... O arrependimento evangélico é o único arrependimento aceitável. E a essência desse arrependimento é olhar para Aquele que foi moído pelos pecados... Observe isto: quando o Espírito Santo realmente opera, Ele leva a alma a olhar para Cristo. Nunca uma pessoa recebeu o Espírito de Deus para a salvação, sem que tenha recebido dEle o olhar para Cristo e o lamentar por seus pecados.

A fé e o arrependimento são gerados e prosperam juntos. Ninguém deve separar o que Deus uniu! Ninguém pode arrepender-se do pecado sem crer em Jesus, nem crer em Jesus sem arrepender-se do pecado. Olhe, então, com amor para Aquele que derramou seu sangue, na cruz, por você. Por meio desse olhar, você obterá perdão e quebrantamento. Quão admirável é o fato de que todos os nossos males podem ser curados por um único remédio: “Olhai para mim e sede salvos, vós, todos os limites da terra” (Is 45.22). Contudo, ninguém olhará para Cristo sem que o Espírito de Deus o incline a fazer isso. Ele não conduz uma pessoa à salvação, se ela não se rende às suas influências e não volve seu olhar para Jesus...

O olhar que nos abençoa, produzindo quebrantamento de coração, é o olhar para Jesus como Aquele que foi traspassado. Quero me demorar nisso por um momento. Não é somente o olhar para Jesus como Deus que afeta o coração, mas também olhar para este mesmo Senhor e Deus como Aquele que foi crucificado por nós. Vemos o Senhor traspassado, e, em seguida, inicia-se o traspassamento de nosso coração. Quando o Espírito Santo nos revela Jesus, os nossos pecados também começam a ser expostos...

Venham, almas queridas, vamos juntos à cruz, por um pouco, e notemos quem era Aquele que recebeu a lançada do soldado romano. Olhe para o seu lado e observe aquela terrível ferida que atingiu seu coração e desencadeou um duplo fluxo de sangue. O centurião disse: “Verdadeiramente este era Filho de Deus” (Mt 27.54). Aquele que, por natureza, é Deus e governa sobre tudo, sem o Qual “nada do que foi feito se fez” (Jo 1.3), tomou sobre Si mesmo nossa natureza e se tornou homem, como nós, mas não tinha qualquer mácula de pecado. E, vivendo em forma humana, foi obediente até à morte, morte de cruz. Foi Ele quem morreu! Ele, o único que possui a imortalidade, condescendeu em morrer! Ele, que era toda a glória e poder, sim, Ele morreu! Ele, que era toda a ternura e graça, sim, Ele morreu! Infinita bondade esteve pendurada na cruz! Beleza indescritível foi traspassada com uma lança! Essa tragédia excede todas as outras! Por mais perversa que tenha sido a ingratidão do homem em outros casos, a sua mais perversa ingratidão se expressou no caso de Jesus! Por mais horrível que tenha sido o ódio do homem contra a virtude, o seu ódio mais cruel foi manifestado contra Jesus! No caso de Jesus, o inferno superou todas as suas vilezas anteriores, clamando: “Este é o herdeiro; ora, vamos, matemo-lo” (Mt 21.38).

Deus habitou entre nós, e os homens não O aceitaram. Visto que o homem foi capaz de traspassar e matar o seu Deus, ele cometeu um pecado horrível. O homem matou o Senhor Jesus Cristo e O traspassou com uma lança! Nesse ato, o homem mostrou o que fariam com o próprio Eterno, se pudesse chegar até Ele. O homem é, no coração, assassino de Deus. Ele se alegria se Deus não existisse. Ele diz em seu coração: “Não há Deus” (Sl 14.1). Se a sua mão pudesse ir tão longe quanto o seu coração, Deus não existiria nem mesmo por mais uma hora. Isto dá ao traspassamento de nosso Senhor uma forte intensidade de pecado: foi o traspassamento de Deus.

Por quê? Por que razão o bom Deus foi assim perseguido? Oh! pelo amor de nosso Senhor Jesus Cristo, pela glória de sua Pessoa, pela perfeição de seu caráter, eu lhe peço — admire-se e envergonhe-se de que Ele foi traspassado! Não foi uma morte comum. Aquele assassinato não foi um crime comum. Ó homem, Aquele que foi traspassado com a lança era o seu Deus! Na cruz, contemple o seu Criador, o seu Benfeitor, o seu melhor Amigo!

Olhe firmemente para Aquele que foi traspassado e observe o Sofredor que é descrito na palavra “traspassado”. Nosso Senhor sofreu severa e terrivelmente. Não posso, em uma mensagem, descrever a história de seus sofrimentos — as tristezas de sua vida de pobreza e perseguição; as angústias do Getsêmani e do suor de sangue; as tristezas de seu abandono, traição e negação; as tristezas no palácio de Pilatos; os golpes de chicotes, o cuspe e o escárnio; as tristezas da cruz, com sua desonra e agonia... Nosso Senhor foi feito maldição por nós. A penalidade do pecado ou o que lhe era equivalente, Ele a suportou, “carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados” (1 Pe 2.24). “O castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados” (Is 53.5).

Irmãos, os sofrimentos de Jesus devem amolecer nosso coração! Nesta manhã, lamento o fato de que não me entristeço como deveria. Acuso a mim mesmo daquele endurecimento de coração que eu condeno, visto que posso contar-lhes essa história sem enternecimento de coração. Os sofrimentos de meu Senhor são indescritíveis. Examinem e verifiquem se já houve tristeza semelhante à de Jesus! A sua tristeza foi abismal e insondável... Se você considerar firmemente a Jesus traspassado por nossos pecados e tudo que isso significa, seu coração se dilatará! Mais cedo ou mais tarde, a cruz desenvolverá todo sentimento que você será capaz de produzir e lhe dará capacidade para mais. Quando o Espírito Santo põe a cruz no coração, o coração se dissolve em ternura... A dureza de coração desaparece quando, com profundo temor, contemplamos a Jesus sendo morto.

Devemos também observar quem foram os que traspassaram a Jesus. “Olharão para aquele a quem traspassaram.” Ambos os verbos se referem às mesmas pessoas. Nós matamos o Salvador, nós que olhamos para Ele e vivemos... No caso do Salvador, o pecado foi a causa de sua morte. O pecado O traspassou. O pecado de quem? Não foi o pecado dEle mesmo, pois Ele não tinha pecado, e nenhum engano se achou em seus lábios. Pilatos disse: “Não vejo neste homem crime algum” (Lc 23.4). Irmãos, o Messias foi morto, mas não por causa dEle mesmo. Nossos pecados mataram o Salvador. Ele sofreu porque não havia outra maneira de vindicar a justiça de Deus e de prover-nos um escape da condenação. A espada, que deveria cair sobre nós, foi despertada contra o Pastor do Senhor, contra o Homem que era o Companheiro de Jeová (Zc 13.7)... Se isso não quebranta nem amolece nosso coração, observemos por que Ele foi levado a uma posição em que poderia ser traspassado por nossos pecados. Foi o amor, poderoso amor, nada mais do que o amor, que O levou até à cruz. Nenhuma outra acusação Lhe pode ser atribuída, exceto esta: Ele era culpado de amor excessivo. Ele se colocou no caminho do traspassamento, porque resolvera salvar-nos... Ouviremos isso, pensaremos nisso, consideraremos isso e permaneceremos apáticos? Somos piores do que os brutos? Tudo que é humano abandonou a nossa humanidade? Se Deus, o Espírito Santo, está agindo agora, uma contemplação de Cristo derreterá o nosso coração de pedra...

Quero dizer-lhes ainda, ó amados: quanto mais olharmos para Jesus crucificado, tanto mais lamentaremos o nosso pecado. A reflexão crescente produzirá sensibilidade crescente. Desejo que olhem muito para Aquele que foi traspassado, para que odeiem cada vez mais o pecado. Livros que expõem a paixão de nosso Senhor e hinos que cantam a sua cruz sempre foram bastante queridos pelos crentes piedosos, por causa de sua influência sobre o coração e a consciência deles. Vivam no Calvário, amados, até que viver e amar se tornem a mesma coisa. Diria também: olhem para Aquele que foi traspassado, até que o coração de vocês seja traspassado.

Um antigo teólogo dizia: “Olhe para a cruz, até que tudo que está na cruz esteja em seu coração”. E acrescentou: “Olhe para Jesus, até que Ele olhe para você”. Olhem com firmeza para o sua Pessoa sofredora, até que Ele pareça estar volvendo sua cabeça e olhando para você, assim como o fez com Pedro, que saiu e chorou amargamente. Olhe para Jesus, até que você veja a si mesmo. Lamente por Ele, até que lamente por seu próprio pecado... Ele sofreu em lugar, em favor e em benefício de homens culpados. Isso é o evangelho. Não importa o que os outros preguem, “nós pregamos a Cristo crucificado” (1 Co 1.23). Sempre levaremos a cruz na vanguarda. A essência do evangelho é Cristo como substituto do pecador. Não evitamos falar sobre a doutrina do Segundo Advento, mas, antes e acima de tudo, pregamos Aquele que foi traspassado. Isso levará ao arrependimento evangélico, quando o Espírito de graça for derramado.




Soli Deo Gloria!

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Você já encontrou o que está procurando?

Caros leitores...

Considerando a passagem de uma das bandas de maior expressão na música mundial pelo Brasil (o U2), deixo a pergunta do título desta postagem como um objeto de reflexão para os que nos visitarem, concedendo um pouco de seu tempo para ler o que aparecer aqui...

Seguem a seguir alguns trechos da bela canção "I still haven't found what I'm looking for", a qual baseou o tema deste post...


Boa leitura!



"...Eu escalei as montanhas mais altas
Eu corri através dos campos
Só para estar com você...
Eu corri, eu rastejei
Eu escalei os muros da cidade
Estes muros da cidade
Só para estar com você...


Mas eu ainda não encontrei o que estou procurando...
[...]

Eu acredito na vinda do Reino
Então todas as cores
Irão filtrar-se em apenas uma
Mas sim, eu ainda estou correndo...

Você quebrou os laços, soltou as correntes
Você carregou a cruz
E a minha vergonha
Você sabe que eu acredito nisso..."






Não é suficiente apenas saber que Cristo carregou a cruz juntamente com nossa vergonha, é necessário entender as implicações disso... A Bíblia diz que devemos reconhecer que somos pecadores, que temos vivido de maneira errada em relação a Deus... Logo, devemos nos arrepender de nossos erros e reconhecer que Cristo morreu por nossos pecados e que Ele ressuscitou...
Bono diz que acredita na "...vinda do Reino..."; portanto, o Rei certamente está vivo!


 
E então... quem também acredita nisso???






Soli Deo Gloria!

terça-feira, 12 de abril de 2011

Radicalizando pelo Evangelho - adaptado de A. W. Tozer


A cruz de Cristo é a coisa mais revolucionária que já apareceu entre os homens.

Depois que Cristo ressurgiu dos mortos, os apóstolos saíram a pregar a Sua mensagem, e o que pregaram foi a cruz. E por onde quer que fossem pelo mundo, levavam a cruz, e o mesmo poder revolucionário ia com eles. A mensagem radical da cruz transformou Saulo de Tarso e o mudou de perseguidor dos cristãos em um terno crente e um apóstolo da fé. Seu poder mudou homens maus em bons. Sacudiu a longa escravidão do paganismo e alterou completa¬mente toda a perspectiva moral e mental do mundo ocidental.

Fez tudo isso, e continuou a fazê-lo enquanto se lhe permitiu permanecer como fora originalmente, uma cruz. Seu poder se foi quando foi mudado de uma coisa de morte para uma coisa de beleza. Quando os homens fizeram dela um símbolo, penduraram-na nos seus pescoços como ornamento ou fizeram o seu contorno diante dos seus rostos como um sinal mágico para protegê-los do mal, então ela veio a ser, na sua melhor expressão, um fraco emblema, e na pior, um inegável feitiço. Como tal. é hoje reverenciada por milhões que não sabem absolutamente nada do seu poder.

A cruz atinge os seus fins destruindo o modelo estabelecido, o da vítima, e criando outro modelo, o seu próprio. Assim, ela tem sempre o seu método. Vence derrotando o seu oponente e lhe impondo a sua vontade. Domina sempre. Nunca se compromete, nunca faz barganhas, nunca faz concessão, nunca cede um ponto por amor da paz. Não se preocupa com a paz; preocupa-se em dar fim à sua oposição tão depressa quanto possível.

Com perfeito conhecimento disso tudo, Cristo disse: “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me.” Assim a cruz não só põe fim à vida de Cristo; aqui termina também a primeira vida, a velha vida, de cada um dos Seus seguidores verdadeiros. Ela destrói o velho modelo, o modelo de Adão, na vida do crente, e lhe dá fim. Então o Deus que levantou a Cristo dos mortos levanta o crente, e uma nova vida começa.

Isto, e nada menos que isto, é o cristianismo verdadeiro, embora não possamos senão reconhecer a aguda divergência que há entre esta concepção e a sustentada pelo tipo comum de cristãos conservadores hoje. Mas não ousamos qualificar a nossa posição. A cruz ergue-se muito acima das opiniões dos homens e a essa cruz todas as opiniões terão que vir afinal para julgamento. Uma liderança superficial e mundana gostaria de modificar a cruz para agradar os religiosos maníacos por entretenimento que querem divertir-se até mesmo dentro do santuário; fazê-lo, porém, é cortejar a tragédia espiritual e arriscar-se à ira do Cordeiro feito Leão.

Temos que fazer alguma coisa quanto à cruz, e só podemos fazer uma destas duas: fugir ou morrer nela. E se formos tão temerários que fujamos, com esse ato estaremos pondo fora a fé vivida por nossos país e faremos do cristianismo uma coisa diferente do que é, neste caso, teremos deixado somente o vazio linguajar da salvação; o poder se irá juntamente com a nossa partida para longe da verdadeira cruz.

Se somos sábios, faremos o que Jesus fez: suportaremos a cruz e desprezaremos a sua vergonha pela alegria que está posta diante de nós. Fazer isso é submeter todo o esquema da nossa vida, para ser destruído e reconstruído no poder de uma vida que não se acabará mais. E veremos que é mais que poesia, mais que doce hinologia e elevado sentimento, a cruz cortará fundo as nossas vidas onde fere mais, não nos poupando nem a nós mesmos nem as nossas reputações cultivadas. Ela nos derrotará e porá fim às nossas vidas egoístas. Só então poderemos elevar-nos em plenitude de vida para estabelecer um padrão de vida totalmente novo, livre e cheio de boas obras.

A modificada atitude para com a cruz que vemos na ortodoxia moderna prova, não que Deus mudou, nem que Cristo afrouxou a Sua exigência de que levemos a cruz; em vez disto, significa que o cristianismo corrente desviou-se dos padrões do Novo Testamento. Para tão longe nos desviamos que nada menos que uma nova reforma restabelecerá a cruz em seu lugar certo na teologia e na vida da igreja. 





Soli Deo Gloria!

terça-feira, 5 de abril de 2011

Arte: aceitação e relacionamento - por Nelson Bomilcar

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"Se arte é expressão contínua de tornar conhecido o coração, a reação e a percepção do artista sobre a vida e a criação, temos um caminho infindável e inesgotável de uma proposta relacional. Portanto, é risco certo de ser ou não ser aceito."
Todo artista corre sérios riscos quando se propõe a dar forma estética e sonora de suas percepções acerca da vida e da criação. No tom, na cor, no som, na forma, no conteúdo, procura deixar expresso, claramente ou não, suas reações e mensagens diante dos estímulos que recebeu e acumulou em sua caminhada e história.
Isto me fascina na arte: o quanto podemos conhecer do coração e experiência cada artista e perceber como temos um elo em nossa humanidade. Vamos nos identificando com as emoções, as dúvidas, as inquietações, e as formas de apreciar, registrar e expressar a visão de mundo de cada um deles. Vamos descobrindo algo de sua história, de seus relacionamentos, de suas influências, de suas heranças familiares, de sua formação, de dramas vividos, de como se relaciona e interage com a criação, a cultura, as realidades sociais, e principalmente com as pessoas.
A arte demonstra também, o estado de espírito do artista. Claramente ou não, vamos percebendo as inquietações e as adequações do artista com o divino, e os inumeráveis mistérios da relação do finito com o infinito. Vamos nos integrando com a vida e existência dela, e também, de forma ambígua, em alguns casos, abstraindo-nos dela.
Arte é a expressão legítima de uma proposta de aceitação e de relacionamento entre seres humanos. Todo ser humano reflete e tem aptidões artísticas, melhores desenvolvidas ou não. Arte é o caminho de compartilhamento e da necessidade que temos de nos relacionar. Arte é caminho de construção e expressão de nossa espiritualidade. O Divino que desejou se revelar e também ser aceito por suas criaturas correu o risco.
Somos também criaturas tentando ser aceitas por outras criaturas, inclusive em nossas manifestações artísticas. Agostinho enfatizava que o ser humano sempre buscou a aceitação inconsciente ou não do Ser divino, e como conseqüência, do outro.
Percebo do Criador, na expressão de sua arte, um convite para um relacionamento numa apreciação adequada e amigável de que é Ele e fez, no Salmo 19:1-4: "Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras de suas mãos. Um dia discursa ao outro dia, e uma noite revela conhecimento a outra noite. Não há linguagem, nem há palavras, e deles não se ouve nenhum som; no entanto, por toda a terra se faz ouvir a sua voz, e as suas palavras até os confins do mundo".
Dia e noite buscam continuamente relacionamento com o outro dia e noite. Há o que dizer, o que se escutar, o que transmitir ao outro. O salmista deixa isto artisticamente claro em sua escrita. O tempo e a vida trazem os seus riscos em suas inteirações. É bom ainda, em dias tão difíceis e desafiadores, o viver correndo riscos, acolhendo o Criador, sua arte e projeto existencial para nós, seres humanos que somos em simplicidade, beleza e complexidade, ricas expressões criativas de sua Imago Dei, e que vem sendo restaurada pacientemente pelo Oleiro naqueles que estão em Cristo. Devemos correr o risco de fazer e expressar a arte!



Soli Deo Gloria!

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Assinatura do Criador...

Essa postagem é dedicada a todos os estudantes e amantes da mais linda das ciências, por meio da qual Ele, o Grande Artista das Moléculas, fez o Universo, como diz o escritor aos Hebreus a seguir:

"...Pela fé entendemos que o Universo foi criado pela palavra de Deus, de maneira que aquilo que se vê não foi feito do que é visível..." (Hebreus 11:3)

Além disso, lembremos que o primeiro milagre de Jesus registrado nos evangelhos  (João cap. 2) diz respeito à transformação da água em vinho... Tudo começou com a química... Enfim, boa leitura!

Os aminoácidos e os açúcares são constituintes básicos dos seres vivos. Os aminoácidos formam as proteínas, e os açúcares, os carboidratos. Quando nos aconselham a comer carne é porque precisamos de proteínas; logo, estamos comendo uma seqüência de aminoácidos. Certamente não será à mesa de refeições que os pesquisadores irão se satisfazer na eterna busca por explicações científicas para a origem da vida. Mas o professor Marcos Eberlin, do Instituto de Química (IQ) da Unicamp, acredita estar ajudando num passo importante em direção à definição da arquitetura química dos seres vivos.

Eberlin e sua equipe do Laboratório Thomson (do IQ) fazem parte de um projeto sobre homoquiralidade, iniciado a partir de experimentos de um aluno seu, Fábio Gozzo, e do professor Robert Graham Cooks, na Universidade de Purdue (EUA). Eles formam um grupo de cientistas que espera ter encontrado a resposta para um dilema iniciado há dois séculos por Louis Pasteur, depois de provar que os seres vivos nascem obrigatoriamente da própria espécie.

“Homo significa homogêneo e quiralidade é a propriedade que algumas moléculas têm de serem quase idênticas. Elas só diferem porque, num espaço tridimensional, uma aponta para a direita e outra para a esquerda, como se fossem nossas mãos espalmadas", afirma Eberlin. As chamadas moléculas quirais foram descobertas por Pasteur. Ao realizar experiências com o ácido tartárico, o químico francês observou no microscópio que eram na verdade dois cristais distintos e os separou. Todas as propriedades físicas e químicas eram as mesmas, exceto uma: quando se passava uma luz polarizada, um dos cristais desviava a luz para a direita e outro para a esquerda.

Parece complicado, e é. Por isso, o professor da Unicamp evita confundir o leitor com detalhes. Insiste apenas no fato de que, sintetizando essas moléculas em laboratório, se faz um conjunto, uma mistura das duas nas mesmas proporções: metade L (de levógeros, que são as moléculas canhotas) e metade D (de dextrógeros, as moléculas destras). Em tudo o que existe na natureza, elas deveriam sempre coexistir, se misturar.

“O surpreendente, quando olhamos o organismo humano, é que todos os aminoácidos são L, não temos nenhum D. Daí analisamos os açúcares, que também deveriam ter L e D, mas todos são D e nenhum L. Como explicar isso num mundo todo assimétrico, aquiral, onde sempre deveríamos encontrar uma mistura dos dois?", questiona Eberlin. Não existe (ou não existia) nenhuma explicação lógica, dentro da ciência, para que se privilegiasse uma dessas formas. Como explicar essa separação do D para os aminoácidos e do L para os açúcares na formação de seres vivos?

** ESPECTROMETRIA DE MASSAS

A espectrometria de massas é uma técnica de análise instrumental da química em que se visualiza com precisão o universo molecular. Foi por meio dela que as equipes de Marcos Eberlin e de Robert Cooks realizaram experimentos, detectando algo inédito: "Pegamos uma mistura L e D de um aminoácido e conseguimos colocar no L uma marca química, distinguindo-o do D. Depois, marcamos dois. Percebemos então que os L e D se agrupavam naturalmente: os D de um lado, formando uma estrutura cilíndrica, e os L para outro, formando outra estrutura cilíndrica. Foi bastante interessante, pois nunca se pensou que esse processo de separação pudesse ocorrer naturalmente", lembra Eberlin.

Era um arranjo geométrico tridimensional especial. Como ilustração, o pesquisador da Unicamp recorre às brincadeiras de roda: "Se alguém for brincar virado de costas ou dando as mãos invertidas, não vai se encaixar na roda. O mesmo se dá com os aminoácidos, que se agrupam porque a estrutura é como a de uma roda: somente aqueles que dão a mão corretamente se unem - somente os L (virados para a esquerda) ou os D (virados para a direita)".

O projeto na Unicamp sobre técnicas modernas em espectrometria de massas e suas aplicações em química e bioquímica conta com financiamento da Fapesp e, na Universidade de Purdue, da agência National Science Fundation (NSF). Eberlin ressalta que talvez se tenha proposto uma explicação apenas para o primeiro passo do processo de homoquiralidade dos seres vivos, de como separar naturalmente os aminoácidos. A segunda etapa, da seleção, possivelmente nunca será explicada na totalidade. Na mesma pesquisa, comprovou-se também a propagação desse processo de separação para outros aminoácidos, visto que o organismo não possui apenas um, mas vinte aminoácidos. "Quando nada se tem, o primeiro passo é extremamente importante", justifica.

** TEORIAS OBSCURAS

Na opinião do professor, todos que tentam explicar a homoquirogênese (a criação da homoquiralidade dos seres vivos) de certa forma usam teorias um tanto "obscuras", processos físicos como ação de luz polarizada, campo magnético da Terra e separação na superfície de cristais. "São teorias difíceis de provar ou contestar. São fundamentos meio esotéricos, como a de que os aminoácidos quirais teriam surgido em outro planeta e trazidos para a Terra por um cometa. Era uma questão mais de fé do que de razão, em que se acreditava ou não. Este é o primeiro mecanismo químico relacionado com a homoquiralidade e, conseqüentemente, com as teorias sobre a origem da vida."

Os cientistas, ao procurarem entender a arquitetura química dos seres vivos, adquirem maior conhecimento de nosso corpo, ampliando as condições de melhor cuidar dele, preconiza Marcos Eberlin. Como cristão, ele confessa: "Minha grande motivação para fazer ciência é entender como Deus cria as coisas, usando as próprias leis da química e da física. Se você perguntar a outro cientista, ele poderá dizer que procura entender como se dá a criação pela natureza. Para mim, esse processo de separação dos aminoácidos e açucares é uma marca, a 'assinatura química' que Deus deixou nos seres vivos."



Soli Deo Gloria!